“O candidato que tiver mais chão levará vantagem na disputa da Capital”

paulo pedra
Foto: Nilson Figueiredo

Para o ex-vereador Paulo Pedra, os candidatos que tiverem capacidade de caminhar pela cidade e chegar ao eleitorado dos bairros levará vantagem

Em uma avaliação do quadro eleitoral para 2024, o ex-vereador e ex- -deputado estadual Paulo Pedra prevê que o deputado federal Beto Pereira conta com uma forte estrutura do Governo e se conseguir “ganhar chão”, que significa ir até os bairros e conversar com o eleitor, fatalmente levará vantagem na disputa eleitoral.

Embora admita que ainda há muita água para passar por debaixo da ponte até o início das convenções, ele diz que, além do Tucano, ainda há a atual superintendente da Sudeco ex-vice-governadora Rose Modesto, o ex-governador André Puccinelli e a atual prefeita de Campo Grande. Paulo Pedra afirmou que não tem intenção de concorrer a um novo mandato eleitoral, mas permanecerá atuando nos bastidores da política partidária.

Na eleição da Câmara da Capital, ele acredita que deverá acontecer uma renovação de no mínimo 50% dos atuais vereadores. “Entre 50 e 60% dos atuais vereadores irão conseguir permanecer no cargo”, garante. Pedra afirma ainda que foi um erro aumentar o número de vereadores.

O Estado: O senhor tem toda uma história na política de Campo Grande e em Mato grosso do Sul como um todo, pois foi vereador e deputado estadual, além de ter exercido cargos em algumas administrações. Como avalia as primeiras movimentações e o surgimentos das primeiras pré-candidaturas?

Paulo Pedra: Olha, pelo que tenho visto, os dois nomes que têm números mais robustos para entrar na disputa com condições de vencer são o ex-governador André Puccinelli e a ex-vice- -governadora Rose Modesto. São pessoas que já têm o que mostrar para o eleitor e acredito que a união de ambos pode assegurar um núcleo de candidatura que terá plenas condições de vencer a disputa eleitoral. Os demais possíveis concorrentes, pelo menos por enquanto, não têm chão para uma campanha eleitoral.

O Estado: O que é ter chão numa campanha eleitoral?

Paulo Pedra: Chão é quando o político chega no bairro e é reconhecido pelo eleitor, conversa com a população de igual para igual. Hoje, entre os nomes que estão sendo apresentados, a maioria chega no bairro e ninguém conhece. Esse chão na política faz uma grande diferença e não se consegue isso muito rapidamente, até porque a campanha eleitoral está cada vez mais curta.

O Estado: Até mesmo a prefeita Adriane Lopes não tem esse chão?

Paulo Pedra: Olha a prefeita Adriane Lopes quando aceitou o convite para se filiar ao PP e passar consequentemente a contar com o apoio da senadora Tereza Cristina ganhou musculatura política, o que é outro aspecto muito importante para uma campanha majoritária. Mas acho que a prefeita ainda não conta com um chão política, uma vez que vive cercada de assessores quando vai para a periferia da cidade. Basta comparar como o ex- -governador André Puccinelli e a Rose Modesto chegam em bairros e vão de encontro a população. Pode até ser que até o mês de agosto, quando efetivamente começa a campanha eleitoral, a Prefeita consiga ter esse chão.

O Estado: O senhor acredita ser possível esse aliança entre a Rose e o ex-governador André Puccinelli para a disputa da prefeitura da Capital?

Paulo Pedra: A Rose já tem conversado com diversos segmentos da política local e uma aproximação com André Puccinelli é bem provável que aconteça nos próximos meses. Até mesmo o deputado federal Vander Loubet deu declarações favoráveis à candidatura da Rose Modesto e como ela integra o Governo do presidente Lula como superintendente da Sudeco já existe uma proximidade com o PT já a partir de Brasília. Eu acredito que até em abril a Rose deve deixar a Sudeco e assumir a candidatura a prefeitura de Campo Grande.

O Estado: Outro nome que surge como pré-candidato é o do deputado federal Beto Pereira, o senhor acredita que ele pode surpreender?

Paulo Pedra: Hoje o Beto conta com um apoiador de peso que é o ex-governador Reinaldo Azambuja, cujo apoio foi decisivo para a eleição de Eduardo Riedel para o governo do Estado. Talvez esse empenho do Reinaldo possa até compensara falta chão, mas o problema do Beto Pereira é ter uma participação mais efetiva do Riedel o que por enquanto ainda não se faz notar. Sem um empenho do atual governador, dificilmente um candidato do PSDB poderá conseguir um bom resultado eleitoral.

O Estado: Outros nomes que estão sendo falados como possíveis candidatos, qual o senhor destacaria?

