Vereadora de Três Lagoas é acusada de quebra de decoro

Reprodução/ Divulgação
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Sayuri Baez denúncia que, por ser da oposição, sofre perseguição

“Não é fácil ser vereadora da oposição, que cobra transparência, que cobra a gestão do dinheiro público e aponta falhas na gestão. Não vou renunciar, vou até o fim. Sou perseguida desde o primeiro dia do mandato e ficarei vereadora até onde Deus permitir. Não faz parte do meu perfil. Sou resiliente e confiante, fui eleita pelo povo e vou continuar o meu trabalho”, desabafa a vereadora de Três Lagoas, Sayuri Baez (Republicanos).

A parlamentar terá que enfrentar a abertura de comissão processante por, supostamente, ter agredido fisicamente e verbalmente o vereador Antônio Empeke Júnior, o Tonhão (MDB), líder do prefeito na Câmara. A confusão aconteceu depois de uma discussão no estacionamento do órgão entre os vereadores. A vereadora foi pedir para o colega parar de atacá-la pessoalmente, em vez de argumentar sobre os projetos que defende. Para sua surpresa, após o episódio, um cidadão, que ela não conhecia, entrou com pedido na Câmara para sua cassação. A comissão foi instaurada no dia 17 de outubro e acolhida por votação pela maioria dos vereadores, sendo composta, por sorteio, pelos vereadores: Sirlene dos Santos Pereira (PSDB/presidente), Marisa Andrade Rocha (MDB/relatora) e Davis Martinelli (União Brasil/membro)

Sayuri nega veemente as acusações e diz que, na verdade, a instauração da comissão tem cunho político, por ela ter se negado a votar favorável ao projeto do Executivo para o prefeito ser autorizado a pedir um empréstimo. Além disso, alega perseguição política. “Duas sessões atrás, recebemos um projeto de lei na Câmara Municipal, do prefeito Ângelo Guerreiro (PSDB), pedindo um empréstimo ao Banco do Brasil de R$ 120 milhões para realizar infraestrutura em alguns bairros. E, como vereadora independente, fui contra esse empréstimo. Mas não às melhorias dos bairros, de forma alguma. Fui contra a forma como chegou  esse projeto. Como será pego um empréstimo de R$ 120 milhões, com dinheiro na conta, pagando juros até 2040, para outro prefeito pagar? Sou contra. A cidade está um canteiro de obras, vamos terminar o que foi iniciado. Temos um ano só. O novo prefeito, a partir do ano que vem, que faça esse empréstimo, se achar viável, nós temos dinheiro em conta”, explicou. 

Segundo a vereadora, o vereador Tonhão, líder do prefeito, suposta vítima, em vez de defender o projeto apresentado, resolveu atacá-la, algo que não seria inédito. “O líder do prefeito, Tonhão (MDB), em vez de defender o projeto, em vez de argumentar, não. Ele mais uma vez vem me atacar. Atacar a minha pessoa, atacar a minha vida e eu não aceito, porque não é a primeira vez, nem a segunda ou quarta. Já me chamou de palhaça durante a sessão. É difícil! Diante de tudo isso, fui conversar com ele no intervalo, no estacionamento. Pedi para ele parar de me atacar, de me perseguir,para ele ter argumentos para defender o prefeito, não me atacar. E nessa discussão toda surgiu uma pessoa chamada Reinaldo, que eu não conheço, da Vila Zuki, vem até a sessão e protocola uma denúncia contra a minha pessoa, pedindo a cassação”, desabafou. 

Para a vereadora, a abertura de comissão processante nada mais é que uma manobra política, como resposta por ela ter aparecido em segundo lugar em pesquisas recentes de intenções de votos para a prefeitura nas próximas eleições. “Existe uma perseguição? Com certeza, desde o início. Porque eu sou uma vereadora da oposição. Sou uma vereadora independente. Existe perseguição, sim. Foi feita uma pesquisa, na semana passada, na cidade, para saber em quem a população votaria para prefeito, se a eleição fosse agora. O meu nome, até assustei, porque não esperava esse resultado, apareceu em segundo lugar como pré-candidata a prefeita de Três Lagoas. E vocês acham que isso não causa uma perseguição, uma manobra política para cassar o meu mandato, me deixar inelegível? Com certeza. Absoluta.” 

Sayuri afirmou ainda que não existe possibilidade de ela renunciar a seu mandato. “Não vou renunciar. Vou até o fim. Apresentando defesa, correndo atrás. Nunca baixei a cabeça e não vou baixar agora. Então, existe uma denúncia e pedem minha cassação. Eu não tive agressão física, não bati em ninguém, não sou uma pessoa perigosa, de jeito nenhum. Quem me conhece sabe do meu caráter”, finalizou.

A reportagem tentou entrar em contato com o vereador Tonhão, para ouvir sua versão dos acontecimentos, mas não foi atendida. Entre os membros da comissão, falou com a reportagem o vereador Davis Martinelli, que explicou que os trabalhos de investigação, ainda não foram iniciados e que aguarda as ações da presidente da comissão. No entanto, ele salientou que a vereadora terá a oportunidade de se defender da acusação.

 

A investigação

A comissão instalada deve ouvir ambas as partes, colher provas e decidir se a vereadora é culpada ou não de decoro parlamentar. A pena é a cassação do mandato. Com a investigação concluída, os 17 vereadores decidem se cassam ou não a vereadora.

 

Por – Daniela Lacerda.

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