Trecho que vitimou motociclista é ponto recorrente de acidentes e família promete processar município
Um trecho da avenida Gunter Hans, próximo ao Trevo Imbirussu, tem se tornado cenário de acidentes de trânsito recorrentes, inclusive, na última quarta-feira (12), após desviar de um buraco existente na via, o jovem Ryan de Oliveira Souza, 17, que trafegava em uma motocicleta após sair do trabalho, acabou perdendo a vida. Contudo, a equipe de reportagem constatou que a prefeitura de Campo Grande enviou uma equipe para tampar o buraco, somente após a repercussão do caso.
O acidente revoltou os familiares da vítima, pois no local, além de diversos buracos na pista, há também um muro de contenção de concreto, que causa o estreitamento nas duas vias. O jovem, que trafegava sentido centro-bairro, ao tentar desviar do buraco, acabou perdendo o controle da moto, batendo no muro de contenção e em seguida foi atropelado por uma carreta, que andava no mesmo sentido.
A reportagem do jornal O Estado foi até o local do acidente na manhã de ontem (13), e se deparou com um novo acidente, no mesmo trecho, mas no sentido contrário da via. Nesse caso, a estudante universitária Geovana Maldonado, de 19 anos, acabou perdendo o controle do veículo, quando fechou o sinal e colidiu com o carro da frente. Muito abalada, ela explicou que é acostumada a passar pelo local todos os dias, pois é moradora da região, mas que há muito tempo a sinalização do local é precária.
“O local está muito apertado e, geralmente, quando fecha o sinal, os carros ficam muito juntos, está horrível para passar aqui, eu estava de cinto de segurança, não estava mexendo no celular, estava bem atenta e, mesmo assim, não consegui frear e acabei batendo na traseira do outro carro. Aqui era para ser uma via rápida, tem grande fluxo de carros, não tem sentido eles colocarem isso no meio da rua, assim”, desabafou Geovana. Durante a realização da reportagem, a equipe encontrou Davi Oliveira, 52 anos, que é tio da vítima fatal do acidente de quarta-feira, e estava realizando uma filmagem do lugar. Ele se mostrou indignado com o descaso da prefeitura com a situação do local e afirmou que a família pretende entrar com uma ação, para evitar que novas mortes ocorram, da mesma maneira que com seu sobrinho.
“Eu pergunto, para que foi feito isso aqui? Um espaço vazio, sem nada, sem ninguém trabalhando. Aí, o meu sobrinho veio a óbito ontem, quando é agora, outro acidente aqui, pelo mesmo motivo: estreitamento de pista. Aí a moça da Agetran vem falar para mim que não tem nada a ver. Se a pista não fosse estreita, haveria fluxo de veículo para andar como era antes, porque foi desviar de um buraco, se desgovernou e a carreta passou em cima dele”, disse Davi.
Os familiares de Ryan foram até o local, na manhã de ontem (13), para recolher os pertences da vítima, que ficaram espalhados pela rua, desde o capacete, que ficou completamente destruído, até mesmo o pano que usaram para cobrir o corpo.
O lugar em questão faz parte das obras de revitalização e implantação de terminais de ônibus, como já foi feito em outros pontos da Capital, mas no caso da av. Gunter Hans, as obras começaram em março de 2021, foram paralisadas e seriam retomadas em março de 2022, mas, até hoje, o local permanece abandonado e causando acidentes.
Violência no trânsito
De acordo com o BPTRAN (Batalhão de Polícia de Trânsito), somente nesses quatro meses de 2023 já ocorreram 12 mortes por acidentes em Campo Grande, sendo que a maior parte ocorre durante o dia (manhã e tarde). Eles afirmam, ainda, que mesmo com as adversidades da pista, somente o inquérito que vai imputar os responsáveis. Porém, é provável que foi um somatório de coisas: o concreto na via, o não conhecimento e capacidade do condutor e talvez falta de atenção. Além disso, eles asseguram que, como o condutor era menor de idade e não possuía CNH (Carteira Nacional de Habilitação), não tinha capacidade técnica nem conhecimento para pilotar uma moto.
A família de Ryan Oliveira de Souza convida parentes e amigos para o velório, que será realizado hoje, a partir das 8h (sepultamento às 16h), no Cemitério Park Monte das Oliveiras, na Avenida Guaicurus, 7.000, Vila Santo Eugênio, Campo Grande.
Por Camila Farias – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul
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