A partir de 24 de setembro, o projeto oferece uma opção cultural acessível e de qualidade com curtas-metragens
A partir de 24 de setembro, o MIS (Museu da Imagem e do Som) traz uma novidade para o horário de almoço dos campo-grandenses: o Cine Meio Dia. Com sessões gratuitas de curtas-metragens de segunda a sexta-feira, das 12h às 13h30, o projeto oferece uma opção cultural acessível e de qualidade no meio da jornada de trabalho. A proposta é atrair um público diversificado e aproximá-lo da produção audiovisual, com uma seleção que inclui filmes de diferentes estilos e origens.
A programação da estreia será marcada por títulos que incluem produções regionais, nacionais e internacionais. Entre as obras selecionadas estão BMW Vermelho, uma comédia que narra o dilema de uma família que herdou um carro de luxo, e Les Garçons, um drama filmado em Corumbá (MS), que traz à tona questões de memória e identidade. Para os amantes de documentários, Chapéu do Meu Avô resgata a história de um dos últimos fabricantes de chapéus do Brasil e sua relação com a neta.
Com entrada gratuita, o Cine Meio Dia visa democratizar o acesso à arte cinematográfica e fomentar o interesse pelo cinema local e mundial. Realizado no Museu da Imagem e do Som, que fica no 3º andar do Memorial da Cultura e da Cidadania, o projeto também integra as atividades da 19ª Primavera dos Museus.

O Chapéu do meu Avô – Júlia Zákia/Divulgação
Diversão no almoço
O coordenador do Museu da Imagem e do Som (MIS), Márcio Veiga, explicou ao Jornal O Estado que o projeto “Cine Meio Dia” foi pensado para aproveitar o horário ocioso de muitas pessoas durante o intervalo de almoço. Com muitas pessoas dispondo de duas horas de almoço, o MIS, localizado em uma área central da cidade, decidiu abrir seu auditório para oferecer uma opção cultural acessível.
“A proposta é oferecer sessões com curtas-metragens regionais, nacionais e internacionais, em um ambiente climatizado e acolhedor. Além da possibilidade de assistir até cinco filmes por dia, a iniciativa reforça o papel do museu na democratização do acesso à cultura audiovisual, promovendo o contato do público com produções cinematográficas tanto locais quanto globais”, destaca o coordenador.
Segundo Márcio, o projeto tem o objetivo de ampliar o acesso e fortalecer a cadeia da produção audiovisual, o MIS tem buscado parcerias estratégicas com instituições e agentes culturais da região. Uma das frentes de atuação é o diálogo com a UFMS e o curso de Audiovisual, que reúne um número expressivo de acadêmicos e produtores em formação.
“Além disso, o museu tem retomado o contato com cineclubes, colegiados do setor e profissionais independentes, com a intenção de criar uma rede colaborativa em torno da difusão e da valorização do audiovisual. A proposta é transformar a apreciação cinematográfica em um hábito cultural contínuo, com o museu como ponto central dessa movimentação”, afirma Márcio.
A proposta do Cine Meio Dia é se consolidar como uma programação fixa no calendário cultural de Campo Grande, oferecendo sessões diárias de segunda a sexta-feira, sempre no horário de almoço. A ideia, segundo Márcio, é que o público já associe o período das 12h às 13h30 com a exibição de curtas-metragens no museu, criando um hábito cultural acessível e contínuo.
“A programação do Cine Meio Dia será variada, com filmes diferentes a cada dia e a possibilidade de reprises para os títulos mais bem recebidos pelo público. Paralelamente, o MIS também atua na implementação de outros projetos voltados à difusão audiovisual, reforçando seu compromisso em manter o espaço ativo, com propostas consistentes e de qualidade, sempre direcionadas à valorização da cultura cinematográfica “, reforça.

Les Garçons – Foto: Carol Simurro/Divulgação
Produções Regionais
O Cine Meio Dia traz ao público uma programação variada e enriquecedora, com destaque para produções locais de Mato Grosso do Sul. Entre os curtas-metragens exibidos, “Les Garçons” se destaca como uma obra profunda e com grande carga emocional, especialmente por ser filmado em Corumbá. Dirigido por Bruno Nishino e Marco Calábria, este filme, lançado em junho deste ano, mistura a estética do teatro com a linguagem cinematográfica, oferecendo ao público uma experiência reflexiva e tocante. O roteiro, assinado por Breno Moroni, é inspirado na peça teatral homônima e explora temas como a perda, a espera e os sentimentos de ausência.
Ambientado em um restaurante francês decadente, o filme apresenta uma história que transita entre passado e presente. O ‘maître’, interpretado por um personagem idoso, espera ansiosamente por um jantar que nunca acontece, enquanto o jovem garçom, por outro lado, encara o trabalho apenas como uma obrigação passageira.
A atmosfera melancólica e introspectiva do filme conduz os espectadores por uma viagem emocional, onde os personagens lidam com questões de memória e arrependimentos. A produção foi cuidadosamente adaptada para o cinema, mantendo a essência da peça teatral de 2004, que contou com a atuação do ator português Francisco Adam, que faleceu logo após sua estreia, tornando o filme uma homenagem póstuma a ele.
A história de Les Garçons é também um tributo pessoal do roteirista Breno Moroni à sua mãe, que, em seu estado terminal, pediu uma última refeição. Esse momento de grande intensidade emocional inspirou a criação tanto da peça quanto do filme, tornando a obra ainda mais tocante.
“Para mim, o filme vai além de uma simples adaptação. Ele é, na verdade, uma homenagem afetiva ao ator Francisco Adam também e, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre a ausência, a memória e os laços que, mesmo na falta, permanecem vivos. Les Garçons é uma obra cinematográfica que provoca uma reflexão profunda sobre o tempo, as perdas e a memória, tornando-se, sem dúvida, uma das atrações imperdíveis no Cine Meio-Dia do MIS”, finaliza Breno para a reportagem.
Serviço: De 24 a 26 de setembro, o Museu da Imagem e do Som (MIS) recebe a mostra Cine Meio Dia, dentro da programação da 19ª Primavera dos Museus. Os filmes serão exibidos das 12h às 13h30, com entrada gratuita, no MIS, localizado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559.
Amanda Ferreira