Professores e administrativos de escolas públicas, alunos, apoiadores e cerca de 30 sindicatos de Campo Grande aderiram ontem (13) a paralisação nacional contra a reforma da previdência e cortes de verbas para educação. A ação levou aproximadamente 4 mil manifestantes para a praça Ary Coelho. E ainda, das 292 escolas públicas de Campo Grande, aproximadamente 200 não tiveram aula, segundo as instituições que representam os professores.
O Presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), Jaime Teixeira, afirmou que os cortes na educação é um grande prejuízo que afeta todos os níveis escolares. “Com esse último corte agora que passou de R$1 bilhão somado ao longo do ano, são R$7 bilhões que foram retirados da educação pública, isso atrasa a universidade, atrasa a educação básica, atrasa a educação infantil. Esses cortes vão atrasar por mais uma década a universalização da educação básica no Brasil”, garantiu.
Ana Maria, de 38 anos, é professora e trabalha há 16 anos na rede municipal. Ela é contra a reforma e acredita que os cortes de verba pode precarizar a educação básica. “A reforma da previdência afeta diretamente os profissionais poque acaba com aposentadoria especial, a aposentaria especial era 25 anos em sala, hoje não existe mais isso. E o contingenciamento de verba, isso atinge diretamente o trabalho que a gente presta ao filhos dos trabalhadores. Aqui, nós temos uma situação a nível estadual, a redução do salários dos professores convocados e efetivos e a nível municipal, a retirada dos profissionais que trabalhavam com a criança inclusa em sala de aula”, declarou.
A ACP (Sindicato Campo- -Grandense dos Profissionais da Educação Pública) também participou da paralisação em defesa da escola pública, inclusive a instituição fez uma passeata no centro. Os manifestantes saíram da sede do sindicato, passaram em frente a prefeitura e seguiram para a praça Ary Coelho, onde os quase quatro mil associados, conforme o presidente, Fotos: Valentin Manieri Lucílio Nobre, se juntaram aos outros manifestantes.
“Nós passamos pela prefeitura para deixar um recado para o prefeito, Marquinhos Trad, de que ele não mexa com os nossos direitos e que tudo que ele for fazer relativo a educação, que ele debata com a categoria. Teve um aumento de 11 para 14 na alíquota, não ouve debate preliminar conosco, teve a retirada dos APEs [auxiliares de educacional especializado], nós falávamos para ele que a retirada assim de forma bruta ia implicar na qualidade de ensino”, assegurou.
Presidente de sindicato acaba detido durante protesto
O presidente do Sisem (Sindicato dos Servidores Municipais de Campo Grande), Marcos Tabosa, foi detido durante o protesto que era feito em frente à prefeitura da Capital. Segundo informações da Guarda Municipal, a equipe que fazia a segurança da sede da prefeitura pediu que ele diminuísse o barulho emitido pelo carro de som, mas o sindicalista teria desobedecido a ordem e desacatou os servidores. Segundo o boletim de ocorrência, a manifestação estava atrapalhando as pessoas que frequentam o Ismac (Instituto Sul Mato Grossense para Cegos Florivaldo Vargas). Outra manifestante também foi detida por ameaça, segundo o boletim. A mulher teria se aproximado de forma abrupta do delegado com um objeto na mão. Foi esclarecido depois que era um celular.
A monitora da Reme (Rede Municipal de Ensino), Rosa Maria da Silva, relatou que testemunhou a prisão. “Falaram que ele infringiu a lei do silêncio. Alguns servidores, que estavam no momento, tentaram impedir a prisão falando que ele estava protestando de forma legal”, revelou. Tabosa foi encaminhado para a Polícia Civil para prestar esclarecimentos. (Rafaela Alves com Raiane Carneiro)