Se o seu gato apresenta coriza, espirros e conjuntivite, é possível que ele esteja com rinotraqueíte, também chamada de gripe felina. A doença é responsável por 80% das patologias respiratórias nos bichanos, explica Elisangela Trentin, veterinária especializada em felinos e proprietária da clínica “Bigodes e Focinhos Cat”, na Vila Prudente, na zona leste de São Paulo.
Os sintomas se manifestam de acordo com a gravidade da doença e atingem principalmente o trato respiratório, com espirros, tosse, hipersalivação e coriza serosa ou purulenta. O animal pode ter febre, falta de apetite, conjuntivite acompanhada de secreção purulenta (nesses casos, pode ocorrer a ulceração da córnea) e lesões cutâneas em face ou plano nasal. Também pode ocorrer calicivirose, que são lesões ulceradas e dolorosas, na língua.
“O principal agente infeccioso da rinotraqueíte é o herpesvírus felino 1, o calicivírus e a bactéria Chlamydia felis. Mas outros vírus e bactérias que acometem o trato respiratório da maioria dos gatos domésticos também causam a infecção. Alguns deles, inclusive, com transmissão entre homens e felinos domésticos ou selvagens, como, por exemplo, o vírus influenza tipo A e as bactérias Mycoplasma sp, Bordetella bronchiseptica, Streptococcus equizooepidemicus e Pasteurella”, diz.
Embora gatos adultos estejam sujeitos à doença, os filhotes são mais suscetíveis à rinotraqueíte, revela a veterinária. Isso porque, os mais novos ainda não completaram a formação do sistema imunológico ou porque vivem em ambientes superpopulosos, propícios à enfermidade.
Felinos adultos saudáveis também podem ser portadores de alguns vírus ou bactérias causadores da doença, o que os tornam transmissores potenciais, haja vista que a infecção geralmente ocorre quando são filhotes, por contato direto – aerossóis de gotículas de secreções salivares ou oculares e objetos contaminados.
Mais de 90% dos gatos se tornam portadores assintomáticos do herpesvírus por toda a vida. Em situações de comprometimento do sistema imune, pode ocorrer recrudescência viral, tornando o animal sintomático e transmissor.
“A rinotraqueíte se manifesta após o período de incubação, geralmente entre 2 e 6 dias após o contágio. Os sintomas e latência permanecem por, aproximadamente, de 10 a 14 dias, sendo que, na maioria dos casos, o próprio sistema imunológico do animal combate, de modo eficaz, a infecção”, relata a especialista.
Diagnóstico clínico
O diagnóstico é clínico, feito pelo veterinário com base nos sintomas. “Em 80% dos casos, o herpesvírus está presente e é responsável pela maioria dos sintomas, seguido do calicivírus”, diz Trentin. O teste diagnóstico padrão para detecção do agente é o PCR (isolamento do agente e detecção de seu material genético). Exames de sangue comuns não são fidedignos, porque podem confundir o agente com a imunidade promovida pela vacinação.
A veterinária conta que o tratamento varia de acordo com a gravidade da doença. A maioria dos pacientes apresenta sintomas que incomodam, mas que não trazem grandes complicações. Em alguns casos, são prescritos analgésicos, antitérmicos, antibióticos e estimulantes de apetite.
Dependendo do quadro, a infecção pode deixar sequelas, como sinusites e rinites crônicas, perda de olfato, comprometimento da lubrificação ocular por danos em glândulas lacrimais, comprometimento do globo ocular, o que pode levar à cegueira, em casos de complicações por úlcera de córnea, sobretudo em filhotes, acometidos nas primeiras semanas de vida.
A melhor maneira de evitar as complicações é iniciar o tratamento com um veterinário, assim que surgirem os primeiros sintomas da doença.
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