O preço do leite cru captado por laticínios em fevereiro chegou a R$ 2,7276/litro na “Média Brasil” líquida, altas de 1,6% frente a janeiro/23 e de 16,9% em relação a fevereiro do ano passado, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de fevereiro/23), segundo indicam pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
O aumento das cotações ao produtor está relacionado à oferta limitada no campo. O Índice de Captação Leiteira do Cepea (ICAP-L) recuou 1,8% de janeiro para fevereiro na “Média Brasil”. “Vale lembrar que este movimento de valorização do leite nesta época é algo atípico para o setor, já que, historicamente, o que se observa no início do ano é incremento sazonal da produção e consequente enfraquecimento dos preços. Mas, nesse primeiro bimestre, a produção foi prejudicada pelo clima adverso, resultado do fenômeno La Niña”, destaca o informe do Cepea.
Com oferta limitada no campo, a média mensal do leite spot em Minas Gerais registou aumento de 8,3% de janeiro para fevereiro, chegando a R$ 3,05/litro, segundo pesquisa do Cepea. As médias mensais do UHT, da muçarela e do leite em pó comercializados no atacado paulista também subiram de janeiro para fevereiro, 9,8%, 4,5% e 1%, respectivamente.
Porém, informa o centro de estudos, “é importante observar que a valorização no spot e dos derivados se deu na primeira quinzena do mês, quando as indústrias ainda conseguiram realizar o repasse da alta do campo para os canais de distribuição. A partir da segunda quinzena de fevereiro, contudo, o mercado desaqueceu, os estoques aumentaram e os preços cederam”.
De acordo com o Cepea, dois fatores pressionaram as cotações do spot e dos derivados ao final de fevereiro e início de março: o recuo do consumo, fragilizado pelo menor poder de compra do brasileiro; e o crescimento das importações. Dados da Secex mostram que o volume de lácteos importados permaneceu praticamente estável em fevereiro, somando 156,5 milhões de litros em equivalente leite. Porém, essa quantidade é mais que o dobro da registrada no mesmo período de 2022.
Agentes do setor acreditam que, apesar do recuo nas vendas do spot e dos derivados entre a segunda quinzena de fevereiro e a primeira quinzena de março, os preços no campo podem seguir firmes, fundamentados na captação, que deve continuar limitada. “A aproximação do período de entressafra, que se inicia em abril, também favorece essa perspectiva de que os preços no campo podem não ceder. Ainda assim, é possível que a intensidade da variação seja menor do que a observada nos meses anteriores”, aponta o Cepea.
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