A Sexta-Feira Santa é uma data repleta de simbolismos e tradições que atravessam gerações, ao menos para os cristãos que consideram a importância de relembrar o dia em que Jesus Cristo foi crucificado. Este dia é considerado ponto de referência, pois faz parte da Semana Santa que relembra e homenageia os últimos dias de Jesus na Terra e antecede o domingo de Páscoa, que simboliza a ressurreição de Jesus.
Embora seja uma data cristã, cada religião a celebra de um modo, com cultos, missas, costumes gastronômicos e culturais. Afinal, é proibido comer carne vermelha, e praticar atividades comuns em outros dias do ano? O jornal O Estado conversou com pessoas, de diferentes religiões, para conhecer como cada um celebra a Sexta-Feira Santa. Confira!
A dona de casa Adriana Seibert, reside na cidade de Dourados, na região sul do Estado, é católica, casada e tem um filho de oito anos, diz que a tradição que ela e sua família priorizam, é passar a Sexta-Feira Santa junto a seus familiares, em Campo Grande, mas que ela e sua família não têm alteração significativa de rotina durante esse período.
“Minha mãe conta que na época em que meus avós eram vivos, todo o período da Quaresma, principalmente a Semana Santa e a Sexta-Feira Santa, eram celebradas com regras mais rígidas, como por exemplo, não permitiam que ligassem aparelhos de som em casa, não permitiam que os filhos falassem alto dentro de casa, toda a família participava regularmente de missas, procissões e penitências”.
Embora Adriana seja católica como seu pais e avós, acredita que a principal tradição a ser seguida, é estar junto da família sempre que possível para celebrar a data.
“A única tradição que seguimos fazemos questão de seguir, e passar a Sexta-Feira Santa em família e não comemos carne vermelha. Durante a quaresma, não temos o hábito de fazer penitências, mas continuamos com nossa rotina de ir à missa todos os sábados,” finaliza.
Já a estudante de psicologia Katyuce Rodrigues, mora em Campo Grande, é casada, mãe de dois filhos, é evangélica, frequenta a igreja Congregação Cristã no Brasil (CCB) , e explica que sua igreja respeita as denominações que têm a tradição celebrar a Sexta-Feira Santa, mas que para eles, é um período sem alteração de rotina.
“Nós da CCB não celebramos a Sexta-Feira Santa, seguindo o mesmo calendário e mesmos costumes de outras denominações. Respeitamos todas as religiões, mas para nós, é um feriado comum, não nos privamos de consumir carne vermelha, por exemplo.”
Katyuce relata que, o momento em que os membros da Congregação Cristã no Brasil relembram a morte e celebram o renascimento de Jesus Cristo, é na Santa Ceia realizada anualmente, onde cada templo tem uma data definida para a celebração.
“Os dias que antecedem a nossa Santa Ceia, são como se fossem a Semana Santa. Não usamos esse termo, mas na prática, é um período em que somos orientados a ficarmos ainda mais em comunhão com Deus. Não é uma regra, mas algumas pessoas fazem jejuns, aumentam a quantidade de orações ao dia, com o intuito de se aproximar ainda mais de Deus”, explica.
Outro ponto que Katyuce ressalta é sobre os ensinamentos que ela e seu marido repassam aos filhos, explicando que símbolos associados à Pascoa, como o coelho e os ovos de chocolate, não te fundamento bíblico e são na verdade, um modo de ganho comercial, apenas.
Embora várias denominações sejam classificadas como evangélicas, cada uma tem sua doutrina de práticas e costumes. A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, tem costumes diferentes aos da Congregação Cristã, com relação às celebrações de Semana e Sexta-Feira Santa. O analista de sistemas Fábio Júnior, membro Igreja Universal, conta que a Semana Santa é tratada de maneira especial para eles, onde cada dia da semana, iniciando no domingo de Ramos e finalizando no domingo de Páscoa, é um dia voltado para uma área da vida.
Fábio enfatiza que não existe nenhuma regra para que os membros façam jejuns ou se penitenciem ou se abstenham de algo, essas decisões são livremente escolhidas por cada um. A orientação é que durante a Semana Santa, as pessoas procurem ir à igreja todos os dias, com excelência na sexta, no sábado e no domingo, quando são realizadas reuniões especiais.
“Entendemos que a Semana Santa foi a semana que gerou a morte do nosso Salvador, então nós procuramos estar todos os dias participando das reuniões, dos propósitos, com maior excelência na sexta-feira, que representa o dia da crucificação de Cristo, no sábado, que representa o momento específico onde o nosso o nosso Senhor pega a chave da vida das mãos do mal, e domingo, celebramos a ressureição, geralmente com uma Santa Ceia”, afirma Fábio.
Ainda com relação às tradições da Igreja Universal na Sexta-Feira Santa, Fábio diz que não há restrição com relação ao alimentos que podem ser consumidos ou não, mas a maioria dos membros, por respeito a data, optam por comer peixe, no lugar da carne vermelha.
E quem não tem religião, como faz? Para a estilista Patrícia Mendonça, a Sexta-Feira Santa é um feriado como outro qualquer. A estilista que diz não seguir nenhuma religião, atualmente, já frequentou a igreja Católica e a Umbanda, respeita todas as tradições religiosas e culturais que envolvem o dia, mas não segue nenhum costume. “Neste ano, vou comer peixe na Sexta-Feira Santa, porque meus pais são católicos e, passarei o dia com eles, no interior do Paraná”, afirmou.
O Brasil é um país de diversidade cultural e religiosa, onde mesmo com registros de casos de intolerância religiosa de diversos seguimentos, todos têm, em tese, a liberdade de professar sua fé livremente. Direito que as instituições religiosas lutam para que seja respeitado.
De acordo com o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, o número de a população residente no Brasil se declara:
– Católica Apostólica Romana – 64,627%
– Evangélicas – 22,162%
– Espírita – 2,018%
– Umbanda e Candomblé – 0,309%
– Budismo – 0,128%
– Judaísmo – 0,056%
– Islamismo – 0,018%
– Hinduísmo – 0,003%
– Sem religião – 8.039%
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