Paulo Pedra: O PT chegou a anunciar a Camila Jara, mas não vejo ela se movimentando como possível candidata e não sem se aproveitado nem mesmo com o imenso suporte que o partido tem junto a população de baixa renda. Quem quer ser candidato já teria que estar conversando com a população nos bairros e se posicionando sobre os temas de importância para as comunidades e também não vejo a Camila fazendo isso. Quanto aos demais, acredito que não devem estar no pelotão que deve brigar para estar no segundo turno.

O Estado: E o senhor pretende voltar a disputar algum cargo eleitoral nas eleições deste ano?

Paulo Pedra: Eu atualmente não estou filiado a nenhum partido, mas tenho conversado com políticos ligados principalmente ao MDB e ao União Brasil. Não sei bem como vou participar, mas por certo pretendo contribuir principalmente com a candidatura de Rose Modesto, com quem tenho uma ligação maior. Logo depois do carnaval vou tomar uma decisão sobre o partido ao qual pretendo me filiar e depois mais para frentes irei definir se entrou ou não na disputa.

O Estado: Campo Grande na década passada viveu momentos políticos muito conturbados, principalmente a partir da eleição de Alcides Bernal. O senhor participou de toda efervescência daquele momento. Que avaliação o senhor faz de tudo o que aconteceu?

Paulo Pedra: Eu fiz parte da equipe do Bernal que sofreu impeachment unicamente por motivação política. Nós precisávamos de oito votos para impedir a queda e como ele não negociou acabou sendo afastado e depois retornou ao cargo, o que poderia ter assegurado um fortalecimento político que ele também não soube aproveitar. Quando esteve afastado, o Bernal foi substituído por seu vice, o Gilmar Olarte que não tinha a menor condição de assumir a prefeitura da Capital. Como resultado disso foi um total desastre para a administração de Campo Grande, o que acabou por contribuir para a eleição de Marquinhos Trad que representava uma oportunidade de colocar a casa em ordem que era o que a população estava esperando e acabou se elegendo, vencendo a Rose no segundo turno e depois conseguindo se reeleger já no primeiro tuno o que acabou o motivando a concorrer ao Governo do estado quando não foi bem-sucedido.

O Estado: O senhor integrou a Câmara Municipal da Capital quando o Legislativo contava com 21 membros. Há muitas críticas contra o aumento no número de vereadores para 29. Qual sua opinião sobre esse aumento?

Paulo Pedra: Eu acho que foi um erro aumentar o número de vereadores. Basta comparar com a Assembleia Legislativa que tem 24 deputados para atender todo o estado. Se o Legislativo estadual dá conta de atender 80 municípios, por que a Câmara precisa de 29 parlamentares? Sei que muito vereadores ficarão descontentes com a minha opinião, mas acho que a Câmara deveria voltar a ter 21 membros ou no máximo 25 integrantes.

O Estado: A eleição deste ano terá regras diferentes, pois não permitirá coligação na disputa proporcional, em que isso poderá influenciar na reeleição dos atuais vereadores?

Paulo Pedra: Olha, eu sinceramente acredito que quem tem mandato leva uma certa vantagem, o que pode assegurar que entre 50 e60% dos atuais vereadores irão conseguir permanecer no cargo. Aquele que contar com uma maior estrutura fatalmente vai ter maiores condições de permanecer no Legislativo para os próximos quatro anos.

O Estado: As redes sociais vêm influenciando cada vez mais as campanhas eleitorais. Como o senhor avalia que isso se dará nesse ano?

Paulo Pedra: As fakenews estão interferindo acada vez mais nas disputas eleitorais e acredito que os candidatos, sobretudo os envolvidos na disputa majoritária, terão que dedicar especial atenção a montagem de uma equipe forte para monitorar as redes sociais. Dar respostas imediatas pode significar solucionar crises que fatalmente devem surgir cada vez que alguma denúncia surgir.

O Estado: O que mudou no modo de fazer política?

Paulo Pedra: Antes o eleitor acompanhava o seu candidato para onde ele fosse independente se fosse para um partido de direita, de centro ou de esquerda, a partir do momento em que aconteceu a polarização entre Bolsonaristas e Lulistas tudo mudou e quando um políticos de posiciona os eleitores que tem pensamento diferente acabam deixando de votar em você. Diante desta nova realidade muita coisa mudou e influência muito na forma como o político pede o voto para o seu candidato.

Currículo

Conhecido como Paulo Pedra, Paulo Francisco Coimbra Pedra, é tabelião e pertence a uma família cujos integrantes fazem parte da história de Mato Grosso do Sul, foi vereador de Campo Grande por 5 mandatos e assumiu o mandato de deputado estadual na Assembleia legislativa de Mato Grosso do Sul. Presidente da Associação dos Notários e Registradores de Mato Grosso do Sul – Anoreg/MS. Paulo Pedra também foi presidente da Associação dos Notários e Registrados de Mato Grosso do Sul (Anoreg/MS). Paulo pedra também integrou a administração do ex-prefeito Alcides Bernal, tendo se licenciado do mandato de vereador.

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