Exposição na Galeria de Vidro retrata a cultura do Estado e a vida cotidiana
A Galeria de Vidro, localizada na Plataforma Cultural de Mato Grosso do Sul, é palco de uma celebração única da arte regional. Até o dia 1º de junho, está em exibição a 2ª Mostra de Arte Ingênua, uma iniciativa do Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul que destaca a criatividade e o talento de 12 artistas da região.
Conforme a arte educadora Aparecida Soares, a arte ingênua, ou arte naïf, cujo termo vem do francês e significa “ingênuo ou inocente”, originada por artistas autodidatas, e é um movimento artístico que tem como característica a simplicidade.
Retratos do Cotidiano
“Os artistas utilizam técnicas de pinceladas mais simples e abundância de cores, por exemplo. As obras são de fácil compreensão e de identificação, então o público consegue se ver ali, pois o que é retratado condiz com sua vivência, dia a dia ou vida. Principalmente porque em sua maioria são temas que retratam o cotidiano e ritos populares ou religiosos. Na minha opinião vejo como uma arte que permite ser apreciada por qualquer indivíduo, pois não exige nenhum conhecimento de arte, é apreciar, sentir e se identificar. É considerada uma arte sem amarras”, afirmou a educadora.
As obras expostas nesta mostra trazem uma imersão na essência do cotidiano popular sob a reflexão da cultura do povo sul-mato-grossense. Os temas explorados vão desde as festividades até as práticas religiosas, passando pela rotina diária e pelo encantamento com a natureza. Com pinceladas e composições autênticas, os artistas transportam o público para um universo rico em cultura e tradição.
Destacam-se entre os participantes talentosos nomes como Anelise Godoy, Antônio Lima, Jurary, Mariano Neto, Tita, Kátia D’Angelo, Ilton Silva, Isaac Saraiva, Patrícia Helney, Cecílio Vera, Iracy e Irani Bucker, cada um trazendo sua visão singular e sua paixão pela arte regional.
Circula Marco
Para a reportem do Jornal O Estado, a Servidora da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), Evelyn Luchuga relatou que a primeira edição da Mostra de Arte Ingênua de MS ocorreu em 2017, como parte da segunda temporada de exposições do Marco (Museu de Arte Contemporânea). As obras apresentadas fazem parte do acervo do museu, que atualmente conta com mais de 1.800 peças guardadas em sua reserva técnica, devido à reforma em seu prédio, que impossibilita exposições.
“A formação do público apreciador de arte tem sido crescente, as políticas públicas que incentivam o artista também são essenciais para o fomento cultural ter continuidade. As imagens retratam memórias, espaço e tempo, o público que apreciar a mostra na Galeria de Vidro conseguirá resgatar lembranças afetivas do passado”, afirmou Evelyn sobre as reflexões no impacto que as obras expostas podem provocar durante a exposição.
Sobre a recepção do público, Evelyn conta que o público se encanta principalmente com as obras que retratam as brincadeiras da infância, como, por exemplo, a menor obra que temos na exposição de 1985 da artista plástica Tita.
Artistas
Kátia D’Angelo, renomada artista plástica de Mato Grosso do Sul, é vencedora de diversos prêmios ao longo de sua carreira, que incluem como melhor pintora. Ela também é uma das participantes da Mostra. Para o Jornal O Estado, ela compartilhou que sua obra foi doada ao Marco há 15 anos. Segundo Katia, a inclusão de sua peça na exposição se deve à sua conexão com o tema regionalista, tão característico da cultura local. Ela revela que a pintura em destaque é uma obra a óleo que retrata diversos aspectos da cultura sul-mato-grossense.
“Nesta tela, busquei retratar diversos aspectos da cultura pantaneira, que é essencial para nossa identidade e costumes em Mato Grosso do Sul. Desde os peões boiadeiros até a influência da cultura indígena. A inclusão do tucano na pintura representa a rica fauna do Pantanal, enquanto destaco também a figura de Conceição do Bugre, uma personalidade de grande importância em nossa cultura local”, explicou a artista.
Outra artista de destaque que estará expondo suas obras é Patricia Helney. A artista trabalha com Arte Naif há mais de 40 anos e já acumula mais de 30 prêmios em salões nacionais e internacionais. O quadro em exposição é uma mandala de bicicleta. Patricia explica que essa obra em particular faz parte do acervo do museu e foi escolhida para fazer parte da mostra.
Ela destaca que o objeto da arte Naif é a liberdade, sendo o artista Naif aquele que pinta com o coração. “Meu processo é baseado naquilo em meu cotidiano, literalmente o que fala à minha alma. A técnica mais utilizada por mim é a acrílica sobre tela, embora goste de experimentar outras. As cores que me inspiram são todas alegres e vivas, mas tenho uma predileção pelos azuis e amarelos.” explicou.
Na sua obra em exposição, a artista destaca que buscou retratar as questões do cotidiano humano. “Não gosto de pintar tristezas, pois a vida já está repleta delas. Prefiro transmitir uma mensagem de amor, paz e serenidade para enfrentarmos o dia a dia. Quanto à obra que faz parte do acervo, foi criada há tanto tempo, representa não apenas o cotidiano, mas também a roda da vida, com seus altos e baixos.” finalizou Patricia.
Serviço:
A Mostra de Arte Ingênua faz parte do projeto Circula Marco e está aberta para visitação de segunda a sexta-feira até o dia 1 de junho, das 8h às 18h, na Galeria de Vidro da Plataforma Cultural, na Avenida Calógeras, número 3015.
Por Amanda Ferreira
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