Os integrantes da Sala de Crise da Bacia do Alto Paraguai (BAP) reuniram-se na tarde dessa terça-feira (7), pela primeira vez no ano, para discutir a situação da região, afetada pela escassez de chuvas e temperaturas acima da média histórica.
A reunião ocorreu em ambiente virtual, foi convocada pela ANA (Agência Nacional das Águas) e teve apresentações de técnicos do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico.
Os dados apresentados pelo técnico do Cemaden, Marcelo Seluchi, mostram que Mato Grosso do Sul e também Mato Grosso já estão em situação de seca. A maioria das propriedades rurais do Estado enfrentam seca entre severa e moderada, e apenas 5% do território sul-mato-grossense não enfrenta escassez hídrica.
O problema se agrava devido às altas temperaturas que fazem nos últimos dias e tendem a continuar pelas próximas semanas, pressionando ainda mais os recursos hídricos e a saúde da vegetação e podendo levar a um ambiente propício à propagação de incêndios.
Seca prolongada
Para o trimestre que começou (maio, junho e julho) está previsto um recuo da influência do fenômeno El Niño sobre o clima e, a partir do mês que vêm, quem passa a ditar as regras do tempo é outro fenômeno também oriundo das águas do Oceano Pacífico: o La Niña.
Não há previsão de melhora na distribuição de chuvas, ou seja, a situação de seca deve se prolongar. O que está previsto ocorrer é uma queda brusca das temperaturas com a chegada do Inverno sob efeito do La Niña.
Preocupados com a situação de estiagem e a consequente escassez hídrica, o corpo técnico da Agência Nacional das Águas preparou uma Nota Técnica aconselhando o órgão a emitir uma Declaração de Escassez Hídrica.
Essa medida deve ser apreciada pela diretoria da ANA nos próximos dias e, após deliberada, entra em vigor em seguida.
Com a Declaração de Escassez Hídrica as empresas concessionárias de distribuição de água podem, inclusive, impor tarifas emergenciais para custear obras ou serviços adicionais a fim de evitar o desabastecimento, explicou o superintendente da ANA, Patrick Tadeu Thomas.
Diz a nota em um trecho:
Assim, considerando a atual situação hidrometeorológica da bacia do Alto Paraguai (Pantanal), que encerra o período chuvoso com o rio Paraguai apresentando níveis d’água transitando entre os mínimos valores registrados para época, e a perspectiva de chuvas abaixo da média para o período de abril a junho, em que, de acordo com a normal climatológica, são esperados valores baixos de precipitação, considera-se importante instituir uma Sala de Crise com o objetivo de acompanhar e viabilizar medidas para mitigar os impactos da seca sobre os usos da água até o início do próximo período chuvoso na bacia.
Entre os possíveis impactos da seca sobre os usos da água, destacam-se: o comprometimento de captações para abastecimento humano, como é o caso das cidades de Porto Murtinho, Corumbá e Ladário, todas no Estado do Mato Grosso do Sul, e a navegação comercial no rio Paraguai, que poderá ser prejudicada por falta de calado. Destaca-se ainda a possibilidade do aumento de focos de calor (queimadas) na região durante o período seco.
Thomas citou como exemplo a cidade de Corumbá, que se abastece do rio Paraguai. Como o nível do rio já está baixo e tende a cair ainda mais, pode chegar a uma situação que impossibilite a captação de água ou requeira investimentos para dar continuidade ao serviço.
A Sala de Crise da Bacia do Alto Paraguai volta a se reunir no dia 4 de junho, às 15h, também em formato virtual, para avaliar a situação da região e a necessidade de se tomar alguma outra medida para enfrentamento da seca. Além do Cemaden, ONS e da ANA, integram a Sala de Crise representantes do Serviço Geológico do Brasil, INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Imasul (Instituto Nacional de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Cemtec/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), entre outras instituições.
Com informações Semadesc
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