Foi deflagrado nesta terça-feira (07) uma operação para desarticular uma suposta célula da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no Distrito Federal. Ao menos 120 policiais civis participam da Operação Guardiã 61, organizada pela Divisão de Repressão a Facções Criminosas da Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado.
Cerca de oito mandados de prisão e cinco de busca e apreensão foram cumpridos. Três suspeitos já são considerados foragidos. Há ainda três investigados que deverão ser presos nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
De acordo com a Polícia Civil, pelo menos 30 pessoas integram a célula da facção criminosa no Distrito Federal, mas nem todas foram identificadas. Segundo a polícia, os membros do grupo se dividiam em núcleos específicos de atuação para praticar diversos tipos de crime, como roubo e tráfico de drogas e de armas.
O objetivo principal, contudo, era estabelecer as condições necessárias ao desenvolvimento e consolidação do grupo na capital federal, para onde, no ano passado, integrantes da cúpula do PCC foram transferidos para cumprir pena em presídio federal de segurança máxima.
“A Polícia Civil do DF vem fazendo um monitoramento e uma repressão às facções criminosas que atuam nacionalmente. Já foram realizadas mais de 300 prisões em cinco anos e, com a transferência das lideranças para o Distrito Federal, iniciamos essas investigações justamente para monitorar um acréscimo de faccionados, um movimento de migração de indivíduos desta facção aqui para o Distrito Federal”, informou o delegado Leonardo de Castro.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, ao longo de um ano de investigações, foram reunidas provas de que o grupo contava com o auxílio de advogados e de presidiários que cumprem pena em mais três unidades da federação. De acordo com a corporação, o grupo chegou até mesmo a ameaçar autoridades, como juízes e policiais do Distrito Federal.
“O foco inicial da investigação foi a detecção de uma ameaça a um juiz do Distrito Federal”, revelou Castro, explicando que a operação só não foi deflagrada antes porque havia suspeita de que membros da facção planejavam resgatar um dos líderes nacionais do grupol. “A operação poderia ter sido deflagrada um pouco antes, mas, em razão de algumas informações neste sentido, achamos por bem retardá-la a fim de continuarmos monitorando o grupo. A informação [da tentativa de] resgate, no entanto, acabou não se confirmando.”
O delegado Guilherme Melo disse que a ameaça a um juiz da Vara de Execuções Penais, por meio de um bilhete, evidenciou o envolvimento de advogados com o esquema criminoso. Três advogados estão sendo investigados – e dois deles foram alvo dos mandados de busca e apreensão cumpridos hoje.
“As investigações mostram que as ameaças comprovam a existência de atividade da facção criminosa no Distrito Federal, com a participação dos chamados ‘gravatas’, ou seja, advogados. Isso a gente já observava em outras unidades da federação. Com a vinda da cúpula para cá, esse setor específico passou a atuar também aqui, no Distrito Federal”, afirmou Melo.
Segundo o delegado, os criminosos chegaram a compartilhar, entre si, informações pessoais de delegados que atuam no combate a organizações criminosas.
Ele explicou que, com a ajuda dos advogados, membros da facção alugaram imóveis comerciais em regiões administrativas para servir como “casas de apoio”, ou seja, uma espécie de base onde o PCC podia armazenar drogas e armas e hospedar temporariamente integrantes vindos de outras localidades.
(Texto: Izabela Cavalcanti com informações da Agência Brasil)