Músico campo-grandense comemora aniversário em Londres com festival de música em apoio à causa indígena, arrecadando doações
Prepare-se para a última grande festa do ano! No sábado, 28 de dezembro, a partir das 4 pm, o Temple of Art Music em Londres se transforma em um epicentro de ritmos e boas causas com o London Brasil Music Fest. Organizado pelo músico Luis Ávila, o festival é uma celebração de seu aniversário e uma explosão de sons que misturam Blues Rock, Samba, MPB e Forró.
O evento contará com apresentações de artistas renomados e convidados especiais, como Mazza, Crazy Rooster, Rod Rivers, Pamela Fom, Chris Zainotte, e Seu Zepp, além, claro, do próprio Luis Ávila. A festa, marcada para ser o ponto alto da temporada, não só promete um line-up incrível, mas também reforça o compromisso com a solidariedade. Todos os fundos arrecadados serão destinados a ajuda humanitária para as comunidades indígenas Guarani-Kaiowá.
Durante o evento, serão arrecadadas doações em dinheiro, que serão encaminhadas para o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), uma organização não governamental que atua na defesa dos direitos indígenas no Brasil. O CIMI foi recomendado por indígenas e pessoas ligadas à comunidade, sendo reconhecido como uma instituição confiável que garante que as doações cheguem diretamente às aldeias.
O dinheiro arrecadado será destinado à compra de itens essenciais, como alimentos, roupas e calçados, para uma aldeia Guarani-Kaiowá próxima a Dourados, no Mato Grosso do Sul. O objetivo é que, se as doações forem suficientes, o apoio chegue nas aldeias, proporcionando alívio e dignidade para os povos indígenas que enfrentam grandes desafios.
Além da Música
Luis Ávila, músico e organizador do London Brasil Music Fest, relata que, em Campo Grande, sua cidade natal, sempre teve facilidade para realizar eventos, devido ao seu reconhecimento e à rede de contatos que construiu ao longo de sua carreira. “Era um local onde eu tinha bastante acesso, por vários anos de carreira. Muitas pessoas me conheciam e eu tinha as portas abertas com mais facilidade”, explica para a reportagem.
Ao se mudar para Londres, ele sentiu que precisou recomeçar do zero. Com o tempo e dedicação, começou a ter as mesmas oportunidades e acessos que possuía em Campo Grande, incluindo uma boa relação com o proprietário da TAM (Temple of Art Music), local onde realiza o evento beneficente.
Luis já havia promovido um evento similar no meio do ano, quando arrecadou fundos para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Agora, com a oportunidade de celebrar seu aniversário na Inglaterra, decidiu manter a tradição de reunir amigos e músicos em prol de uma causa social. A causa escolhida para essa edição é a dos Guarani-Kaiowá, indígenas do Mato Grosso do Sul, que enfrentam graves problemas como pobreza, fome e exclusão social.
“Eu sempre estive envolvido com causas sociais, desde pequeno, com a influência dos meus pais, que faziam parte da Sociedade São Vicente de Paulo, ajudando os mais necessitados. Já fiz trabalho com a CUFA em Campo Grande, ajudando famílias da favela, e pude ver o poder das redes sociais em mobilizar as pessoas para uma boa causa. A causa indígena é algo que me tocou profundamente, vendo os verdadeiros donos da terra sendo perseguidos, massacrados e ainda passando por dificuldades extremas”, afirma.
Embora esteja distante, Luis acredita que o evento possa dar visibilidade à luta dos povos indígenas e inspirar outros a se solidarizarem com a causa. “Mesmo de longe, estou fazendo o que posso. Quem sabe isso motive mais pessoas a também se envolverem e a serem mais solidárias com os indígenas”.
O evento, reunirá uma variedade de estilos musicais, refletindo a diversidade cultural de Londres, berço do blues. “Aqui o blues renasceu nos anos 60, com nomes como Eric Clapton e os Rolling Stones. Então, o festival terá blues, rock e até música brasileira, com a participação de artistas como o Rodrivers, da cena musical de Campo Grande”, afirma Ávila.
O festival também contará com a participação de Pâmela Fon, uma talentosa cantora de forró que tem ganhado destaque na comunidade brasileira da cidade, e de outros músicos locais. “A música brasileira vai estar presente, com samba, MPB, e até o pop-rock dos anos 80 e 90”, completa o músico.
O evento em Londres não é apenas uma festa de aniversário, mas uma oportunidade de ampliar a conscientização sobre as dificuldades enfrentadas pelos povos indígenas. “Quero que as pessoas vejam o que está acontecendo no Mato Grosso do Sul e, quem sabe, essa visibilidade possa ajudar na luta pelos direitos indígenas”, conclui Ávila.
CIMI
O Cimi ( Conselho Indigenista Missionário), fundado em 1972, é um organismo vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) com o objetivo de atuar de forma missionária e profética junto aos povos indígenas. Criado no contexto da Ditadura Militar, o Cimi surgiu como uma resposta à política de integração forçada dos indígenas à sociedade majoritária e aos projetos de infraestrutura que ameaçavam suas terras e culturas. Em sua missão, o Cimi buscou promover a articulação entre as diversas aldeias indígenas e os primeiros movimentos de luta pela garantia dos direitos à diversidade cultural e à autodeterminação dos povos indígenas.
Com uma prática voltada para a justiça social e o respeito à pluralidade étnico-cultural dos povos indígenas, o Cimi adota princípios fundamentais como a valorização dos conhecimentos tradicionais indígenas e o protagonismo desses povos em suas lutas por direitos históricos. Seu trabalho se caracteriza pela denúncia das estruturas de dominação e violência que afetam as comunidades indígenas, e pela promoção do diálogo intercultural, inter-religioso e ecumênico. O Cimi acredita que os povos indígenas, com sua rica herança cultural e profunda conexão com a natureza, oferecem uma visão crítica e alternativa para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e igualitária.
Estruturalmente, o Cimi está organizado em 11 regionais que cobrem as cinco regiões do Brasil, além de um Secretariado Nacional em Brasília. Cada regional possui uma equipe de missionários e colaboradores que atuam de maneira autônoma, apoiando e coordenando o trabalho nas áreas indígenas. O Cimi conta com cerca de 171 missionários, leigos e religiosos, além de funcionários e assessores especializados nas áreas jurídica, de comunicação e antropológica. Juntas, essas equipes desempenham um papel essencial na defesa dos direitos indígenas e na articulação de alianças entre os povos indígenas e outros setores populares, com o objetivo de promover um mundo mais justo e harmonioso.
Serviço
O evento será realizado no Temple of Art Music, localizado na 42 Newington Causeway, Londres, Inglaterra, SE1 6DR. Pessoas tanto em Londres quanto no Brasil podem contribuir com doações em dinheiro para o Conselho Indigenista Missionário por meio do Pix, utilizando o CNPJ: 00.479.105/0002-56.
Amanda Ferreira
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