Calor intenso provoca queda no preço de ovos

Foto: Ovos estão com
preço mais em conta
nos supermercados/Nilson Figueiredo
Foto: Ovos estão com preço mais em conta nos supermercados/Nilson Figueiredo

Cartela de 20 unidades, por exemplo, está custando R$ 12,95

O preço do ovo de galinha está mais barato para o bolso do consumidor. A retração ocorre pela movimentação do setor aviário, que além de retomar a produção em maior escala, tem sido desafiado pelo calor de 40ºC provocado pelo El Niño nas últimas semanas.

Na Capital, o jornal O Estado apurou, em cinco supermercados, os valores dos ovos comuns que chegam ao bolso do consumidor. A partir do levantamento, foram verificados os preços das cartelas com 12 unidades, 20 unidades e 30 unidades. No supermercado Gaúcho, a cartela com 12 unidades é comercializada a R$ 8,49, enquanto a de 20 unidades é vendida a R$ 12,95 e a de 30 unidades a R$ 19,95; Já no supermercado Comper, localizado na avenida Rui Barbosa, os ovos da marca Yabuta são vendidos a R$ 11,99 a cartela com 12 unidades, R$ 15,99 a cartela com 20 unidades e R$ 25,99 a cartela com 30 unidades.

Enquanto a cartela da marca Camva é comercializada a R$ 16,98 com 20 unidades; no mercado Bandeiras os preços mantêm a mesma média, sendo R$ 11,60 a cartela com 12 unidades, R$ 17,99 a cartela com 20 unidades e R$ 26,99 a cartela com 30 unidades; No supermercado Tropical, é comercializada apenas a cartela com 12 unidades, que é vendida a R$ 12,49. Por fim, no Box do Gordinho, os preços da cartela fechada somam R$ 30 a cartela com 30 unidades e R$ 15 a cartela com 12 unidades. 

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no segundo semestre deste ano, a produção de ovos de galinha em Mato Grosso do Sul chegou a 18.978, com 3.508.967 galinhas poedeiras responsáveis pela produção. Os números se referem especificamente aos estabelecimentos com 10.000 ou mais animais em MS, que hoje totalizam 50 unidades em todo o Estado. No Brasil, no segundo semestre de 2023, os números de ovos produzidos chegam a 184.982. 851 produzidos a partir de 1.046.525 de galinhas poedeiras. 

O diretor-administrativo da distribuidora de ovos Camva (Cooperativa Agrícola Mista de Várzea Alegre), Reinaldo Issao Kurokawa, explica que embora possa parecer uma movimentação pontual, na verdade, o que acontece em 2023 faz parte de um ciclo de mercado que vem desde 2018. “O início da pandemia [2020] foi bom para nós, mas, conforme as coisas foram se acalmando, mudou o movimento, com a covid-19. Em 2020 foi péssimo e, em 2021, começamos a diminuir a oferta de ovos, então a tendência é subir o preço. Lei da oferta e procura, o aumento da oferta derruba os preços”, explica o diretor da Camva. 

Em 2022, o ovo chegou ao preço recorde, inclusive com os valores da matéria no início de uma diminuição nos preços. “Começamos o ano de 2023 como um ano muito bom e nós estamos passando por um movimento de aves menor. De 2021 para cá, nós tivemos um movimento de diminuição do plantel. E em 2023, nós estamos passando por retomada, um aumento no plantel de aves. Hoje tem mais oferta porque teve um aumento de plantel, então estamos voltando a uma alta produção de ovos. Aumentando a produção, há aumento de oferta, o mercado não absorve e a tendência é cair e cair, até achar o equilíbrio de novo”, destaca Kurokawa. 

Milho 

O economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho, Staney Barbosa Melo, explica que, para ele, existem dois fatores cruciais na queda do preço dos ovos. São eles: o calor e a maior oferta de milho. 

“O principal é o calor. Estamos em ano de El Niño e as temperaturas altas estão impactando na perecibilidade dos ovos. Com ondas de calor, a produção precisa ser escoada mais rapidamente, e o mecanismo pelo qual os negociantes conseguem acelerar as vendas é pela queda nos preços do produto. Temos, portanto, um cenário muito desafiador para quem é do ramo. As ondas de calor tendem a reduzir a produtividade das granjas, ao passo que obrigam elas a acelerar as vendas”, explica o especialista, que pontua, ainda, que os fatores conflitantes são uma situação delicada para quem é do ramo e, consequentemente, afeta na queda dos preços e da produção. 

Já o segundo fator que o economista cita, afeta porque o milho sofreu queda nos preços em decorrência dos preços da “safrinha”. Como destaca o economista, o milho é o principal insumo das granjas. “Com custos menores, os produtores encontram mais margem para praticar preços menores, mas isto também está sendo descompensado pela questão do clima. Com o calor, aqueles que podem acabam investindo em infraestruturas de climatização, o que também aumenta os custos de produção. São esses pontos, na minha visão, os principais fatores que explicam as quedas nos preços dos ovos”, argumenta Melo.

A médica-veterinária da distribuidora de ovos Camva, Elise Iwakura, de 38 anos, explica que as aves possuem um sistema diferente dos seres humanos, na transpiração. Por isso, requer cuidados específicos com as altas temperaturas. “As aves não transpiram como nós e para fazer a regulação da temperatura corporal, utilizam de outros mecanismos, como o aumento da frequência respiratória para “perder” o calor. [Também utilizam] a termorregulação comportamental, que é basicamente, espalhar as asas para liberar mais calor e beber mais água”, explica.

Por – Julisandy Ferreira

Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.

 

Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *