Pedro Chaves
Acompanho com muito carinho e otimismo o processo em construção do Corredor Bioceânico que ligará o Brasil aos portos marítimos do Chile diminuindo a viagem em torno de 8 dias até a Ásia. Concretamente são 14 mil quilômetros a menos considerando o caminho pelo Atlântico, usado atualmente, até chegar a China.
A ideia de se chegar ao mundo asiático por meio dos portos do Chile passando por Mato Grosso do Sul, Paraguai e Argentina não é nova. Há décadas que essa proposta vem sendo discutida em vários fóruns e no Congresso Nacional. Eu tive a oportunidade de debater esse assunto, muitas vezes, em Brasília e em Mato Grosso do Sul. Aliás, quando exerci o mandato de senador fiz imenso esforço para que o assunto ganhasse mais velocidade.
Uma obra muito importante para que esse corredor vire realidade é a construção da ponte entre Porto Murtinho e Carmelo Peralta no Paraguai. Eu liderei uma Comissão do Senado que esteve com o governo Federal tratando do assunto. Felizmente tivemos sucesso. Proposta de minha autoria foi aprovada no senado Federal e garantiu recursos da ordem de R$ 270 milhões para a construção da referida. A Itaipu Binacional também entrará na empreitada com uma parcela de R$ 270 milhões. A ponte terá 680 metros e deverá ser entregue em 2023.
O debate sobre o Corredor Bioceânico priorizava fundamentalmente o processo de exportação de comodities. Por essa rota, claro, nossas mercadorias chegarão ao destino asiático mais baratas e rápida. Mas estudos recentes mostram que que essa iniciativa pode ser fundamental para o turismo de Mato Grosso do Sul e toda extensão por onde passa a rodovia. Ao longo dos seus 2,4 mil quilômetros existem sítios históricos, comunidades e paisagens como a do Chaco paraguaio, a sub-região montanhosa e rica de Salta, além da Cordilheira dos Andes e o deserto de Atacama, no Chile.
Esse novo caminho vai permitir que o Brasil receba, por Mato Grosso do Sul, milhares de turistas do Paraguai, da Argentina, do Chile e de outros países que desejam conhecer as riquezas naturais do estado. De Mato Grosso do Sul eles podem seguir viagem para o Nordeste e outras Regiões com imensa economia de tempo.
Há a possibilidade real do turista entrar e sair do Brasil por Mato Grosso do Sul usando como suporte rodoviário as cidades de Campo Grande e Porto Murtinho. Essa é uma notícia alvissareira. Temos todas as condições de triplicar rapidamente a quantidade de turistas no estado. Há imensa vocação para essa atividade. Bonito e o Pantanal, por exemplo, estão entre as grandes maravilhas do mundo.
Assim, nessa perspectiva, fiquei contente com a reunião que aconteceu em Campo Grande com o Ministro das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson, técnicos do governo de Mato Grosso do Sul, pesquisadores de universidades e investidores que desejam acelerar o desenvolvimento do turismo ao longo do corredor.
Ademais, informo que participei na companhia do governador Reinaldo Azambuja, em Brasília, na semana passada, de uma reunião com os embaixadores da Associação das Nações do Sudeste Asiático. Na oportunidade o Ministro João Carlos Parkinson, do Brasil, apresentou o projeto da Rota Bioceânica ou Corredor Bioceânico como essa estrada também é conhecida.
A expectativa dos representantes do sudeste asiático como a nova rota é imensa. A nossa também. Que logo ela se torne realidade.
* O autor da publicação é economista, educador, empresário e Secretário de Estado do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.