Após 10 dias, Grupo da Polícia Civil classifica boletins represados na DEAM

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Após 10 dias de intensos trabalhos, o GT (Grupo de Trabalho) criado para combater crimes contra as mulheres em Mato Grosso do Sul já apresenta avanços significativos nas investigações e no aprimoramento da estrutura da DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). O vice-governador José Carlos Barbosa, o Barbosinha, esteve na sexta-feira (28) na ACADEPOL (Academia de Polícia Civil) para conhecer de perto as ações realizadas até o momento.

Criado em 19 de fevereiro, o GT, coordenado pelos delegados Márcio Rogério Faria Custódio e Maria de Lourdes Cano, tem como missão acelerar a investigação dos crimes de violência doméstica e garantir mais eficiência no atendimento às vítimas. Durante sua visita, Barbosinha destacou a importância do trabalho integrado para agilizar o processo e melhorar o apoio oferecido às mulheres em situação de risco.

“Nosso primeiro passo foi realizar um diagnóstico detalhado, avaliando os boletins de ocorrência, e identificando onde as melhorias podem ser feitas, seja em termos de tecnologia, pessoal ou estrutura. Agora, vamos continuar estreitando a colaboração com as diversas instituições do sistema de Justiça, além dos órgãos municipais e federais, para otimizar as respostas às vítimas”, explicou o vice-governador.

Grupo de Trabalho formado por delegados e policiais experientes deve solucionar mais de 6.000 boletins de ocorrência. As ações que serão implementadas visam aprimorar o atendimento às mulheres vítimas de violência e agilizar a apuração dos casos. A entrevista ocorre no contexto da criação do GT, que tem a missão de revisar milhares de boletins de ocorrência parados na DEAM e trazer mais celeridade às investigações.

De acordo com o delegado Márcio Rogério, os esforços estão concentrados em duas frentes principais: reduzir o passivo acumulado, priorizando os casos mais urgentes, e aperfeiçoar o gerenciamento de risco para garantir uma resposta imediata para as vítimas mais vulneráveis. Uma das principais medidas adotadas foi a implementação de novas ferramentas tecnológicas, que visam acelerar a triagem e otimizar as investigações, garantindo que os casos sejam analisados com mais rapidez e precisão.

“A ideia é diminuir o tempo de resposta, priorizando as situações de maior risco, e, ao mesmo tempo, investir em tecnologia para garantir que a triagem e as investigações sejam mais eficientes”, afirmou o delegado Márcio.

Já a delegada Maria de Lourdes Cano ressaltou que todos os boletins de ocorrência estão sendo minuciosamente revisados, sem exceção, para garantir o encaminhamento adequado dos casos ao Poder Judiciário. “Nosso objetivo é que todas as vítimas recebam a proteção devida e que os responsáveis pelos crimes sejam responsabilizados de maneira ágil. Estamos priorizando a celeridade para que nenhuma mulher fique desamparada e que os agressores sejam afastados da sociedade”, disse a delegada.

MS já registra 5 feminicídios neste ano

No entanto, apesar dos esforços, o estado enfrenta uma realidade alarmante: já são cinco feminicídios em menos de um mês. O primeiro caso foi registrado em Caarapó, no dia 1º de fevereiro, quando o ex-companheiro de Karin Corin, de 29 anos, assassinou a jovem e também a amiga dela, Aline Rodrigues, de 32 anos.

O segundo caso aconteceu no dia 18 de fevereiro, em Sidrolândia, quando a indígena Juliana Dominguez, de 28 anos, foi morta a golpes de foice, supostamente pelo companheiro da vítima, que fugiu após o crime. A morte da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, em Campo Grande, gerou repercussão no estado, principalmente porque a vítima havia solicitado uma medida protetiva contra o ex-noivo, Caio Nascimento, poucas horas antes de ser brutalmente assassinada, em 12 de fevereiro.

O quarto caso ocorreu em Água Clara, em 22 de fevereiro, quando Mirieli Santos, de 26 anos, foi baleada pelo ex-marido. O suspeito chegou a levar a vítima ao hospital, mas fugiu em seguida. A defesa do acusado alega que o tiro foi acidental. O mais recente feminicídio ocorreu em Campo Grande, com a morte de Emiliana, cujo corpo foi encontrado no dia 24 de fevereiro, em uma quitinete. A investigação aponta indícios de que a mulher foi esganada.

Esses casos reforçam a urgência do trabalho desenvolvido pelo GT, que segue com prazos apertados para reduzir o passivo acumulado e garantir mais rapidez no atendimento às vítimas.

O GT tem até 90 dias para apresentar resultados mais concretos, mas os primeiros passos já mostram que a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul está focada em melhorar o atendimento às mulheres vítimas de violência e aprimorar a rede de proteção. Com o aumento da violência, a pressão para que ações efetivas sejam tomadas não poderia ser maior.

Por Suelen Morales

 

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