Demanda por ar-condicionado cresce com onda de calor, mas setor enfrenta desafios

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Empresas lidam com escassez de mão de obra, impacto dos juros e adaptação a um mercado cada vez mais competitivo

Em meio às altas temperaturas que marcam o verão brasileiro, a produção de aparelhos de ar-condicionado deve crescer 15% neste ano, conforme projeção do Departamento Nacional do Comércio e Distribuição da Abrava (Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento). Apesar do crescimento, desafios como a escassez de mão de obra especializada e os juros altos seguem impactando o setor.

À reportagem, Rodinei Schmitt, proprietário da Clima Teck, empresa de ar-condicionado na Capital, reforça que o aumento da demanda tem sido gradativo. “Em primeiro lugar, o ar-condicionado deixou de ser visto como luxo e passou a ser necessidade, seja em residências, comércios ou indústrias. Hoje, as pessoas buscam mais conforto e qualidade, especialmente na hora de dormir”, comenta.

De acordo com ele, os preços também estão mais acessíveis em comparação a anos anteriores. Essa realidade se reflete em números da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus): em 2024, a produção de aparelhos split superou 6 milhões de unidades, crescimento superior a 50% em relação a 2023. “Embora tenha havido valorizações no passado, hoje o consumidor encontra equipamentos mais baratos, o que democratiza o acesso”, explica Rodinei.

Por outro lado, a escassez de mão de obra especializada para instalação tem sido um gargalo significativo. “A dificuldade é geral, mas no setor de ar-condicionado o problema é agravado. Muitos trabalhadores adquirem conhecimento básico e, em pouco tempo, tornam-se autônomos, o que acaba gerando um mercado saturado e menos qualificado”, relata. Rodinei também destaca que cursos de curta duração não são suficientes para suprir a demanda por profissionais qualificados, resultando em clientes insatisfeitos devido à falta de suporte adequado.

Outro desafio apontado é a influência da taxa de juros e da restrição de crédito. “Como grande parte dos aparelhos é importada, seus preços são dolarizados. Apesar disso, ainda não sentimos o impacto direto dos juros nas vendas, mas é algo que deve ser observado no futuro”, afirma. Segundo dados da Fipe/Buscapé, os preços de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores caíram 6,4% e 4,6%, respectivamente, em janeiro, comparado ao mesmo período de 2024.

No que diz respeito à produção nacional, Rodinei observa que a logística permanece estável. “Os componentes continuam sendo importados principalmente da China e da Coreia. Houve problemas pontuais em Manaus, ligados à crise hídrica, mas de forma geral a situação segue equilibrada”, detalha.

Para atender à crescente demanda, a Clima Teck tem apostado em soluções que aliam tecnologia e eficiência energética. “Nós nos especializamos em sistemas mais robustos, como os comerciais e industriais, com foco em automação e redução do consumo de energia. Nosso diferencial é entregar algo que impacte positivamente na conta de luz do cliente”, explica.

Com sensações térmicas que podem atingir até 70°C em algumas regiões do país, a expectativa é que o mercado continue aquecido. Segundo Toríbio Rolon, presidente do Departamento Nacional do Comércio e Distribuição da Abrava, a demanda por equipamentos dependerá fortemente do comportamento climático. “Tivemos um ano com muito calor, mas as chuvas atenuaram a sensação térmica. A produção deve se ajustar conforme o clima”, pontua.

Por Djeneffer Cordoba

 

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