Morta com nove facadas, vítima de feminicídio havia retirado medida protetiva

Foto: Marcos Maluf
Foto: Marcos Maluf

Há relatos de que a Polícia Militar foi até a residência, antes de acontecer o crime, para pedir que o autor fosse embora

As delegadas da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher) Analu Lacerda Ferraz e Elaine Benicasa, detalharam o feminicídio de Joelma da Silva André, 33, que recebeu cerca de 9 facadas nesta quarta-feira (21), na casa onde morava com cinco filhos, no Núcleo Industrial do Indubrasil, em Campo Grande. O autor, Leonardo da Silva Lima, 37, convivente há 4 anos com a vítima, foi preso em flagrante.

Segunda a investigação, a fatalidade aconteceu na parte da manhã, mas a discussão entre as partes ocorria desde a madrugada. Joelma recebeu três facadas na face, cinco nas costas e uma facada que a perícia julga ser fatal, no tórax.

“Foi apurado até o momento que já existia uma discussão desde a noite de ontem e que o suspeito alegou que a vítima tinha outro relacionamento amoroso, o que o motivou a pegar uma arma branca e matá-la na frente dos cinco filhos, três filhos por parte da mãe e  outros dois filhos do casal”, conta Elaine.

Durante coletiva, a delegada confirmou que Leonardo e Joelma estavam separados e o autor tentava reatar o relacionamento. Diversos boletins de ocorrência foram registrados pela vítima, o último em março de 2023 de lesão corporal recíproca. Inclusive, neste b.o houve o pedido de medida protetiva, mas em maio de 2023, eles reataram o relacionamento e Joelma solicitou a revogação da medida protetiva.

Após a coleta de depoimento do autor, foi observado que na noite de ontem eles ingeriam bebida alcoólica com outros amigos, depois Leonardo foi embora e retornou para desferir as facadas. Há relatos de que a Polícia Militar foi até a residência, antes de acontecer o crime, para pedir que Leonardo fosse embora.

Depoimentos

No depoimento, Leonardo confessou o crime e disse que ficou com ciúmes de um possível relacionamento de Joelma. Ela pediu para terminar. O mesmo falou que esfaqueou a companheira porque é inadmissível que ela tenha outra pessoa. Ele demonstrou calma durante o interrogatório, não apresentou arrependimento ou desespero. Porém, em outro momento disse estar arrependido.

A filha da vítima, de 16 anos, presenciou o momento que Leonardo virava para a mãe e perguntava se a vítima iria largá-lo, entretanto Joelma dizia que não o largaria. Instantes depois Leonardo foi embora, foi quando a mulher disse para a filha: “Ele vai voltar e me matar.”

A adolescente participou das discussões. Ela disse que tentou separar a briga, quando o autor a empurrou e desferiu um tapa no rosto da menina. Depois ela foi dormir e só acordou com a irmã, de 13 anos, falando que a mãe estava morta. A adolescente disse que durante os 4 anos de relacionamentos as brigas nunca foram acaloradas demais, só recentemente que precisou intervir.

Já o filho de 7 ou 8 anos, que estava ao lado da mãe na hora da morte, foi ouvido na DEPCA (Del. Esp. de Proteção à Criança e ao Adolescente) relatou com detalhes toda a dinâmica do fato. Todos os depoimentos foram colhidos, restando somente algumas oitivas. O autor será encaminhado para audiência de custódia, visto que foi preso em flagrante.

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