Livro será lançado na terça-feira (28) na Casa de Cultura
No próximo dia 28 de janeiro, a Casa de Cultura de Campo Grande será o cenário preferido para os amantes da arte e da história local: o lançamento do livro “Urban Sketchers – Volume 2”. Com início marcado para às 19h, a publicação traz 108 ilustrações feitas por 24 artistas locais, que registram de forma sensível e detalhada a paisagem urbana da capital sul-mato-grossense. O evento comemora não apenas a arte, mas também a cidade e seu patrimônio, oferecendo à população a oportunidade de redescobrir Campo Grande por meio dos olhos de quem a observa e a desenha.
O livro é o resultado de um trabalho coletivo do grupo USK (Urban Sketchers) de Campo Grande, uma comunidade de artistas que, desde 2019, se reúne mensalmente para desenhar em locais históricos e culturais da cidade. A primeira edição do livro, lançada em 2021, já havia sido um marco para o movimento, mas o “Volume 2” vem para expandir ainda mais esse olhar sobre a cidade, agregando seis anos de encontros e desenhos, entre 2019 e 2024.
Os coordenadores do Urban Sketchers de Campo Grande são profissionais de diversas áreas, mas todos compartilham o amor pela arte e pela cidade. Beatriz Meneghini, Júlia Ohara e Márcia Ribeiro são arquitetas, enquanto Júlio Guerra é zootecnista e Fabricio Martins, artista visual e aquarelista, coordena o grupo com uma visão criativa e técnica.
Todos são naturais de Mato Grosso do Sul e residentes de Campo Grande, e têm contribuído para o crescimento do movimento, que integra uma rede mundial de Urban Sketchers, segmentada por países e regiões.
Manifesto em arte e arquitetura
O USK CG foi fundado em 2019, alinhando-se ao manifesto mundial criado em 2007 por Gabriel Campanário, em Seattle, Estados Unidos, que propõe a prática do desenho urbano como forma de registrar a vida nas cidades. Desde sua criação, o grupo tem se dedicado a registrar, por meio de ilustrações, os cenários urbanos e culturais de Campo Grande.
Em 2021, o grupo lançou o volume 1 do livro, com a realização do IAB MS( Instituto de Arquitetos do Brasil de Mato Grosso do Sul) e o patrocínio do CAU MS (Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso do Sul). O sucesso dessa primeira edição abriu caminho para a realização do “Urban Sketchers – Volume 2”, que, assim como o anterior, só foi possível ao apoio do CAU MS, por meio do edital nº 001/2024.
Fabricio Martins, coordenador do grupo e um dos principais artistas envolvidos no projeto, explicou em entrevista que a ideia inicial do USK foi resgatar, por meio da arte, as cenas cotidianas e as paisagens que passam muitas vezes despercebidas.
“Queremos mostrar a Campo Grande com o olhar do desenhista, cheio de emoção e detalhes que muitas vezes passam despercebidos. O livro é um presente para a cidade e uma forma de eternizar o que observamos e vivemos nesses encontros”, conta.
Beatriz Meneghini, também coordenadora do USK CG e arquiteta, destacou a importância de projetos como este para a valorização do patrimônio urbano e a construção de uma memória coletiva. “Cada desenho é um registro histórico, cultural e artístico. É uma maneira de conectar as pessoas com a cidade, revivendo suas memórias e refletindo sobre seu futuro”, relata.
A seleção dos 24 artistas locais para o livro seguiu um processo colaborativo e de livre adesão, que é uma característica fundamental do grupo. Qualquer pessoa pode participar dos encontros e das sessões de desenho organizadas pelo USK CG, desde que cumpra duas exigências: os desenhos devem ser feitos “in loco”, ou seja, no próprio local, e devem ser fiéis à cena observada.
Dessa forma, a participação na publicação também foi aberta a todos os membros do grupo, sem curadoria específica, mas sempre com o foco na qualidade do trabalho e no compromisso com a autenticidade dos registros. A organização do livro ficou a cargo dos cinco coordenadores do grupo, que foram responsáveis por compilar as obras e garantir a coesão da publicação.
Diversidade de locais
Com 74 encontros registrados, o livro traz uma rica diversidade de cenários e locais que representam o patrimônio cultural de Campo Grande. Entre os principais pontos retratados estão a Morada dos Baís, a Praça Ary Coelho, a Esplanada Ferroviária, a Feira Central e diversas igrejas históricas, como a de São Benedito e a de São Francisco. Os desenhos, feitos, capturam a essência de cada lugar, revelando detalhes que muitas vezes passam despercebidos pelas pessoas que caminham apressadas pela cidade.
“Uma das várias formas de capturar essa essência é a observação dos detalhes, que muitas vezes não são notados pelas pessoas que passam naquele local em meio a sua correria diária. E enquanto observamos e desenhamos, temos a sutileza de observar esses detalhes que fazem de Campo Grande a cidade que é, para que eles sejam eternizados na arte e sejam observados futuramente”, relata Fabricio.
A importância da arte urbana, como explica Fabricio Martins, vai muito além de simplesmente retratar um lugar. Ela possui a capacidade única de registrar e preservar, por meio de um olhar atento e poético, espaços que estão em risco de desaparecer ou de sofrer alterações que possam comprometer sua identidade.
“Selecionamos principalmente patrimônios tombados, seja em nível municipal, estadual ou federal, ou, ainda, locais não tombados, mas de grande relevância histórica ou arquitetônica, que correm o risco de ser descaracterizados”, explica Fabricio.
Ele também destaca que o grupo se dedica a ilustrar imóveis que ainda não foram tombados ou que estão prestes a ser demolidos, além de bens tombados que enfrentam problemas de segurança ou necessitam de reparos urgentes. “Monumentos recém-restaurados, por exemplo, também são foco do nosso trabalho, como uma forma de apoio ao restauro. E, claro, quando algum imóvel ganha destaque na mídia local por qualquer motivo, o grupo também se dedica a registrá-lo”, completa. Além desses critérios, o grupo também desenha em locais quando recebe convites específicos para tal, ampliando o alcance e a diversidade de seus registros.
A publicação é distribuída gratuitamente. O livro conta com o apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso do Sul (CAU/MS), através do edital de patrocínio nº 001/2024, e tem o prefácio escrito pela doutora Maria Augusta de Castilho, renomada historiadora e pesquisadora da arte urbana.
O lançamento do livro será, portanto, uma celebração da arte urbana e do patrimônio da cidade. Durante o evento, os artistas terão a oportunidade de compartilhar com o público suas inspirações e processos criativos. Além dos desenhos, o livro inclui um pequeno texto informativo sobre o patrimônio retratado, tornando-se, assim, não apenas uma obra de arte visual, mas também uma fonte de pesquisa.
Serviço
O lançamento do livro Urban Sketchers – Volume 2 acontecerá no dia 28 de janeiro de 2025, às 19h, na Casa de Cultura de Campo Grande. O evento é gratuito, e o livro será distribuído sem custo algum, com a venda sendo expressamente proibida. A publicação conta com o patrocínio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso do Sul .
Por Amanda Ferreira
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