Metalúrgicas não apostam em cenário positivo, mesmo com alta nas exportações de minério de ferro

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Foto: Nilson Figueiredo

Crescimento de 325,77% não exclui instabilidades no segmento, afirmam profissionais do segmento 

De acordo com dados obtidos na Carta de Conjuntura do Setor Externo de janeiro de 2024, publicada pela Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram cerca de 17,4%. Dentre os itens com maior relevância está o minério de ferro, que apresenta um aumento de 325,77% – com o Ferro-gusa elevado em 294,12%, aparecendo em 2º lugar no índice de crescimento. Mesmo com os números positivos na exportação, profissionais do setor apontam dificuldades no segmento na Capital.

O economista, Lucas Mikael, argumenta que o minério de ferro emerge como a principal contribuição na indústria minerária de Mato Grosso do Sul, destacando-se pela sua relevância econômica. “A Empresa Mineração Corumbaense Reunida assume uma posição de destaque como uma das principais potências do Brasil no setor de mineração. Com duas minas estrategicamente localizadas em Corumbá, esta empresa se destaca pela extração eficiente de minério de alto teor, consolidando sua posição como uma força vital na economia nacional”, destaca o economista.

O proprietário da Pefisa Iindústria Metalurgia, Sidonias Alves Ribeiro, 56, há pelo menos 40 como prestador de serviços no segmento, argumenta que o processo para que o minério de ferro chegue até a metalúrgica é longo, já que é preciso passar pela siderúrgica, primeira responsável pela transformação da matéria no ciclo de produção, para só depois chegar ao seu galpão. Na atualidade, ele avalia que o cenário é de instabilidade, dúvidas, medo, e insegurança no campo e que há receio com o governo vigente, por isso as pessoas estão tímidas em investir.

“Em 2023 as vendas caíram 30% e os preços caíram uns 50%, e não está vendendo o que vendia em 2022. Esse ano [2024] está o mesmo embalo, caiu uns 30%, o preço continua mais baixo do que estava e as vendas caíram”, lamenta o profissional, que destaca uma perda de faturamento de pelo menos R$ 13 milhões no comparativo entre 2022 e 2023.

Conforme pontua, um setor fortemente afetado pela mudança de governo e pelas políticas de preços foi o agronegócio. Em 2022, Ribeiro relembra que as vendas para o público rural e proprietários de fazenda eram feitas toda semana. No entanto, de 2023 a 2022, é sentida uma retração nas vendas para o setor.

“O agro é um setor que não está investindo. É um momento político de dúvida, insegurança e que não se sabe o que vai dar, então o país está dividido e é complicado no geral, não só no meu segmento. Se a gente não tiver estabilidade, ninguém vai investir, vão correr risco para que? Nós vendíamos o quilo de aço a R$ 15 e desse valor caiu para R$ 7 ou R$ 8, então caiu metade, 50%”, relata o proprietário da Pefisa, que relembra que as maiores vendas para o agro, eram para estruturas como galpões para armazenagem de grãos, confinamento e cobertura.

Crescimento constante na exportação

Conforme explica o economista Lucas Mikael, nos últimos anos, Mato Grosso do Sul tem experimentado um crescimento constante na exportação de minério de ferro e manganês. A empresa Mineração Corumbaense Reunida de MS conquistou seu lugar entre as dez maiores mineradoras do Brasil, contribuindo significativamente para a economia regional e nacional.

“Além disso, o maciço de Urucum, localizado em Corumbá e Ladário, destaca-se como um dos mais relevantes depósitos de minério de ferro e manganês no Brasil e no mundo, impulsionando ainda mais a posição do estado como um importante polo na indústria mineradora global”, revelou.

Atualmente, o setor de mineração está experimentando um verdadeiro “boom” de investimentos, com a entrada de novos players no mercado. O governo do Estado lançou, no ano passado, um ambicioso plano para dobrar a produção de minério de ferro e manganês.

“Essa iniciativa não apenas impulsiona a competitividade regional, mas também cria oportunidades significativas de emprego e contribui para o crescimento econômico sustentável. Com essa visão de futuro e os investimentos em curso, existe uma perspectiva muito otimista para o crescimento contínuo e robusto do setor de mineração em Mato Grosso do Sul”, afirmou.

Ruim para quem vende e bom para quem compra

O serralheiro, Robson Vilalba, 38, há 20 anos no ramo, argumenta que desde a pandemia, o preço da matéria- -prima vinha aumentando a cada cinco ou dez dias, o que levava ao aumento do valor repassado para a clientela. Desde setembro de 2023, ele afirma que os preços deram uma estabilizada e que de lá para cá, a diminuição foi positiva para as suas vendas. Atualmente o serralheiro utiliza estratégias como a máquina de cartão, a fim de não perder nenhuma venda, pois como o próprio profissional afirma, os preços muitas vezes são salgados.

“Uma peça tipo o metalão, que custava R$ 15 ou R$ 18, foi para R$ 40 e agora voltou para os R$ 30 e está mais ou menos nesse estilo. Os preços assustam um pouco, na hora que nós damos o preço os clientes dão uma assustada. Fica alto mesmo – e eu reconheço que fica alto o preço, mas a gente vai dividindo, vai conversando, aí eu tento traçar estratégias. Geralmente está sendo mais no cartão, dividido em três vezes sem juros e vai indo até conseguir conquistar.

Segundo Vilalba, que fabrica sobretudo portões, grades, portas e janelas, a clientela é bastante pontual. Conforme argumenta, se a pessoa fez um portão, provavelmente a peça durará vários anos, então é difícil ter uma clientela pontual e a busca é sempre por novos clientes. O ferro maciço na preferência do público decaiu e agora o que compensa mais para quem trabalha no ramo são as chapas do chamado metalon, devido à facilidade de manuseio. “Ferro maciço é pouco, saiu fora de linha, porque o pessoal quer mais estética. O metalon dá para deixar uma estética melhor e dá menos trabalho para mexer. Tubos quadrados são os que mais saem”, esclarece.

O instalador de gás predial e empresarial, Ariel Matheus, 26, argumentou que foi até a Pefisa para adquirir uma cantoneira, utilizada para fazer a mão francesa e segurar os coletores. Em sua avaliação, o preço está acessível. “Eu acho que o preço está bem acessível, sempre compramos aqui, cantoneira, questões de ferro, a gente sempre mexe aqui”, explica o instalador.

Por Julisandy Ferreira.

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