Fazendas de MS recebem avaliação por plataforma de sustentabilidade das propriedades

Fazendas são analisadas por 56 indicadores que medem questões ambientais, socioculturais e econômicas - Foto: reprodução
Fazendas são analisadas por 56 indicadores que medem questões ambientais, socioculturais e econômicas - Foto: reprodução

A iniciativa é resultado da parceria da entre Pontes Pantaneira e Embrapa Pantanal

Preocupadas com a produção sustentável, oito propriedades rurais em Mato Grosso do Sul estão sendo avaliadas pelo Programa Fazenda Pantaneira Sustentável. A plataforma foi desenvolvida pela Embrapa Pantanal com o apoio da organização Pontes Pantaneiras, Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Instituto Smithsonian e Universidade Colégio de Londres. As fazendas são analisadas por 56 indicadores que medem questões ambientais, socioculturais e econômicas das propriedades.

Com quase 20 anos de atuação no Pantanal, o biólogo e representante da Pontes Pantaneiras, André Restel explicou durante entrevista ao Jornal O Estado, que o objetivo principal é valorizar a pecuária pantaneira e identificar as preocupações do setor.

“Os indicadores usados na Fazenda Pantaneira Sustentável garantem que a produção nas propriedades seja feita de uma maneira sustentável. A ideia é valorizar a pecuária pantaneira, e que através da plataforma se sistematize e consiga mostrar que essa pecuária que está no Pantanal a quase 300 anos, é a principal aptidão natural de conservar o ambiente”, ressaltou.

Ainda segundo pontuou Restel, hoje o Pantanal é formado por cerca de 80% de vegetação nativa, se tornando o bioma mais conservado do Brasil. A pecuária tem uma representação econômica fundamental em Mato Grosso do Sul, respondendo por mais de um quarto do valor bruto da produção agropecuária estadual. “É a atividade econômica que convive no Pantanal há quase três séculos”, frisa.

Na primeira fase do projeto em MS, foram realizadas quatro oficinas com os produtores rurais, tratando essas temáticas e culminando com a elaboração de um Plano de Colaboração para a Pecuária Sustentável no Pantanal, construído a partir da perspectiva daqueles que vivem e trabalham na região.

“A pecuária hoje é algo que acreditamos que vai manter o Pantanal conservado para as próximas gerações. A conservação através da pecuária, que é um pouco na contramão do que se faz nos outros biomas, essa é a nossa principal aposta”, reforça André Restel.

Projeto piloto em MT

A plataforma Fazenda Pantaneira, levou quase 15 anos para que pudesse ter indicadores baseados na ciência e que representassem o Pantanal todo. Atualmente a ferramenta é utilizada também em fazendas em Mato Grosso, pensado para que o produtor fosse recompensado com a produção sustentável realizada em sua propriedade.

“Em Mato Grosso a gente começou um piloto em 2019, com 15 propriedades. E hoje já é um programa onde trabalhamos junto com a Federação de Agricultura do Estado e o Senar do Mato Grosso. E hoje está em 77 propriedades dentro do programa, que utiliza a ferramenta”, calcula o especialista.

Em Mato Grosso do Sul, Fazenda Pantaneira Sustentável, teve inicio em fevereiro deste ano com o apoio do Pontes Pantaneiras. “O FPS vai nos trazer a certeza de comprovação de sustentabilidade no Mato Grosso do Sul. Com isso, avançamos mais um passo para trabalharmos em conjunto promovendo ações que vão valorizar a pecuária tradicional pantaneira”, finaliza Cristina Tófoli, coordenadora geral da coalizão Pontes Pantaneiras.

Para fazer essa medição, a ferramenta é abastecida com informações organizadas em três pilares de dimensão. No âmbito ambiental, são levadas em consideração as paisagem e conectividade, o habitat e a proteção. Já no econômico, são levados em consideração o bem-estar e manejo nutricional, desempenho produtivo e gestão. E por último, o sociocultural que vai aferir as questões de trabalho, qualidade de vida e valor cultural.

Pontes Pantaneiras

A coalizão Pontes Pantaneiras é fruto de articulações iniciadas em 2018 durante o workshop “Desenvolvimento de uma Rede de Conservação do Pantanal”, realizado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande. Na ocasião, os participantes – proprietários rurais, cientistas e ambientalistas – identificaram a necessidade de melhorar as articulações e os diálogos multissetoriais e amplamente participativos na busca da sustentabilidade.

Assim, a iniciativa vem consolidar os objetivos estabelecidos em 2018 e desde 2022 promove diálogo e intercâmbio de conhecimento dos diversos setores da sociedade e ações de conservação e sustentabilidade no Pantanal.

O time de técnicos foi cuidadosamente selecionado pelos membros das organizações e recebeu um treinamento teórico e prático na Fazenda Barranco Alto, em Aquidauana, durante uma semana. Os profissionais serão responsáveis por aplicar os questionários e fazer a avaliação das propriedades, para o abastecimento de informações no software.

Por Suzi Jarde e Gustavo Nascimento

 

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