Mesmo sendo referência, Santa Casa recebe menos por procedimentos realizados

Foto: Valentin Manieri/arquivo
Foto: Valentin Manieri/arquivo

Repactuação deveria elevar repasse para R$ 45 milhões, o que é relativamente mais barato que custo de outros hospitais

A contratualização de leitos entre a ABCG (Associação Beneficente Santa Casa de Campo Grande), a Prefeitura da Capital e o Governo de Mato Grosso do Sul expirou nesta terça-feira (30) e, conforme o processo movido pelo hospital contra ambos os entes, a repactuação do contrato deveria ser feita em conjunto com reajuste financeiro, acrescentando R$ 13,2 milhões ao valores pagos mensalmente para a instituição, totalizando um repasse de R$ 45,9 milhões.

Atualmente, a Santa Casa opera com um repasse de R$32 milhões, valor que não é atualizado desde 2023, quando o contrato de 2021 passou por revisão pela última vez. De acordo com o Ministério da Saúde, esta tabela serve como parâmetro para o financiamento dos hospitais que recebem verbas governamentais para as operações como procedimentos, medicamentos e demais materiais.

No entanto, mesmo que a Prefeitura e o Governo – que até o momento não deram sinais de irão negociar com o hospital, aceitem a quantia solicitada, o valor ainda não seria suficiente para atingir os patamares praticados em outras unidades hospitalares, como o Hospital Regional, que, em 2022, já recebia cerca de R$ 35 milhões mensais, mesmo sem ter todos os procedimentos de alta complexidade como os oferecidos pela Santa Casa.

De acordo com o diretor da entidade, Drº João Carlos Marchezan, o questionamento central não é a respeito dos valores repassados para outros hospitais, mas sim, em relação à defasagem da Tabela SUS, que é o valor obtido pela divisão da quantidade de procedimentos realizados pelo valor recebido por eles, ou seja, quanto mais operações feitas, seja de alta, média ou baixa complexidade, menos o hospital recebe por cada um dele, uma vez que os valores levados em consideração estão desatualizados.

Conforme o explicitado no processo judicial, o Hospital Regional de Campo Grande opera com 9,20 Tabelas SUS, já o Hospital Simioni Neto, em Ponta Porã, recebe 8,90 Tabelas SUS, enquanto a Santa Casa, unidade hospitalar de referência em todo o MS, opera com o um valor de 2,69 Tabelas SUS. Caso a recomposição fiscal fosse aceita, esse valor iria para 3,4 Tabelas SUS, o que ainda não o equipara a outras entidades filantrópicas, que costumam operar com 4 ou mais Tabelas SUS.

“No caso da Santa Casa, estávamos operando com R$ 33,7 milhões, o que dá uma média de 2,6, tabelas SUS, dependendo do mês. Já outros hospitais da rede, principalmente estadual, trabalham com oito ou 10 tabelas. Eu questiono porque tem essa diferença, mas ninguém responde, porque não há interesse nas filantrópicas”, afirmou Marchezan.

Ainda segundo o diretor da entidade ao não pagar a média praticada em outros hospitais, o funcionamento da entidade fica subfinanciado, uma vez que os valores repassados pela contratualização não acompanham a inflação nos custos de operação, salários e pagamentos de fornecedores.

“Tem hospitais que estão com nove tabelas e estamos pedindo apenas três, mas não chaga a quatro. Queremos o suficiente para pagar a despesa que eles nos dão. Temos que equilibrar a operação, porque não posso gastar R$ 40 milhões fazendo serviço para o poder público e ele me dar R$ 30 milhões”, destacou.

A reportagem entrou em contato com a SESAU (Secretaria Municipal de Saúde) e com a SES (Secretaria Estadual de Saúde de MS) questionando sobre as negociações para uma nova contratualização, no entanto, até o fechamento desta edição não obtivemos resposta.

Hospital realiza bazar beneficente para reforma do Pronto-Socorro

A Santa Casa de Campo Grande realizará nos dias 6 e 7 de outubro, das 8h às 18h, o Bazar do Desapego, no Armazém Santa Casa, localizado no andar térreo da instituição (Rua Eduardo Santos Pereira, nº 88). O evento beneficente tem como objetivo arrecadar recursos para a reforma do Pronto-Socorro, fortalecendo a capacidade de atendimento do hospital.

Organizado pelo grupo Madrinhas por Amor à Santa Casa, o bazar oferecerá roupas adulto e infantil, bolsas, sapatos, acessórios e itens de decoração, a preços acessíveis. As formas de pagamento incluem cartão de crédito, débito, PIX e dinheiro. Toda a renda será revertida para as obras de revitalização do Pronto-Socorro.

A população também pode contribuir com doações de itens novos ou seminovos, em boas condições. Os itens podem ser entregues até o dia 3 de outubro nos seguintes pontos de coleta: Maison Volpe, na Rua Antônio Maria Coelho, 3159; Santa Casa (SAC 24 horas); e Bazar das Embalagens, na Rua Barão de Ubá, 180, bairro Tiradentes.

Para a coordenadora da Comissão de Finanças, Maria Vilma Rotta, o bazar é uma oportunidade para a população se engajar em uma causa solidária e apoiar a reforma. “Esperamos que o bazar seja um sucesso. As roupas são de qualidade, o espaço está bonito e organizado, e cada pessoa pode escolher peças de acordo com seu gosto. Contamos com a participação de todos, seja doando ou adquirindo os itens”, afirma.

A presidente da Santa Casa, Alir Terra Lima, ressaltou a importância do engajamento com a comunidade e a sustentabilidade. “Esse bazar é uma forma de promover a moda circular, reduzindo resíduos e reutilizando peças e utensílios, alinhado à nossa política de lixo zero. Agradecemos às madrinhas pelo trabalho alegre e voltado ao bem-estar da população”, destacou.

Por Ana Clara Julião e Geane Beserra

 

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