Mais de 30 mil famílias estão em abrigos, após terem suas casas destruídas
O professor de artes marciais e natural de Campo Grande, John Bodin, de 34 anos, mora há 8 anos no Japão, onde vive com a esposa e mais três filhos. Logo no primeiro dia de 2024, a família foi surpreendida por um terremoto de magnitude de 7,6 graus na escala Richter, que atingiu a província de Ishikawa, cidade onde reside há pelo menos 10 meses. O campo-grandense compartilhou os momentos de tensão, como agiu para levar sua família até uma zona segura e como tem sido os dias com alertas de novos desastres.
O brasileiro conta que já está em sua residência e que pelo fato de a casa não apresentar danos na estrutura, ele e seus familiares puderam retornar. Ao contrário de mais de 30 mil casas que ficaram parcial ou totalmente destruídas, e as famílias tiveram que ser encaminhadas para abrigos. “Já voltamos para casa, graças a Deus. A área onde estamos é considerada até segura, e estamos próximos a um abrigo, se houver necessidade vamos para lá. Até agora, só temos a agradecer”, celebra John.
Bodin explica que é comum no Japão os tremores de escalas menores e que achou que seria assim em 1º de janeiro. “Estávamos em casa quando começou com umas vibrações. Como já estou acostumado, pensei ‘vai dar jishin’ (terremoto), mas isso é natural aqui. Só que o balanço foi aumentando, até que começou a cair tudo no chão, jogando a gente de um lado para o outro, parecendo um boneco. Minha filhinha começou a chorar desesperada, peguei ela no colo e desci correndo para o primeiro andar, onde encontrei minha esposa e meus filhos”, detalha John.
Por experiência nessas situações, o brasileiro relata que alertou a família sobre a possibilidade de haver tsunami, devido aos fortes tremores no primeiro terremoto. Além disso, o lugar onde eles moram estava em área de risco, por ficar perto do mar. “Falei para minha esposa, esse terremoto foi muito forte, deve ter alerta de tsunami. Começamos a nos preparar, pegar kit de emergência, documentos e colocar algumas coisas (agasalhos) no carro. Em seguida, em dois minutos, recebi no celular alerta de evacuação.”
Após o alerta, John e sua família começaram uma corrida para alcançar um lugar seguro. “Colocamos as crianças no carro e começou o desespero. A cidade estava um caos, pessoas correndo nas ruas, congestionamento de carros, pessoas avançando o sinal vermelho. Todos indo sentido às montanhas, para tentar buscar um ponto alto”, detalha o brasileiro sobre uma das recomendações de segurança das autoridades japonesas.
Outra saída dada em situações de terremotos, segundo John, é buscar abrigos de evacuação, preparados pelas autoridades. Mas a orientação que ele seguiu foi se abrigar em uma região montanhosa, longe do mar. Local onde ele e sua família aguardam por mais informações.
O sofrimento continua
A Agência Meteorológica do Japão alertou que novos terremotos podem ser registrados no país, nos próximos dias e pediu atenção da população. “Há uma chance de 10% a 20% de outro terremoto de magnitude semelhante ocorrer na próxima semana”, disse uma funcionária da agência a jornalistas. As informações são do canal de televisão filipino ANC.
Até quinta-feira (4), às 13h, o número de mortos atingiu a marca de 84, as buscas por pessoas desaparecidas continuam. Mais de 31 mil pessoas estavam em abrigos. Quase 34 mil casas continuavam sem luz na região de Ishikawa, e outras 115 mil, sem água, de acordo com o governo. As condições adversas, como temperaturas abaixo de zero grau e chuvas, dificultam os trabalhos dos socorristas japoneses.
Por Suzi Jarde.
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