Pantanal é o bioma com a maior tendência de redução da superfície de água no Brasil
A estimativa da meteorologia é que o Pantanal deve voltar a enfrentar neste ano uma intensa seca, a pior desde 1964. Em abril, os níveis dos rios do Pantanal já ficaram muito abaixo do mínimo esperado para esta época do ano, indicativo de menor ocupação da planície pantaneira pelas águas, com consequente aumento de áreas secas. A previsão poderá afetar nas navegações e no fornecimento de água potável para a população sul-mato-grossense.
Dados do MapBiomas Água indicam que o Pantanal é o bioma com a maior tendência de redução da superfície de água no Brasil, com uma retração de 81,7% entre 1985 e 2022. Estudo do Serviço Geológico do Brasil apontam que as bacias do Rio Paraguai têm registrado chuvas significativamente abaixo da média, ao longo da estação chuvosa. Até março, o déficit hídrico acumulado na bacia, somava 276 mm em média, considerando a chuva esperada no período de 938 mm e registrada de 662 mm.
Para mitigar os impactos da escassez de água que está acontecendo no Pantanal, o gerente de recursos hídricos do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Leonardo Sampaio Costa, conta para a reportagem do jornal O Estado, que o estado de Mato Grosso do Sul está em ação conjunta com o estado de Mato Grosso e a ANA.
“A situação é bem preocupante na Bacia do Paraguai. Primeiramente, há um foco muito forte no monitoramento contínuo. Estamos utilizando estações de monitoramento para acompanhar em tempo real os níveis de rios e as condições climáticas, o que é fundamental para antecipar e responder às mudanças que estão acontecendo na região nessa fase crítica. Além disso, tem uma proposta dos dois estados, junto com a Agência Nacional de Água, de criar uma sala de crise para a Bacia do Paraguai, esse espaço vai servir para coordenar ações entre diferentes órgãos e garantir uma resposta rápida e eficaz quando a situação evoluir”, pontua
Ainda, conforme o monitor de secas da ANA (Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico), em Mato Grosso do Sul quando se analisam os dados por área é possível indicar que o território com seca aumentou de 68% para 82% do estado entre fevereiro e março. É a maior área com seca em MS desde setembro de 2022 quando atingiu (86%). Caso a situação não melhore, a tendência é que ANA declare, pela terceira vez, situação de escassez hídrica crítica.
“Esse documento de escassez crítica hídrica, praticado pela primeira vez em 2021 na bacia do Paraná, em 2023 foi a segunda declaração no rio Madeira. Diante do quadro que vivemos na região hidrográfica do Paraguai, equipe técnica da ANA elaborou uma nota técnica recomendando para a diretoria a declaração de situação crítica de escassez hídrica na bacia do Paraguai”, afirma o superintendente da ANA, Patrick Tadeu Thomas.
A seca se intensificou em Mato Grosso do Sul entre fevereiro e março com o aumento da área com seca moderada de 20% para 28% do estado. É a condição mais severa no estado desde abril de 2023, quando houve seca grave em 1% de MS. Com a aprovação de uma resolução que pode declarar uma situação de escassez na bacia, os órgãos oficiais implementarão medidas especiais na gestão de recursos físicos localmente.
“Estamos envolvendo e implementando estratégias de medicação para minimizar os impactos da seca nos usos de recursos hídricos. Isso vai incluir desde ajustes operacionais em reservatórios até melhorias de eficiência do uso da água para os setores de agricultura e indústria. É um esforço conjunto que requer a colaboração de todos os envolvidos para garantir a sustentabilidade da água naquela bacia nesse momento de crise”, destaca o gerente de recursos hídricos do Imasul.
Consequências
O Rio Paraguai auxilia várias demandas do país, com o baixo nível do Rio Paraguai várias áreas serão afetas. Os impactos na economia poderá ser alarmante, a seca influencia na exportação de minério, na geração de energia em centrais hidrelétricas, além do turismo, lazer e pesca.
Além disso, o fornecimento de água potável para a população do Estado também ficará comprometida com o baixo nível do Rio Paraguai e de seus afluentes, pois pode comprometer a captação e abastecimento de água em Corumbá e Porto Murtinho, onde a situação de estiagem é mais crítica.
Por Inez Nazira