Moradores do Pantanal expõem desafios da região em cartas a ministros durante “Missão Brasília”

No encontro foram expostos os principais desafios enfrentados pelas comunidades - Foto: Divulgação/Ecoa
No encontro foram expostos os principais desafios enfrentados pelas comunidades - Foto: Divulgação/Ecoa
Grupo formado por 12 pessoas ainda pediu que ministra se atente para a circulação de onças em áreas urbanas
Reivindicando medidas para o desenvolvimento sustentável e preservação do bioma pantaneiro, um grupo de moradores da região esteve reunido com a ministra do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Marina Silva, e com o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula. O encontro aconteceu na quinta-feira (24), na Capital Federal, no que foi denominada “Missão Brasília”, oportunidade em que expuseram os principais desafios enfrentados pelas comunidades tradicionais e ribeirinhas de MS.
Ao todo, os líderes comunitários escreveram três cartas com as principais demandas, duas destinadas à Marina Silva e uma a André de Paula. Na primeira, para a ministra do Meio Ambiente, os representantes e líderes comunitários explicaram a necessidade de criar a  Reserva de Desenvolvimento Sustentável no território da comunidade Barra do rio São Lourenço, localizada na divisa entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
De acordo com os representantes, que incluíram no documento um abaixo-assinado feito anteriormente com os moradores da região que concordam com a reivindicação, a área precisa de uma proteção especial por meio da criação de uma RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) para garantir que o território seja alcançado por políticas públicas de proteção e de fomento da economia local.
“Nos últimos tempos, nossas dificuldades têm sido a cada dia maiores, principalmente devido às mudanças no clima que trouxe secas e aos incêndios como nunca tivemos antes. As bases de sobrevivência da comunidade – pesca artesanal, coleta de iscas-vivas, artesanato e cultivos de subsistência – estão abaladas. […] precisamos adquirir condições para manejar conjuntamente o território, atraindo apoios para o nosso desenvolvimento conjunto e de cada família através da criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável”, apelam as lideranças do território.
Em outra carta, também para Marina Silva, o grupo expôs a situação vivida pelos moradores de Corumbá e Ladário, que estão precisando lidar com o aparecimento de onças nas áreas urbanas. À ministra, eles explicam que a convivência com a vida selvagem sempre foi feita de maneira pacífica, mas os animais estão se comportando de maneira diferente e acreditam que isso também tenha relação com as grandes queimadas que aconteceram no Pantanal ano passado.
“Antes dessa situação de secas recorrentes e incêndios tínhamos uma situação de convivência relativamente pacífica, sem que sentíssemos a ameaça, principalmente para as crianças, da aproximação dos animais. Hoje entendemos que são necessárias pesquisas específicas para identificar causas e propor medidas de monitoramento, protetivas e educacionais”, afirmam.
O grupo pede que o Ministério do Meio Ambiente lidere um grupo de pesquisas com o Ibama (Instituto Brasileira do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis), ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biologia), Polícia Ambiental, universidades e Embrapa Pantanal para que se busque uma solução para o problema que está sendo enfrentado atualmente pelos moradores das duas cidades.
Já na carta para o ministro André de Paula, as lideranças fizeram um apelo quanto à proibição da pesca de algumas espécies MS, incluindo o dourado, que está com a captura restrita até março de 2027.
Para as lideranças pantaneiras, a proibição não tem base científica e foi feita sob o falso pretexto de “proteção ambiental”, no entanto, está prejudicando a economia e a subsistência das comunidades ribeirinhas, que vivem da pesca artesanal e da modalidade turística.
De acordo com os moradores que dependem desta atividade econômica, a pesca não é a principal ameaça para a reprodução dos peixes, mas sim, a construção de barragens, a agricultura e uso de agrotóxicos, bem como o desmatamento e incêndios de grandes proporções registrados atualmente.
“Nos dirigimos à senhora ministra e ao senhor ministro por saber que é fundamental a presença dos ministérios e dos setores econômicos do turismo para tratar dos problemas mais imediatos e propor um amplo programa de desenvolvimento da atividade em bases sustentáveis”, afirmaram.

 

Ana Clara Santos 

 

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