Na Quaresma: Empolgação acaba, academias lucram e bolso do consumidor sai no prejuízo

Foto: Arquivo/Jornal O Estado
Foto: Arquivo/Jornal O Estado

Após as festividades de Carnaval, a população sul-mato- -grossense volta à realidade. Com a vida fitness cada vez mais em alta, um questionamento que surge, é se a empolgação continua após a fervorosa causada pelas promessas de início de ano. Conforme apurado pelo jornal O Estado, hoje Mato Grosso do Sul conta com aproximadamente 1500 academias e, com isso, há maior movimentação econômica não só nos estabelecimentos, como também em segmentos de vestuário e suplementação.

Em Mato Grosso do Sul em 2024, conforme dados obtidos pelo CREF11/MS (Conselho Regional de Educação Física de Mato Grosso do Sul), são quase 1500 unidades de PJ ativos, ou seja, estabelecimentos considerados academias. Na contagem com os estúdios – que não entram como academia por funcionarem em escala menor –, o número alcança a marca de 1763 estabelecimentos, que ajudam a movimentar a economia de todo o Estado. Divididos, na Capital, a soma fica em 579 academias e 79 estúdios e, no Estado, o número de academias é de 917 nos demais municípios, com 188 estúdios espalhados por todo o Estado.

O treinador Lucas Miralles, 27, trabalha com musculação há quase oito anos. Conforme explica, o fim do Carnaval tem dois lados. Há aqueles que utilizam a festividade como pretexto para iniciar a vida fitness nesse período e há também aqueles que iniciaram em janeiro, na onda inclusive de contratação de planos e agora utilizam o Carnaval como pretexto para desistir.

“Realmente as academias fazem algumas promoções no começo do ano, justamente para pegar o pessoal que está ali ‘ano novo, vida nova’ e muitas das pessoas param de ir. Eu costumo falar assim que a gente acha que tem dó do nosso dinheiro, mas a gente não tem. Então, a pessoa fala assim: ‘se eu pagar a academia eu vou’ e na verdade não, a gente não tem dó do nosso dinheiro tanto quanto a gente pensa, as pessoas vão pagar e vão deixar de ir”, argumenta o profissional.

Segundo Miralles, até por conta da vontade de desistir, há na atualidade um maior investimento em treinadores. Afinal, além de oferecer o plano de treino e também um planejamento alimentar em alguns casos, a pessoa ainda espera um impulso motivacional para que prossiga com a promessa fitness.

“Muitas pessoas têm investido em treinadores, tanto no presencial, quanto no on-line. Hoje eu trabalho só no on-line e se uma pessoa contrata um plano comigo, eu não vou deixar ela desistir tão fácil. Então eu vou ficar no pé, perguntar o que tá acontecendo, se não consegue ir na academia, vou tentar um treino em casa. Eu sempre busco maneiras de solucionar o problema e de fazer com que a pessoa realmente cumpra com a palavra que ela deu em algum momento na vida de mudança, de cuidar mais da saúde”.

Economia Comportamental 

A especialista em economia comportamental, Andreia Saragoça, 45, argumenta que a academia é válida como um gasto essencial. Já que ultrapassa o estético e, principalmente para pessoas acima de 50 anos, se torna essencial para manter a qualidade de vida com o fortalecimento da musculatura. No entanto, é preciso ser racional ao tomar decisões econômicas.

“Você vê uma uma programação de pagamento, vai fazer um orçamento e [precisa] ser principalmente sincero consigo mesmo. Pagar academia e não ir é uma escolha econômica extremamente equivocada. É melhor você deixar e, assim que tiver [realmente] um tempo, fazer uma boa caminhada. Não acreditar que você vai sim a academia e ao pagar antecipado você vai se forçar a fazer isso. Eu falo muito que as escolhas econômicas tem que ser pensadas de forma racional e econômica. A gente consegue economizar bastante quando pensamos melhor, fazemos orçamento e fazemos uma análise de custo benefício das coisas.

Valores

O vice-presidente do CREF11/ MS, Joni Guimarães, esclarece que hoje a média da mensalidade em uma academia na Capital fica em torno de R$ 100, já que em academias mais centrais, o valor ultrapassa a margem de R$ 100 e nos bairros, o valor cai entre R$ 60 e R$ 80.

Crescimento no segmento – Suplementação

A sócia-proprietária do Empório Gym, Maria Fernanda, 23, explica que no decorrer da pandemia foi observado um grande aumento na prática de atividade física em todo o país, e no município de Pedro Gomes não foi diferente. Por isso, a ideia de criar o empreendimento voltado a suplementação e acessórios surgiu e tem movimentado economicamente o município localizado a 306 km da Capital.

No Empório Gym, o carro- -chefe de vendas são as creatinas, seguidas pelo Whey Protein. Hoje o produto mais caro vendido no empreendimento é o Whey Protein Flavor, comercializado a R$184,40 e o de menor custo é a luva Strap por R$ 25. “O público sempre gosta de novidades, então a variedade de produtos é muito importante para o negócio. O custo varia muito conforme o objetivo, qualidade do produto e do quanto o atleta está disposto a pagar. Em geral, para uma boa otimização de resultados são utilizados os seguintes suplementos: Whey Protein, Creatina, Pré-treino, BCAA, Glutamina e Multivitamínico”, argumenta Fernanda, que explica que para ter um bom rendimento na vida fitness, é gasto em média entre R$160,00 e R$300,00 com itens como Whey Protein e cretina, que são os carros chefes da vida fitness.

Por Julisandy Ferreira.

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