Chuva, retenção de cargas e caminhonetes atoladas são alguns dos desafios da expedição
Com o trecho total de 3.320 quilômetros e 100 participantes, a 3ª Expedição da Rota Bioceânica, também conhecida por Rila (Rota de Integração Latino- -Americana), saiu de Campo Grande com o objetivo de conhecer a rota de integração por onde deve passar os produtos exportados. Em quatro dias de viagem, alguns desafios já estão sendo registrados, como a retenção da primeira carga de carne pela falta de documentação e os veículos que atolaram em uma estrada sem pavimentação.
Apesar dos desafios, ontem (27), a comitiva chegou em San Salvador de Jujuy, na Argentina, rumo à subida da Cordilheira dos Andes. Para o jornal O Estado, o jornalista Paulo Cruz detalhou como foram os quatro primeiros dias de expedição.
“Feliz em fazer parte dessa história, a construção da Rota Bioceânica, que é um sonho tão antigo para a economia do Mato Grosso do Sul e do Brasil. Buscar esse novo caminho para o continente asiático pelos portos chilenos”, revelou.
Paulo continua dizendo que por onde a comitiva passou foi recebida com festa. A primeira parada foi na cidade de Sidrolândia. Ao chegar em Porto Murtinho, a equipe foi recebida com um coral.
.“Quando atravessamos de balsa o rio Paraguai até a cidade de Carmelo Peralta, primeiro lugar fora do Brasil, fiquei impressionado com a execução da obra, pois 40% já está concluída. A ponte está ficando linda, uma estrutura grandiosa”, ressaltou.
No último dia 25, a caravana da III Expedição da Rota de Integração Latino-Americana visitou as obras da ponte, no lado paraguaio. ponte, que tem previsão de ser inaugurada até o final de 2025, está em pleno andamento nos dois lados do rio Paraguai, com 40% das obras prontas.
A ponte está sendo construída por um consórcio binacional, sob a administração paraguaia da Itaipu. A ordem de serviço foi dada no dia 13 de dezembro de 2021, pelo governo paraguaio.
Na obra, trabalham cerca de 450 trabalhadores. A ponte possui 130 metros de altura, o equivalente a um prédio de 40 andares. O valor estimado do corredor é de US$ 85 milhões e tem uma extensão de 1.294 metros, dividida em três pontos: dois constituirão os viadutos de acesso de ambos os lados, e um corresponderá à parte estaiada, com 632 metros de comprimento, com vão central de 350 metros.
A expedição conta com a adesão de mais de 30 veículos e mais de 100 participantes, entre eles o titular da Semadesc, Jaime Verruck, e o assessor de logística Lúcio Lagemann, a prefeita da Capital, Adriane Lopes, e vários empresários, como o presidente da Setlog MS, Cláudio Cavol.
Entraves burocráticos
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Foto: Arquivo pessoal
A expedição também acompanha o primeiro embarque oficial de mercadorias produzidas em Mato Grosso do Sul, 12 toneladas de carne congelada e desossada bovina do grupo JBS, que segue em um caminhão refrigerado. Sobre a carga de carne até ontem (27), o caminhão frigorífico de cargas seguia retido em Ponta Porã. Conforme informações, o veículo está desde a última sexta-feira (24) na cidade. O motivo informado foi falta de documentações. Contudo, assim que a situação for solucionada, ele deverá seguir viagem e acompanhar a expedição.
Caminhonete atoladas
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Foto: Arquivo pessoal
No terceiro dia de expedição duas caminhonetes da comitiva acabaram atoladas. Como o grupo levou uma série de equipamentos de segurança, como cordas e cabos de aço, os próprios ‘rileiros’ fizeram o resgate dos participantes.
Por conta do mal tempo e chuva, o comboio precisou mudar a rota e os veículos acabaram ficando atolados.
Prefeitura discute integração e parcerias comerciais no Chile
O grupo técnico da Prefeitura de Campo Grande, incluindo a prefeita Adriane Lopes, esteve reunido ontem (27), com autoridades de Iquique e de Tarapacá. O objetivo foi apresentar o potencial econômico sustentável da Capital, além de realizações de parcerias comerciais, turísticas e tecnológicas.
Durante a manhã, a equipe se reuniu com o Alcade de Iquique – cargo equivalente a Prefeito –, Maurício Sória, no prédio da Municipalidade. Em seguida, aconteceu o encontro com o governador regional de Tarapacá, José Miguel Carvajal, no prédio do Governo.
“Teremos uma série de agendas importantes. Nosso objetivo é promover o desenvolvimento tecnológico sustentável da nossa cidade, mas também o intercâmbio cultural, por meio do turismo e outras possibilidades. Acreditamos que Campo Grande já é a Capital da Rota Bioceânica. Finalizando essa obra, possivelmente as transações serão mais rápidas e mais simples, mas nós estamos avaliando a rodovia que vai interligar Campo Grande ao Chile, estamos vendo também possibilidades como hidrovia, ferrovia e aérea”, ponderou a prefeita Adriane Lopes.
Ela reforça que a administração de Campo Grande está avançando e que a rota vai fomentar a geração de novos empregos, a economia e o desenvolvimento sustentável da Capital de MS. A agenda segue nesta tarde com visitas aos polos empresariais na Zona Franca de Iquique.
O prefeito de Iquique, Maurício Sória, falou da importância da integração de Campo Grande com o Chile. “Estamos muito felizes de receber a prefeita de Campo Grande. Esta é a primeira vez que um chefe de Executivo municipal vem até Iquique em busca de parcerias comerciais. Cada dia se torna mais real esse sonho de mais de 50 anos, de poder conectar o Brasil com o Pacífico e o Pacífico com o Brasil e, neste caso, Iquique com Campo Grande, Tarapacá com Mato Grosso do Sul, porque finalmente isso vai atrair um benefício econômico muito grande para os habitantes de Campo Grande e Iquique. Acreditamos que vai melhorar a vida, os ingressos econômicos.” O governador José Miguel Carvajal também destacou que a visita é muito importante, por ser a primeira vez que um chefe de Executivo de Campo Grande vai até Taparacá em busca de parcerias comerciais em prol do desenvolvimento econômico sustentável, turístico e cultural.
“Essa é uma visita histórica para nós, pois, pela primeira vez, um chefe do Executivo municipal vem até a região de Tarapacá. É algo sumamente importante, os laços econômicos entre os empresários, da comunidade, para que possamos proporcionar empregos. É tão necessário e fundamental, o trabalho que a prefeita desenvolve pela sua comunidade, por todo o sistema empresarial e que vamos fortalecer por meio do Corredor Bioceânico”, destacou Carvajal.
Corredor bioceânico
O Corredor Bioceânico, que inclui uma ponte internacional, estradas e alfândegas, segundo estudos da EPL (empresa de planejamento e logística) pode encurtar em mais de 9,7 mil quilômetros de rota marítima a distância nas exportações brasileiras para a Ásia. Só para citar o impacto na movimentação de produtos, para o Mato Grosso do Sul, que produz quatro vezes mais grãos que todo o Paraguai, o corredor significará uma redução de 25% a 30% em seus custos na hora de escoar a produção.
Em escala mais ampla, hoje, os produtos destinados à Ásia devem subir pelo Canal do Panamá ou descer pelo Estreito de Magalhães, o que gera duas semanas de viagem, enquanto com o novo circuito – que tem o Chaco paraguaio como eixo central – diminui consideravelmente, por isso é comparado com o Canal do Panamá terrestre. Em uma viagem para a China, por exemplo, pode reduzir em 23% o tempo, o que corresponde a cerca de 12 dias a menos.
Por – Thays Schneider
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