[Texto: Por Evelyn Thamaris, Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul]
Apesar da ascensão, escassez de pontos para carregamento ainda é um problema para o uso efetivo
Caminhando a passos largos, carros elétricos estão deixando de ser veículos do futuro para se tornarem os automóveis do presente. Confirmando a realidade, o último levantamento da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) mostra janeiro deste ano como o melhor da série histórica, no quesito emplacamento, com 4.503 mil unidades emplacadas. O Estado também demonstra potencial para o uso do modelo, bem como os híbridos, que já circulam pelas ruas da Capital.
Empresário, 46 anos, Fernando Moura, é um dos muitos motoristas que já utiliza um modelo híbrido, em Campo Grande, e sonha em migrar, em breve, para um modelo totalmente eletrificado. Dono de uma Mercedes C200, ele relata alguns benefícios. “Possuindo tanto o motor a combustão quanto o elétrico, funcionando juntos, eles acabam gerando uma boa economia de combustível, além da diminuição de gases poluentes. O modo elétrico é uma boa opção para dentro da cidade”, comenta Moura.
Sócio-proprietário da Macan Veículos, na Capital, Carlos Bahmad, 38 anos, atua há 17 anos no segmento de automóveis e relata ter observado, nos últimos anos, o crescimento do setor, tanto para veículos híbridos como os totalmente elétricos. “Dentro da minha experiência posso dizer que o híbrido ainda se destaca. Tendo uma maior procura, esse modelo une os dois mundos e traz uma segurança para quem ainda está migrando para essa tecnologia”, explica o empresário.
Carlos destaca que, a seu ver, o elétrico no Brasil ainda não é uma das melhores opções devido à infraestrutura, que não está preparada para receber veículos elétricos. “Campo Grande mesmo, por mais que esteja em evolução, assim como outras regiões, nesse campo ainda não possui a devida estrutura. Uma das desvantagens a ser considerada é a autonomia do modelo.”
Em um exemplo prático e simples, ele compara o automóvel totalmente eletrificado a um smartphone, onde se tem a bateria, e é possível verificar o nível em que está, até mesmo o que tem consumido
mais essa bateria.
“Com o veículo elétrico não é diferente, ele te dá autonomia, porém, esses pontos de recarga elétricos estão longe de ter uma quantidade aceitável no país. As montadoras tem se esforçado bastante para mudar esse cenário, mas, apesar de seu enorme potencial, o carro elétrico no mercado brasileiro ainda não é uma realidade”,detalha Carlos, que ainda aponta o fator preço como agravante, já que se trata de modelos que exigem um alto investimento.
Carro elétrico
O jornalista especialista em carros, Paulo Cruz, dá detalhes sobre o tecnológico mundo dos veículos elétricos e parte da sua história na área que, segundo o profissional, ao contrário dos que muito acham, conta com uma trajetória antiga no segmento do automobilismo. “Entre os primeiros modelos de carros do mundo haviam alguns movidos a eletricidade. Então, o carro elétrico não nasceu agora, essa é mais uma tentativa, e agora com mais força, de se emplacar o veículo elétrico em nível mundial”, revela.
Conforme o especialista, é importante destacar que existem modelos diferentes de carros elétricos, sendo atualmente três. “Os híbridos, aqueles veículos que funcionam com motor a combustão e motor elétrico, por exemplo, o Toyota Corola e Toyota Cross, podendo ser flex com motor a gasolina, onde os dois juntos acabam dando a impulsão para o carro, vantagem é que são dois motores, o que acaba economizando muito combustível. Híbrido também é chamado de HEV, nome técnico para esse modelo de carro.”
Paulo ainda destaca o híbrido plug-in, aquele que se liga na tomada, sendo feita a recarga. Atualmente em expansão, muitas marcas têm investido no modelo, sendo que este tipo oferece uma maior autonomia no modo totalmente elétrico, contando, inclusive, com modelos que andam mais de 160 km somente no modo. Este recebe a nomenclatura técnica de PHEV.
Por fim, o modelo totalmente elétrico, chamado BEV. Estes são os modelos mais tecnológicos, com valores mais elevados, em que é necessário o carregamento em 100% para haver o funcionamento integral. A maior vantagem é que não há a emissão de nenhum tipo de poluente.
Contextualizando a necessidade da implementação de um modelo totalmente eletrificado, o jornalista elenca alguns fatores prioritários. “Primeiro, porque é uma alternativa de combustível e a gente não pode ficar dependente do combustível fóssil, como o petróleo, até porque ele é finito. Segundo ponto, emissão de poluente, a gente sabe que todo motor que queima alguma coisa emite uma série de gases nocivos. Então, a tentativa é grande em diminuir isso, uma vez que os carros emitem mais da metade os gases do efeito estufa.