[Texto: Julisandy Ferreira, Jornal O Estado de MS]
Especialistas esperam reflexos a longo prazo
Pela primeira vez em três anos, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) reduziu a taxa de juros. A retração foi de 0,5 ponto percentual (pp), saindo de 13,75% para 13,25% ao ano. Com isso, o setor industrial de Mato Grosso do Sul comemora a queda e já vê um cenário mais positivo.
Segundo o presidente da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul), Sérgio Longen, a redução é um sinal para o mercado de que a economia está voltando a se estabilizar. “Esse é um sinal claro de esperança, de que até o final do ano será possível chegar em 12% e, aos poucos, se aproximará do percentual da inflação. Resumindo, é um sinal positivo, mas precisa baixar mais e dar esperança para que possamos retomar os investimentos todos”, comemorou o presidente.
Apesar de considerar a redução tímida, o líder empresarial acredita que a decisão de cortar os juros em 0,5% anima empresários e investidores.
Reflexo
O economista Lukas Mikael avalia a agilidade para a redução da Selic como natural e fundamental para a saúde financeira do país. “Se, por um lado, o BC se mostrou muito ágil ao subir de modo consistente e sólido a Selic logo no início do processo inflacionário, por outro, ele demonstra velocidade fundamental para dar início ao processo de queda. (…) O mercado deve manter os ânimos contidos nas projeções para as próximas reuniões. O cenário inflacionário ainda apresenta riscos de alta e baixa dos preços adiante e a conjuntura demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O que o comitê do BC quis passar é para que todos tenham calma. Afinal, para continuar a queda, dependemos dos fatores econômicos”, pontuou Mikael.
Embora haja um cenário positivo e uma celebração do setor industrial, efeitos significativos devem ser esperados em longo prazo, mas, num primeiro momento, os impactos não serão tão expressivos, afirma o especialista.
“A indústria é um dos principais setores afetados pela Selic mais alta. Quando a taxa Selic é reduzida, o crédito se torna mais barato e o consumo tende a aumentar. Isso beneficia a indústria, pois o
aumento do consumo pode estimular a demanda por produtos e serviços. A decisão de cortar 0,50 pp não muda muito as condições que temos hoje. Até passaremos a ver algum alívio nas condições monetárias e creditícias no sentido de juros menores, mas até isso se refletir em uma atividade mais pujante ou em um crédito mais expansionista, que leve o país a ter uma melhora na atividade, ainda leva um grande tempo para um impacto real no setor industrial ou no Estado de Mato Grosso do Sul, por exemplo”, explica Mikael.
O economista Eduardo Matos avalia que MS tem recebido grandes investimentos na indústria e que há um destaque para a agroindústria, que deve, em razão da redução da Selic, receber ainda mais investimentos. “Se o corte da Selic refletir no barateamento das linhas de crédito, sobretudo empresariais, o que deve ocorrer, podemos ver uma nova onda de investimentos no Estado. Principalmente porque a atividade econômica está voltando a aquecer e o setor produtivo, que clama por ampliação de sua capacidade de produção”, destaca Matos.
Decisão
A queda na taxa de juros, mesmo que ainda seja “tímida”, já tem mexido com a confiança de, pelo menos, três setores da economia em Mato Grosso do Sul, que se demonstraram mais otimistas. Na
quarta-feira (2), o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) baixou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, saindo de 13,75% ao ano para 13,25%. Esse foi o primeiro corte desde agosto de 2020, quando os juros foram reduzidos de 2,25% para 2% ao ano. Acesse também: Rodolfo Nogueira se destaca durante a CPI do MST ao inquirir José Rainha