Sérgio Longen teve reunião com secretária-executiva do MDIC e CNI
O presidente da Fiems, Sérgio Longen, defendeu a prorrogação por 90 dias da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre todos os produtos brasileiros exportados ao país, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. A proposta busca evitar prejuízos imediatos à indústria nacional, dando tempo para que haja negociação e articulação diplomática.
O tema foi tratado em reunião realizada no início desta semana, em Brasília, com a participação do presidente da Fiems, Sérgio Longen, da secretária-executiva do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Tatiana Prazeres, do presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Ricardo Alban, e de presidentes de federações das indústrias.
Segundo Longen, diversos setores já começaram a suspender exportações, temendo que os produtos cheguem aos Estados Unidos após o início da vigência da tarifa e sejam automaticamente sobretaxados. “Isso compromete a produtividade de diversos segmentos e pode gerar impactos econômicos em todo o país. Por isso, pedimos que o Decreto de Reciprocidade não fosse publicado e que o Brasil buscasse diálogo, em vez de confronto”, afirmou.
Apesar da solicitação, o decreto foi publicado na terça-feira (15). “Agora nós estamos aguardando o desenrolar. Teremos uma nova reunião hoje pela tarde tentando buscar a condição de termos mais prazos de negociação e, desta forma, destravando as exportações já pré-agendadas”, finalizou.
Representantes do setor juntamente com o presidente da CNI (Confederação Nacional Da Indústria), Ricardo Alban alinharam que: “O prazo é considerado essencial para que a indústria brasileira possa analisar de forma mais aprofundada os efeitos da medida, além de buscar soluções diplomáticas para evitar perdas mais amplas”, informa a nota.
A estimativa preliminar apresentada durante a reunião aponta para uma possível perda de pelo menos 110 mil postos de trabalho, caso a medida entre em vigor nos termos anunciados, além de forte impacto negativo no PIB.
A reunião contou também com a participação da secretária de Comércio Exterior do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), Tatiana Lacerda Prazeres. A secretária de Comércio Exterior do MDIC assegurou que as ponderações serão encaminhadas ao governo.
Agro e indústria unem esforços
A Federação da Agricultura e Pecuário do Estado também enxerga com grande preocupação a suspensão dos embarques de carne bovina de Mato Grosso do Sul. Conforme avaliação do presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, o mercado norte-americano possuiu alta relevância na balança comercial do Estado.
“A interrupção das vendas pode representar prejuízos econômicos imediatos, comprometendo a estabilidade e impactando nos preços do mercado da pecuária.
Além da carne bovina, outro produto de relevância é a celulose, com 341 mil toneladas exportadas em 2024, sob um valor de mais de US$ 213 milhões”, diz nota enviada ao jornal O Estado.
No primeiro semestre de 2025, o país já importou 31,04 mil toneladas de carne bovina de MS, o que corresponde a US$ 152,9 milhões — cerca de 19% do total exportado de todos os produtos por Mato grosso do Sul nesse período.
“Portanto, o “tarifaço” do Trump e seus desdobramentos vão impactar um conjunto amplo de cadeias produtivas relevantes para a economia de MS. Dessa maneira, o setor produtivo pede uma articulação diplomática inteligente por parte do governo brasileiro, a fim de se reverter a situação grave que está posta”, conclui a nota.
Por Suzi Jarde