Realizado pela Bassetto Ballet, a 5ª edição do Workshop, que conta com a pré-seletiva para a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, acontece entre os dias 16 e 18 de agosto, dando acima de tudo uma oportunidade para que crianças – nascidas entre 2001 e 2010 – possam sonhar em dançar no mais icônico ballet da história.
“Sempre que trouxemos a seletiva, alguém do nosso projeto social passou. Essa menina, Giovana, não sei como ela não passou ano passado, só devido que a seletiva ano passado foi muito concorrida, mas ela vai tentar de novo. Temos um grupo separado de nove crianças, que forçamos na aula com os professores, já no método cobrado pela Escola… então a expectativa é sempre a melhor”, explica o responsável pelo projeto social da Bassetto Ballet, Adalton Garcia.
Movido pelo desejo de proporcionar para crianças carentes o que Cecília Bassetto (sua filha e madrinha do projeto) pôde conquistar por meio da dança, com o apoio do Centro Cultural José Octávio Guizzo, a inciativa social – que era realizada no Horto Florestal – com o novo espaço pôde atender e ampliar o número de pequenos abraçados pela ideia de Adalton, que na maioria das vezes arca com boa parte dos custos e, apesar da busca pelo apoio de empresários, não se deixa desmotivar pela falta de assistência e sensibilidade de quem tem condições de ajudar. “Os empresários ainda não se tocaram que, às vezes, é mais importante você doar para um projeto desse do que fazer a dedução do imposto de renda e deixar na mão dos governos, seja estadual, federal”, destaca Adalton.
O Teatro Bolshoi é considerado uma das melhores para dançar balé e além de ser um edifício histórico da cidade de Moscou, capital da Federação Russa.
“Sabe quanto me custaria para atender 500 crianças? Cerca de 75 mil por ano. Cada criança iria me custar 150 reais por ano… divididos por 10 meses de aula são 15 reais por mês. Se o empresariado quisesse, ele era capaz de ajudar o projeto, falta uma sensibilidade, e se eles dessem um pequeno gás para a gente. Meu projeto de vida é este, e enquanto eu tiver vida vou fazê-lo, se ninguém me ajuda eu faço com a força que eu tenho”, pontua.
Nos dias 16 e 17 acontece o workshop, que está com inscrições para o curso via Facebook e Instagram: @bassettoballet e, no dia 18 acontece a pré-seleção, que se depender do projeto tem seus destaques. “Separamos essas nove crianças, chamamos os pais e cada um está arcando de acordo com sua condição. Tenho um amigo, que é o Fabrício, que falou para escolhermos duas crianças que ele já bancou as inscrições dessas, que eu e o João estamos selecionan, para pagarmos para as que não tem condições e eu faço isso direto”, ressalta Adalton.
Com três professores em sala, João Rodrigues, Millany Porto e Bárbara Martins (que acompanha Adalton desde o início do projeto), a aula do projeto social Bassetto Ballet acontece com um profissional instruindo as posturas, ao passo que os outros dois corrigem individualmente cada uma das alunas que, se compilados os turnos, chegam a atender cerca de 130 crianças.
“Eu sempre gostei muito de dar aula e acho que o ballet chegou na minha vida para mudar. Eu comecei na igreja, consegui umas bolsas e agora faço parte de uma companhia e acho que ter essa oportunidade de ajudar algumas pessoas não tem nem valor. Eu vejo o sorriso delas, a alegria no rosto e isso já é satisfatório”, explica João.
João ainda ressalta o reflexo das aulas no cotidiano das alunas e das respectivas famílias. “Também as mudanças de comportamento, tanto na escola quanto em casa, que isso reflete muito. Tinham alunas que não conseguiam um bom empenho em sala de aula, sem concentração e, depois de um ou dois semestres, a mãe chega e fala que fizemos um milagre com o filho, que se tornou uma outra pessoa, mais concentrado, focado e estudioso. Esses pequenos detalhes que valem a pena.”
Tentando sua primeira pré-seleção do teatro em agosto do ano passado, a pequena Giovanna Queiroz Escalante, de 10 anos, participa da seleção de domingo e, se depender dos pais, Gisele Queiroz e Bruno Escalante, tem todo o apoio para que a tentativa dê certo.
“Na verdade você não quer deixar de acompanhar o crescimento. A escola exige bastante, então é um degrau. Ela vai viver até os 18 anos e ficar disponível para o Teatro Bolshoi. Eu e o pai já estamos combinando quem vai, que iremos morar lá, mas provavelmente é ele, que apoia muito e sempre teve esse sonho”, finaliza a mãe.
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(Texto: Leo Ribeiro)