Hoje é celebrado o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos

Quatro quadrinistas revelam suas opiniões sobre o cenário e o prazer do ofício de ilustrar em quadros

Angelo Agostini é o nome a quem se designa o título de “a primeira história em quadrinhos brasileira publicada”, quando nesse dia – em 1869 – foi apresentado “As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte”, que continha vários elementos que caracterizam os quadrinhos: de ser publicada em sequência, conter um personagem fixo e com enquadramentos verdadeiramente cinematográficos. Até hoje a arte nesse formato é consumida e disseminada por todo o globo, não deixando de conquistar seus adeptos apaixonados também na nossa Cidade Morena, como nos contam os quadrinistas Wanick Corrêa (que assina dois livros ao lado da esposa Priscila Muniz), Anderson Barboza, Emmanuel Merlotti e Norberto Liberator Neto.

“Pra mim hoje, com dois livros em quadrinhos publicados, em Campo Grande – vendo a aceitação das pessoas que nem mesmo liam um livro sequer – eu fico muito feliz, mas longe de estar satisfeito. História em quadrinhos pra mim é o meio no qual transmito a minha mensagem, uma mensagem que às vezes é superficial, outras vezes está nas camadas da narrativa”, explica Wanick Corrêa, coautor de “Detalhes” e  “Amor Sobre Rodas”.

Para ele, que compõem suas obras ao lado de Pri Muniz, o quadrinista conta: “Eu e minha esposa nós fazemos isso juntos, contamos nossas histórias, nossos sentimentos e experiências. Colocamos no papel o que nos torna humanos: as emoções”, aponta Wanick.

Para o quadrinista Anderson Barboza, que ilustra uma nova fase do quadrinho “Perfect Cheese” – que apresenta Cheese, um rato sonhador que acredita ser um guerreiro Viking buscando o Queijo Perfeito –, o artista fala que: “O ser humano precisa de histórias. O mundo real é cruel e cheio de medos, problemas, contas a pagar, violência, doenças, e muitos outros motivos que nos fazem nos preocupar diariamente”.

“Então as histórias, a ficção é necessária para desenvolver uma catarse, vivermos aquilo que não podemos viver, por causa das nossas rotinas diárias. Gosto de contar histórias porque é o momento em que me liberto das amarras e responsabilidades rotineiras. Trazendo humor, aventura e toques filosóficos por meio do meu personagem”, complementa Anderson.

Da cena independente, Anderson pontua: “Quando comecei eu percebi que havia muita gente talentosa no Estado que ainda estava escondida, desconhecida do público, sem mostrar seu trabalho. Eu era um desses, aí comecei a desenvolver minhas tirinhas. Desde então vejo que está surgindo muita gente boa com um trabalho bem interessante”.

“Embora ainda não tenhamos nenhum tipo de incentivo financeiro, ou alguma editora interessada em produzir. Cada um publicando ou por meio de processos de incentivo à cultura ou do próprio bolso. Mas posso dizer que a cena dos quadrinhos sul-mato-grossenses está começando a tomar forma”, destaca o quadrinista.

Para Emmanuel, que no mês de maio lança a nova HQ “Lázaros Hunter”: “As histórias em quadrinhos são as primeiras boas lembranças da minha infância, elas talvez sejam a melhor fase dela inclusive! Acredito que sem os quadrinhos eu não aprenderia virtudes como integridade, honestidade caridade”.

“Me considero um sujeito de sorte por trabalhar com quadrinhos, mesmo que no momento esteja trabalhando como autor nacional independente! Mesmo que eu tenha pretensões financeiras de viver só do ofício de quadrinhos! Eu também me motivo a continuar nessa carreira, única e exclusivamente por amar demais esse universo”, comenta Emmanuel.

Jornalista, Norberto, que fez seu TCC no formato HQ, fala que ilustrar quadrinhos: “Significa minha grande paixão. Era a primeira profissão que eu sonhava em ter quando criança e, depois de um tempo, achei que era algo quase impossível de se seguir e hoje em dia faço quadrinhos… não vivo exatamente disso, mas pretendo”.

De sua vontade para a cena de Campo Grande, o jornalista deseja: “Que cada vez mais as pessoas levem a sério a profissão do quadrinista, ou quem está trabalhando para ter esse ofício. Porque é algo que demanda muito trabalho, dedicação e muito estudo. Às vezes, vendo o resultado acabado, não temos noção do quanto o cara se empenhou para fazer aquilo. Também espero que acabe um pouco a visão que as pessoas têm de que quadrinhos são uma coisa só para quando se é criança ou adolescente. Não, existem quadrinhos para todos os públicos, desde crianças em fase de alfabetização até adultos”, faz questão de ressaltar Norberto.

Especificamente para Campo Grande, o autor espera que: “O mercado se abra cada vez mais, porque bons profissionais não faltam. Na cidade temos excelentes quadrinistas que, inclusive, infelizmente primeiro têm reconhecimento fora para então serem levados a sério em sua cidade”.

Serviço

Você encontra os quadrinistas: @emmanuelcaricaturas; @wanick.correa; @andersonbarboza e @libeilustra no Instagram, além da nova fase de “Perfect Cheese” no site andersonwebart.wixsite.com/perfectcheese.

Confira alguns dos trabalhos:

(Texto: Leo Ribeiro)

* Material republicado às 11h20 desta quinta-feira, 30 de janeiro

 

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