Segundo o censo, população indígena do Estado é um dos grupos que avança
Mato Grosso do Sul é destaque no ranking nacional ‘Alfabetização: Resultados do universo’, ocupando a 7ª posição de maior taxa de alfabetização do país. Os dados foram divulgados pelo IBGE, conforme o censo demográfico de 2022. Segundo a pesquisa realizada, a taxa de alfabetização do Estado é de 94,6%.
Conforme os resultados divulgados pelo censo, havia em Mato Grosso do Sul 2,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais, das quais 2,0 milhões sabiam ler e escrever um bilhete simples, enquanto 115 mil eram analfabetas. A taxa de alfabetização do Estado, com base nesses números, foi de 94,6% em 2022. No ranking nacional, MS ocupa a 7ª posição enquanto Santa Catarina lidera com 97,3% e Piauí e Alagoas aparecem nas últimas posições, com 82,7% e 82,3%.
Para a professora doutora em Educação, Ângela Maria Costa, os dados são animadores, pois demonstram preocupação e investimento de políticas públicas no setor. Contudo, a professora enfatiza que um trabalho de continuidade, aos jovens de 15 anos ou mais, deve ser realizado para não haver defasagem no ensino.
“O Estado está na sétima posição, isso é muito bom, é sinal de que estão se preocupando com essa etapa do ensino, e que é o grande problema no Brasil. Mas, o que percebemos é que, no Brasil, ainda há muitos anos, o MEC (Ministério da Educação) cria vários programas de alfabetização, mas não existe uma continuidade no ensino para não perder o foco. É importante para não haver analfabetos funcionais”, explica.
Dívida educacional
Outro ponto apresentado pelo Censo é o nível de alfabetização entre os 65+. O grupo permaneceu com a maior taxa de analfabetismo, 18,8%. O resultado reflete o atraso no investimento em educação, um reflexo da dívida educacional brasileira, cuja parcela das pessoas que não foram alfabetizadas nas idades apropriadas ainda não obteve acesso a programas de alfabetização, conforme almejado pela Constituição de 1988. “Se preocupar com a educação dos 65 anos para mais é um dever. São pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar na idade certa, que tiveram de trabalhar esse tempo todo. As escolas deveriam ter cada qual um programa para rastrear na sua localização, no seu entorno, quais são os adultos, os idosos que são analfabetos, e oferecer um curso à noite”, sugere Ângela.
Pretos, pardos e indígenas
Embora o resultado entre os mais novos sejam animadores, nem todos os grupos usufruem do direito fundamental à educação. O analfabetismo entre pretos, pardos e indígenas é maior que entre brancos e amarelos. Em 2022, a taxa de analfabetismo de pessoas de cor ou raça branca e amarela com 15 anos ou mais de idade era de 3,8% e de 1,8%, respectivamente, enquanto a taxa de analfabetismo de pretos, pardos e indígenas com 15 anos ou mais de idade era de 8,2%, 5,9% e 13,3%, respectivamente.
Indígenas no MS
No entanto, por outra perspectiva, quando a análise foca na população indígena, o censo apresenta queda na taxa de analfabetismo, de 8%. A comparação dos resultados nesse âmbito, entre os anos de 2010 e 2022, denota uma redução da taxa de analfabetismo desse grupo populacional para o MS como um todo, tendo passado de 20,5% para 12,3%.
“Isso é um resultado maravilhoso, porque é sinal que o indígena não é mais invisível, ele faz parte da nossa comunidade, da nossa sociedade na totalidade. É um resultado muito favorável, principalmente para o Mato Grosso do Sul”, afirma a professora.
Quando se trata da terceira idade, os 65 + indígenas são aqueles com a maior taxa de analfabetismo, de 42,5%, muito próxima da taxa de analfabetismo nacional na mesma faixa etária (42,9%). Em MS, em comparação ao nível nacional, as menores taxas são encontradas entre os indígenas de 15 a 19 anos, com 2,2%.
Entre os municípios sul-mato-grossenses, sete possuem 100% de taxa de alfabetização das pessoas indígenas. São eles: Alcinópolis, Aparecida do Taboado, Ladário, Pedro Gomes, Selvíria, Sonora e Taquarussu. Na posição oposta, os municípios com menor taxa de alfabetização de pessoas indígenas foram Santa Rita do Pardo (60,0%), Caracol (66,7%) e Vicentina (71,5%), conforme o Censo.
Brasil progride 93%
Ao nível nacional, o IBGE apresenta um aumento de 18,5 pontos na taxa de alfabetização em relação a 1980. O comparativo demonstra que, depois de mais quatro décadas, o país atingiu um percentual de 93% de alfabetizados em 2022. Conforme o descrito na Agência Brasil sobre o avanço: “No Brasil, dos 163 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 15 anos, 151,5 milhões sabem ler e escrever ao menos um bilhete simples e 11,4 milhões não têm essa habilidade mínima. Em números proporcionais, o resultado indica taxa de alfabetização em 93%, em 2022 e, consequentemente, a taxa de analfabetismo foi 7% do contingente populacional.”
Campo Grande supera média nacional
Ainda de acordo com a pesquisa do IBGE, a taxa de alfabetização em Campo Grande alcança 97,09% da população e supera a média nacional que é de 93%. A taxa de não alfabetizados em Campo Grande recuou de 5,01% para 2,91%, bem abaixo da média do País, que passou de 9,6% para 7%.
Por aqui, um total de 692.545 pessoas acima de 15 anos são alfabetizadas, além de possuir um índice superior ao estadual, que marcou 94,6% da população de Mato Grosso do Sul alfabetizada e uma taxa de 5,39% de não alfabetizados.
Outro ponto importante é sobre a população indígena da Capital, que tem 96,85% dos homens e 94,93% das mulheres com formação.
Entre a população alfabetizada de 15 a 19 anos, o percentual é de 99,16%, enquanto no Estado é de 98,97%. Os dados da população de 80 anos ou mais mostram que a Capital possui 83,02% de alfabetizados, enquanto o Estado tem 71,32%. Exceto pela população idosa, a Capital se mantém acima dos 90% em todas as outras faixas etárias.
O secretário de Educação, Lucas Henrique Bitencourt, disse que a série de projetos implementados corroboram para os bons resultados. “Foram implementados também uma série de projetos pedagógicos para todos os públicos. Melhoramos o acesso à educação para a população mais velha que tem oportunidade de ser alfabetizada no EJA e sanamos a questão desse primeiro grupo que não teve acesso à educação. E estimulamos os outros alunos para não ter evasão durante o período de idade escolar”, finaliza. (Texto com informações da Semed)
Por Ana Cavalcante