O 1º Seminário Estratégias de Ações Integradas para Conservação de Felinos, realizado no Centro Sebrae Pantanal, em Corumbá (MS), neste dia 15/4, reuniu pesquisadores e representantes de forças policiais e de fiscalização para traçar ações de proteção à espécie, com impacto direto nos setores econômico e social, por conta do turismo e da pecuária. O evento foi promovido pelo IHP, por meio do programa Felinos Pantaneiros, e teve apoio da GM, do Sebrae/MS e do Hotel Nacional.
A abertura do seminário foi feita pelo presidente do IHP, Ângelo Rabelo. No total, participaram 25 pessoas, entre elas representantes da Polícia Civil, como os delegados Iago dos Santos e Fabrício Dias dos Santos (delegado Regional); da Delegacia da Polícia Federal em Corumbá, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Militar Ambiental, com o major Diego da Silva Rosa, subcomandante da PMA, e capitão Jorge Júnior; e do IBAMA. Entre os pesquisadores, estiveram presentes Rafael Hoogesteijin, do Panthera; Rogério Cunha, coordenador do CENAP/ICMBio; Fábio Souza da Silva, Onçafari; e Diego Viana, pesquisador associado do IHP.
A coordenadora do programa Felinos Pantaneiros do IHP, Mariana Queiroz, pontuou que o encontro abriu caminho para vários trabalhos conjuntos. “Listamos algumas ameaças que a espécie sofre e, a partir disso, discutimos medidas para haver integração entre instituições e buscar a conservação com um impacto positivo que vai ser direcionado para a biodiversidade, para a economia e para o social.”
Ações para mitigar os atropelamentos em rodovias, combater a caça ilegal e o tráfico de partes do corpo da onça-pintada, atuar para eliminar a prática de ceva, agir para reduzir fake News que divulgam erroneamente ataques de onças a seres humanos e promover a espécie como um ativo para o Pantanal estão na lista de ações a serem desenvolvidas.
Referência mundial na pesquisa sobre coexistência entre grandes felinos e o ser humano, Rafael Hoogesteijin, do Panthera, exemplificou que diante de tantos desafios, só um trabalho conjunto para garantir resultados futuros. “Este evento foi de grande importância para reunir polícias, pesquisadores e demonstrar que todos têm interesse em resolver o conflito.”
Rogério Cunha, coordenador do CENAP/ICMBio, alertou que o volume de notícias que atribuem pessoas feridas a ataques de onças tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. “A onça é uma espécie que gera uma mistura de paixão e ódio. Em uma pesquisa no Google vai ser possível ver um crescimento de notícias que mostram possíveis ataques, mas que não condizem. Tem notícia que usa foto de 10 anos atrás, 20 anos atrás e sugere que foi ataque de onça, quando foi um ferimento causado por outra situação. Isso vai criando um medo que não corresponde à realidade e fomenta ataques à espécie.” O mesmo tópico também foi ressaltado por Diego Viana, que é pesquisador associado do programa Felinos Pantaneiros, do IHP, e tem uma atuação direta com avistamentos em Corumbá, Ladário e no Pantanal.
Servidora do Ibama/Prevfogo, Thainan Bornato reconheceu que o órgão federal em Corumbá recebe diferentes denúncias e o trabalho com educação ambiental deve ser fortalecido. “A gente enxerga o potencial que a onça tem para o Pantanal porque ela é uma espécie guarda-chuva, ela é importante para a conservação de outras espécies. Corumbá e Ladário têm um grande potencial e podemos ser exemplo de convivência harmoniosa realizando ações de educação ambiental e agindo conjunto na fiscalização.”
O delegado Regional de Corumbá da Polícia Civil, Fabrício Dias dos Santos, exemplificou que ações coordenadas entre instituições devem gerar resultados favoráveis para a conservação. “A gente recebeu novos conhecimentos e informações valiosas para atuar na conservação dos felinos e do Pantanal. O tráfico de partes do animal é um problema hoje e parcerias como com o IHP e outras instituições vão auxiliar nesse monitoramento. A Polícia Militar Ambiental e a Polícia Federal também atuam nesse trabalho.”
O subcomandante da PMA, major Diego Rosa, reforçou que o policiamento e a ciência precisam estar juntas para combater a desinformação envolvendo a onça-pintada. As chamadas fake News podem ocasionar ações criminosas ao criar temor nas pessoas.
“O policiamento da PMA vem buscando alinhar as ações de rotina com o conhecimento técnico e científico que existem disponíveis para termos resultados positivos para a conservação do Pantanal. Temos diferentes desafios, como a caça ilegal, mas também combater as fake News, que propagam uma ideia errada do que representa a onça e gera um temor que não precisa existir. Temos a missão de gerar orientação para a população atuar em conjunto.”
Outros encontros vão ser organizados para aprimorar a inter-relação entre as instituições públicas e as organizações que desenvolvem pesquisa sobre o comportamento dos felinos.
Com informações da Ascom IHP.
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