[Texto: Inez Nazira, Jornal O Estado de MS]
O Sigo (Sistema Integrado de Gestão Operacional), programa usado para registrar os boletins de ocorrência em todo o Mato Grosso do Sul, vem apresentando instabilidade e, algumas horas, com queda do sistema. Com isso, as DP (Delegacia de Polícia) estão deixando de protocolar as denúncias. O problema tem gerado transtorno à população e até mesmo aos policiais civis.
O sistema começou a registrar instabilidade desde o início da semana na maioria das delegacias. Contudo, uma funcionária de uma das unidades de Campo Grande, que não quis ser identificada, revelou que esse problema vem ocorrendo há quase duas semanas e que já passaram um dia inteiro sem conseguir registrar as queixas.
“O dia que não tem sistema, é dispensado todo mundo. E todo dia está indo embora cerca de 10, 15 pessoas. Isso já não é de agora, já fiz uns 5 dias. Por exemplo, na segunda-feira (1º) não fizemos nenhum B.O., não funcionou o sistema, na terça-feira (2) já funcionou bem, na quarta-feira (3) ficou bem lento e na quinta-feira (4) conseguimos fazer só um B.O. até agora, em três horas de expediente”.
Questionada se o pessoal estava registrando o boletim de forma escrita, a funcionário alegou que não e explicou que cada ocorrência tem um número, que só é gerado com o sistema. “Não, porque não dá para fazer no Word, por exemplo, e pedir pra a pessoa retornar amanhã. E outro ponto, se não gerar o número do BO, a pessoa tem que ficar aqui, e se lançou tem que esperar finalizar, não posso fechar o número sem os dados completos. Então, por isso que é melhor falar para o pessoal que está esperando que o sistema não está funcionando, ou avisar que demorará cerca de uma ou duas horas, ai e a pessoa já tem ciência, que ela não pode ir embora, se não finalizar”.
O Sinpol MS (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul) protocolou um ofício na Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), solicitando que seja resolvido de maneira urgente a “lentidão extrema” do sistema SIGO. No documento, o Sinpol destaca que a morosidade dos sistemas usados em procedimentos básicos impacta o dia a dia dos policiais civis, que “se veem obrigados a despender tempo excessivo em tarefas que antes eram simples e rápidas”. A situação gera filas para registros de ocorrências e insatisfação da população, o que, alerta o Sindicato, pode contribuir para sub notificação de crimes, gerando prejuízos à segurança do Estado como um todo.
A assessoria de imprensa da Polícia Civil, em nota, comunicou que os responsáveis já estão tentando restabelecer os serviços. “A Superintendência de Tecnologia da Informação/STI em ação conjunta com a COMPNET estão realizando ações de monitoramento da aplicação e manutenção na infraestrutura de hospedagem do sistema SIGO, buscando a solução dos problemas de performance”.
A reportagem do jornal O Estado visitou algumas delegacias, todas estavam cheias e com o tempo de espera mais de uma hora. Na 5º DP (Delegacia de Polícia Civil), na Vila Piratininga, a dona Ana Lúcia Gomes, 69, contou que estava tentando registar a ocorrência há uns dois dias. “Vim aqui na terça-feira (2) falram que estava fora do ar o sistema, pediram para retornar na quarta-feira (3), eu voltei, mas não deu certo, estava lento, segundo os servidores aqui, então essa é a minha terceira tentativa, estou escrevendo o que ocorreu para ver se agora dá certo”.
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