Investigação do MP expõe “ascensão política” de Claudinho Serra
Segundo informações levantadas durante a investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), o ex-secretário e ex-vereador, Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho, o “Claudinho Serra” (PSDB), fazia parte de um esquema para assumir a pasta de Finanças em Sidrolândia, integrando um grupo fraudulento antes mesmo de tomar posse. Além disso, as apurações apontam crescimento acima de 100% na renda do acusado em curto período de tempo.
A Ascensão de Claudinho ao cargo de Secretário de Finanças da gestão da sua sogra, Vanda Camilo, também teria sido articulada pelo grupo. Ele se candidatou ao cargo de vereador de Campo Grande em 2020 ficando como suplente, até assumir na Câmara Municipal em maio de 2023 na vaga deixada pelo vereador João Rocha (PSDB), que se licenciou para assumir a vaga de de secretário municipal de Governo e Relações Institucionais.
Em março de 2024 Claudinho assumiu definitivamente a vaga de vereador em razão da renúncia de Ademir Santana que saiu para integrar a coordenação da campanha do deputado federal “Beto Pereira”.
Mas antes disso, em 2021 ele foi empossado diretor-presidente da Fundação Municipal de Esportes de Campo Grande (Funesp). Logo depois foi nomeado pela sogra para o cargo de secretário de Finanças de Sidrolândia. A nomeação foi alvo de denúncia ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul que abriu investigação. Em março de 2022. Em setembro, a 3ª Promotoria de Justiça recomendou a exoneração.
A investigação que desencadeou a 4ª Fase da Operação Tromper levantou conversas em aplicativo de mensagens indicando a existência de um esquema correlacionado à ascensão de Claudinho Serra como Secretário de Administração e Finança. No dia 15/03/2022, 13 dias após a nomeação, o empresário Ueverton da Silva Macedo transferiu via PIX o valor de R$ 20.000,00 para a conta de Carmo Name, braço direito de Claudinho. Depois, utilizando a conta da esposa, Ueverton transfere R$15.000,00 para Carmo Name seguido de mais R$ 15.000,00 de uma terceira conta. Ueverton é empresário, envolvido no esquema por influência sobre diversas empresas que atuavam em licitações em Sidrolândia.
Já nas declarações de imposto de renda, os valores de Claudinho Serra iam aumentando, em 2021 o salário do ex-parlamentar saiu de R$ 87.128,81 para 311.019,00, um aumento de 38%. Já no final de 2021 para o final de 2022, ano em que assumiu a Secretaria de Finanças em Sidrolândia, o salto na renda declara foi de 141,19%, saindo de R$ 439.126,05 para R$ 750.145,05.
Operação Tromper – 4ª fase
Claudinho Serra, que já estava sob medida cautelar, foi alvo de mandados de prisão e busca e apreensão no dia 5 de junho deste ano, apontado como chefe da organização criminosa investigada na Operação Tromper por corrupção na Prefeitura de Sidrolândia, que era comandada por um grupo fraudulento em funcionamento desde o ano de 2017.
A investigação do Gaeco destacou que Serra montou uma equipe para fraudes, sendo mencionado como ‘chefe’ por demais envolvidos nos esquemas. Claudinho Serra autorizava a licitação e compartilhava informações privilegiadas com integrantes do núcleo empresarial envolvido.
Entre outras acusações, o MPMS apontou diversas inconsistências patrimoniais e financeiras de mesmo após ordem judicial de bloqueio. Em 9 de maio de 2024, foi encontrado saldo de apenas R$ 410,62 na conta do ex-vereador, valor incompatível com sua remuneração mensal, estimada em R$ 18 mil, e com seu padrão de vida.
Além disso, despesas pessoais e familiares, incluindo festas, parcelas de lotes registrados em seu nome e compras de luxo, foram pagas por terceiros, como Carmo Name, que usava contas de outras pessoas para sacar e transferir dinheiro para essas despesas
O MP entendeu que não havia possibilidade de continuidade em liberdade com medida cautelar e requereu a prisão preventiva de Cláudio Serra Filho, Carmo Name Júnior e Cleiton Nonato Correia. O juízo acatou o pedido, determinando a prisão dos investigados.
A defesa de Claudinho Serra estuda o pedido de liberdade. O advogado Tiago Bunning declarou que inicialmente entrará com um pedido de revogação da prisão para o juiz de primeira instância e depois, possivelmente um habeas corpus para o Tribunal de Justiça.