Nathalya Mendonça deixa Campo Grande e encara novo desafio
Dona de três medalhas de ouro nas Paralimpíadas Escolares, em São Paulo (SP), no mês de novembro, Nathalya Mendonça Ribas, inicia 2020 com novo desafio. A campo-grandense, de 17 anos, viajou a São Paulo para defender seu novo clube: o Sesi-SP.
Destaque nos 100m, 400m e salto em distância, a paratleta da classe T13 (baixa visão), deixa o projeto Seninha para se tornar mais um talento no esporte a deixar Mato Grosso do Sul. “O Sesi é um dos maiores clubes olímpicos e paralímpicos que tem no Brasil. O técnico de atletismo é meu amigo, uma pessoa que admiro demais, que é o Daniel Biscola. Todo ano, o clube faz uma espécie de seletiva para recrutar novos atletas e também renovar com aqueles que já existem. E, pintou um convite para a Nathalya. Antes de ir para a paralimpíada (escolar) ela recebeu um convite para fazer o teste”, disse o técnico Daniel Sena, em entrevista ao site Só Por Esportes.
“Ela veio, conversou comigo, “professor, o que o senhor acha de eu ir para o Sesi fazer um teste?”. No primeiro momento, disse que tudo bem, que precisava conversar com sua mãe, para ver se é isso que a sua mãe e você quer. É sempre bons novos desafios, mas sou uma pessoa que estive nos dois lados da situação. Sou atleta, ex-velocista e hoje sou treinador de atletismo. Então, sei muito bem o que rola lá fora”, comenta Sena, responsável pelo Seninha e que também leciona a modalidade na rede pública de ensino.
“Muitas vezes eles ficam muito empolgados, então acho muito importante o treinador sentar com a mãe, com a filha, e eu falo a realidade… Algumas semanas depois conversei com a Nathalya novamente e perguntei se era o que ela queria mesmo e ela falou que sim… Eu gosto é de transparência, não vou impedir ninguém (de ir para outro clube). Agora, se chegar para mim, “olha professor recebi um convite, estou indo embora amanhã, tchau”, aí já é diferente”, analisa.
Sobre o desempenho nas pistas da paratleta, parece não haver dúvida de um futuro promissor. “Ela foi fazer o teste, passou e passou bem. Está em uma ascensão maravilhosa no atletismo e resolveu ficar (no Sesi). Foi uma transição saudável e fico orgulhoso porque a Nathalya não é a única. Já tive seis atletas que foram embora (de Mato Grosso do Sul). Para mim é uma alegria porque é sinal que está saindo bons frutos”, acrescenta Sena.
Professor vê adaptação a SP como fase de transição e mantém otimismo
Segundo o técnico, Nathalya começou a praticar o atletismo com dez anos e aos 12, “deu uma parada”. Retornou com 16. “Voltou já com acentuado grau de deficiência visual, foi onde a gente começou a trabalhar e encaminhar para o paradesporto”, pontua o professor que também tem destaque pelo trabalho que desenvolve na Escola Estadual Manoel Bonifácio Nunes da Cunha, no
Jardim Tarumã.
Nathalya é mais nova, por exemplo, do que dois dos talentos que também trocaram o Estado por São Paulo há pelo menos duas temporadas. Davi Wilker, hoje com 22 anos, e sua prima Gabriela Mendonça, com 21, hoje são destaques nacionais e também treinam na capital paulista, mas no CT Paralímpico.
Sena falou sobre a adaptação destes jovens em ter de morar longe da família. “A questão da adaptação é relativa. Tem atleta que chega lá, desenvolve, e tem outros que levam certo tempo. A Gabriela levou certo tempo para se adaptar, agora já está muito bem, ela é uma das melhores do mundo. O Davi está em fase de adaptação. A Raiane, uma atleta do olímpico, levou um ano para adaptar e engrenou”, observa.
“Realmente é uma fase de transição bem difícil, mas é um desafio. Eles já estão cientes, a gente torce muito para a felicidade deles, que eles vão chegar aonde querem. São talentosíssimos, então acredito muito neles”, completa.
(Texto: Luciano Shakihama)