Prefeito garante responsabilidade mesmo com ‘pressão política’
Sessão da reabertura de trabalho na Câmara tem protesto por asfalto e avaliação sobre desenvolvimento da Capital
Já sob a temperatura política, de um ano de eleição, vereadores tiveram, nesta segunda-feira (3), a sessão inaugural, que faz a abertura dos trabalhos da Câmara Municipal em 2020. Com a presença do prefeito Marquinhos Trad, o plenário lotado teve aplausos, protestos e, sobretudo, mesmo que abafada por uma ‘pressão política pontual’, uma ressalva a importância do planejamento na gestão pública e respeito a limites do orçamento.
“Por conta de situações de Brasília, com mudanças na Presidência da República, e ajustes, não se captou o quanto gostaríamos de recursos, mas, mesmo assim, se buscou muito e está se buscando. Campo Grande asfaltou 120 quilômetros de vias recentemente e, para 2020, temos como objetivo asfaltar mais 200. Essa é uma realidade muito melhor que a da maioria das cidades pois não há recurso sobrando em nenhum lugar. Das 239 emendas apresentadas no orçamento deste ano, aproximadamente um terço foi referente a asfalto, o que é uma demanda alta”, citou o prefeito Marquinhos Trad, que, durante o seu discurso na tribuna chegou a ser interrompido por um morador do Jardim Botafogo, na região leste de Campo Grande.
“Foi aprovado e não tem o asfalto? Como assim? Essa obra nos foi prometida, e outros locais receberam o asfalto, porque lá não?”, gritou no plenário o recepcionista. Ariovaldo Ribeiro de Oliveira, que junto com mais nove pessoas cobravam, com faixas, asfalto novo e drenagem para via como a Rua Ana Luiza de Louza e outras sete. Segundo o grupo, o Executivo está ciente da reivindicação e garantia para 2020, o andamento de providências.
Convite para viagem e transparência total sobre dificuldade em pauta cobrada
Apesar da intercorrência, Marquinhos demonstrou atenção e preocupação com os manifestantes. O prefeito evitou o início de um bate-boca e ainda chegou a ser aplaudido, enfatizando que já foi ‘reprotocolizado’ em Brasília o projeto para a benfeitoria nessa área e que convidava cinco integrantes do protesto para se formar uma comissão, voltada ao caso. A oferta incluiu também a ida para a capital federal onde eles visitariam ministérios e veriam o trabalho da Prefeitura de Campo Grande para que a obra fosse realizada o quanto antes, já que há um prazo de lei até o final de abril para que situações assim sejam autorizadas.
“Se fosse asfaltado tudo que se pediu, fecharíamos o ano com um déficit de R$ 144 milhões. Isso não quer dizer que não vai fazer, só apenas que não dá para fazer tudo com o dinheiro do Tesouro. Para realizar a gente depende de parcerias, da vinda de recursos federais, de ajuda do Governo do Estado e de termos as contas equilibradas. É essa a linha adotada desde 2017 e seguiremos assim, com respeito ao planejamento, com muito esforço político para que as demandas sejam resolvidas”, explica o Secretário Municipal de Finanças e Planejamento da Prefeitura da Capital, Pedro Pedrossian Neto.
Pouco antes do prefeito discursar, que falou na tribuna foi o presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), Waldir Neves, que lembrou a restrição atual do orçamento público, em qualquer esfera, e da “necessidade absoluta” de se trabalhar com uma equipe eminentemente técnica nas prefeituras, com base sempre na responsabilidade. “Nosso papel tem sido muito mais que punir, o de orientar. A gestão tem que se preparar para realizar, e ponderar cada gasto público. Porque o dinheiro perdido, ou mal gasto é muito dificil de se recuperar depois. É realmente hoje mais escasso.
Vereadores admitem período diferente à vista e garantem ‘blindagem’ quanto às eleições
Possivelmente pré-candidatos à reeleição, ou até nomes cotados para concorrerem a vice, ou quem sabe a prefeito neste ano, na Câmara, o discurso pela harmonia e adiamento do assunto ‘eleições’ ainda impera. Na sessão inaugural, o Jornal O Estado ouviu alguns dos edis, a respeito da expectativa para o ano e do dilema que representa manter a sequência de uma filosofia de trabalho, no ano que os parlamentares terão que se submeter a uma avaliação popular nas urnas se forem para a disputa do voto.
“Esses homens e mulheres têm se debruçado nos projetos encaminhados, que são ferramentas importantes para o prefeito fazer o trabalho que vem fazendo na cidade, de recuperação, de resgate de cidadania. Nesta Casa, os vereadores têm cuidado dessa cidade como cuidam da sua casa. É nossa obrigação, nossa responsabilidade. Nunca nos furtamos de cumprir os nossos compromissos e vamos seguir assim”, falou o presidente da Casa de Leis, João Rocha (PSDB), quanto ao propósito vigente para o ano. Ele é um dos lembrados para indicação de vice em chapa majoritária, o que seria inédito em uma carreira de três mandatos de vereador.
Chiquinho Telles (PSD), líder do prefeito na Câmara falou da relevância de preservação da harmonia entre os Poderes. “Sem a boa sintonia entre o Legislativo e o Executivo nada de bom acontece. E, até agora conseguimos esse ótimo ambiente, que já deu bons frutos para Campo Grande e deve ajudar ainda mais se for mantido”, falou.
João Cesar Mattogrosso (PSDB), sobre a retomada das sessões legislativas, também ressaltou que seja necessário manter o mesmo ritmo de trabalho e a harmonia política. Ele deu um recado ainda para quem deseje alguma cadeira da Câmara em 2021. “Aqueles que querem entrar nessa Casa, que façam isso por um debate positivo e verdadeiro. Com boas ideias e sem ataques pessoais a quem hoje exerce esse mandato para o povo”, citou.
Betinho (PRB), por sua vez, mostrou otimismo com referência a 2020. Isso se a boa relação entre os edis e do Legislativo com o Executivo for mantida. “A cidade merece o melhor, e não importa se for em um ano com eleição, ou sem. Temos o papel, de suma importância, em levar adiante demandas populares, que são muitas, graças, inclusive ao nosso trabalho. Manter o foco é prioridade, independente dos projetos pessoais de cada um”, disse.
André Salineiro (PSDB), o mais bem votado entre os 29, no ano de 2016, e que, já no primeiro mandato é um dos cotados a concorrer a prefeito relata também que a ‘política de eleição’ não pode atrapalhar ‘a política do mandato’. “O povo escolhe a pessoa para representá-lo bem, e pelo período que significa o compromisso estabelecido. Infelizmente, a cada dois anos tem eleição, e, na minha opinião, bem como a de muita gente, deveria ser a cada quatro anos. Com isso, gastaria menos e também a reforma política aconteceria sem timidez”, expressou.
(Texto: Danilo Galvão)