Campo Grande foi uma das primeiras capitais do País a reajustar o valor da tarifa do ônibus para 2020. O valor subiu de R$ 3,95 e para R$ 4,10, marcando em R$ 0,15 a mais no preço unitário do transporte coletivo. Apesar do aumento, o Consórcio Guaicurus alega que a fórmula do reajuste deveria ser readequada, já que o termo estaria estabelecido em contrato, sendo que o prazo para ser realizado venceu em 2019, portanto, a empresa deu entrada a um pedido que pede uma nova avaliação do valor cobrado.
A prefeitura, através da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), órgão responsável pelo estudo dos cálculos do reajuste do serviço, aponta como inviável o acréscimo, e garante que a tarifa está fixa em R$ 4,10.
Segundo o presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, apesar de a Capital ter efetuado o reajuste do transporte coletivo, os critérios estabelecidos no início do contrato não foram seguidos, por conta disso, a empresa entrou com pedido para readequar o valor total da tarifa, mas ainda não estabeleceu um preço final. “Nós estamos pedindo que a prefeitura reavalie o reajuste apontado como R$ 4,10, o valor total desse reajuste nós não temos, mas deveria ser maior que o atual”, assegura.
O presidente do Consórcio ainda aponta que um dos principais impostos cobrados pela prefeitura foi ignorado durante o cálculo da atual tarifa. “São dois pontos que nós usamos para estabelecer esse critério: o 1º é a incidência do ISS, que esse ano é de 1,5%, e a Agereg não utilizou isso no calculo; o 2º item é uma revisão da forma de calcular a tarifa, que estava prevista em contrato, para que no 7º ano, que seria em 2019, houvesse uma mudança na forma de organizar a tarifa, mas a prefeitura não fez essa revisão”, relata.
O diretor-presidente da Agereg, Vinícius Campos Leite, declara que não existe a possibilidade de um novo reajuste, já que caso fosse aprovada, desestimularia o consumo do serviço. “O valor pedido pelo Consórcio é algo impraticável, e não será viabilizado. O aumento excessivo da tarifa do transporte coletivo, só reduz a utilização do serviço”, frisa.
Após a chegada dos aplicativos que disponibilizam viagens individuais, por um valor mais acessível, o número de usuários do transporte coletivo reduziu consideravelmente. “Por mais que o consórcio venha perdendo passageiros ano a ano, nós entendemos que isso ocorre por conta da má qualidade do serviço, e nós não podemos utilizar o reajuste da tarifa para tentar solucionar esse problema, pois, isso criaria um novo problema para a empresa e para a população. Por conta disso, não haverá reajuste”, esclarece.
Polemica do reajuste
O valor do reajuste da tarifa é algo mal visto pela população, em que, geralmente, aponta como necessário a melhora nos serviços prestados, para existir a justificativa do aumento. Porém, João Rezende explica que o reajuste do serviço é algo necessário para que possa dar continuidade ao atendimento. “A revisão tarifaria é um mal necessário, e não se diferencia de nenhum outro produto oferecido, mas sempre que existe essa majoração de preço existe uma polêmica em torno do tema, por exemplo, se a gasolina subiu eu vou passar a usar menos, mas, é um pouco mais difícil comparar com o transporte, mas é preciso”, pontua.
Comprometimento da renda do trabalhador
A CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), aponta que o aumento da tarifa do passe do ônibus é algo que compromete a renda do trabalhador, já que, o funcionário, que trabalha por 8 horas, recebe uma remuneração diária em média de R$ 40, portanto, R$ 8,2 diária no atual valor do transporte coletivo, compromete mais de 20% no orçamento. Portanto, a instituição defende que o reajuste precisa ser realizado com base na realidade do usuário que utiliza o serviço todos os dias. (Amanda Amorim)