[Texto: Julisandy Ferreira, Jornal O Estado de MS]
Mudança no preço de paridade e retorno dos tributos têm causado oscilação no preço do litro
A “gangorra” no preço dos combustíveis tem confundido os condutores sobre o que é mais viável na hora de abastecer. Após a mudança no PPI (Preço de Paridade de Importação) e o retorno dos tributos federais, a gasolina tem ficado bastante instável. Prova disso é que somente neste ano já houve quatro reajustes, sendo um aumento e três quedas, nas distribuidoras.
O diretor-executivo do Sinpetro/MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul), Edson Lazarotto, avalia a oscilação nos preços como algo positivo para a população. “Com relação à oscilação de preços na Capital, é puramente a lei da livre concorrência, o que favorece o consumidor. O etanol teve queda nos últimos dias, o que ajudou a derrubar os preços da gasolina, visto que na composição da gasolina tem 27% de etanol”, avaliou.
Com relação à alteração na política de preços adotada pelo governo federal e a volta dos tributos federais, Lazarotto esclarece que as oscilações de preços nas bombas não necessariamente têm relação com as decisões das políticas adotadas. “Somos o último elo dessa cadeia, ou seja, recebemos os produtos com margens das distribuidoras, fretes, custo da refinaria e armazenamento”, argumenta Lazarotto.
O economista Lukas Mikael esclarece que as oscilações são naturais e podem ocorrer em intervalos curtos de tempo, o que reflete a dinâmica do mercado. Os preços da gasolina e do etanol, por exemplo, são influenciados por uma variedade de fatores econômicos, políticos e climáticos que podem variar ao longo do tempo.
“É sempre recomendável que o consumidor brasileiro acompanhe as notícias econômicas e as políticas relacionadas aos combustíveis para entender melhor as tendências de preços. É a única forma dele se programar de maneira efetiva para uma oscilação no preço da gasolina”, pontua Mikael.
O profissional esclarece ainda que há sempre dois fatores que afetam o preço da gasolina – preço internacional e políticas do governo. “Preço internacional, devido ao Brasil não produzir petróleo em grande escala e aí depende do mercado internacional. Já as oscilações no preço internacional do petróleo podem ser causadas por diversos fatores como conflitos geopolíticos, oferta e demanda global, variações sazonais e desastres naturais, que afetam diretamente o preço da gasolina no mercado interno”, pontua. Nova política de preços da Petrobras, volta dos tributos e aumento do ICMS
Neste ano, especificamente em 16 de maio, o PPI adotado pela Petrobras em 2016 teve fim. O atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reformulou o modelo e, agora, o novo formato considera também a demanda do mercado interno. Durante sete anos, o preço dos combustíveis acompanhou as oscilações do valor do barril de petróleo no mercado internacional, assim como a cotação do dólar. No período de vigência, o preço da gasolina subiu mais que a inflação e a Petrobras obteve lucro recorde.
A nova política de preços da Petrobras considera, além do mercado internacional, o mercado nacional e as margens da companhia. O PPI não foi abandonado por completo, mas ele não é mais o único critério.
Também entram na conta os preços dos combustíveis vendidos pelas refinarias privadas e importadores, assim como os preços dos produtos substitutos, como o etanol hidratado, no caso da gasolina.
A Petrobras afirma que reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida. Porém, não serão mais repassadas para os preços internos as variações de cotações internacionais e da taxa de câmbio.
Em comunicado relativo à mudança de estratégia, a Petrobras pontuou que as decisões relativas à estratégia comercial seguem sendo feitas pela empresa por meio do Grupo Executivo de Mercado e Preço, composto pelo presidente da companhia, o diretor-executivo de Logística, Comercialização e Mercados e o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores.
No dia 1° de junho começou a vigorar o ICMS fixo em todos os Estados, de R$ 1,22. Em Mato Grosso do Sul, o aumento foi de R$ 0,30, porque antes o imposto estadual era de R$ 0,92.
Já no dia 29 de junho, voltaram a ser cobrados os impostos federais, reajustando R$ 0,33, segundo estimativa da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes).