Para acompanhar o aumento, segundo o comandante, a PMMS tem integrado as novas tecnologias ao trabalho diário
Com 30 anos de carreira na vida militar, o coronel Renato dos Anjos Garnes assumiu, a pouco mais de um mês, o comando da PMMS (Polícia Militar de MS). O novo comandante ingressou na carreira militar em 1993, como soldado do Corpo de Bombeiros e, em 1995, ingressou na carreira de oficial da polícia militar, na época com 25 anos.
MS ocupa o 4º lugar entre os Estados mais seguros do país e, para o comandante, a segurança pública é uma demanda que está em frequente crescimento. Para conseguir atender a essa demanda, a PMMS tem integrado as novas tecnologias ao serviço diário, como o videomonitoramento, muito utilizado nas ações do fim de ano. “O videomonitoramento é uma ferramenta utilizada no policiamento, que pode auxiliar na identificação de autores de ilícitos ou de pessoas em atitude suspeita, mas a presença física da polícia militar é uma demanda que só tende a crescer, dado a aumento da população e o crescimento geográfico das cidades. Precisamos buscar, a todo momento, integrar essas novas tecnologias ao trabalho diário e isso vem sendo feito”, ressaltou Garnes.
O trabalho desenvolvido pela PMMS durante o carnaval refletiu, justamente, que a presença física dos militares contribui para a diminuição da criminalidade. De acordo com o comandante, a polícia miliar agiu de modo preventivo, garantindo uma quantidade muito pequena de ocorrências policiais registradas. “Estivemos presentes nos principais locais de concentração de pessoas, como a Esplanada Ferroviária, em Campo Grande, e no carnaval de Corumbá. Foram quase 300 policiais militares destinados exclusivamente para os locais, o que se refletiu na baixíssima quantidade de ocorrências. Na Esplanada Ferroviária, por exemplo, tivemos apenas oito ocorrências registradas, nos cinco dias de festa”, disse.
Em relação ao novo governo nacional, o coronel Garnes não tem dúvidas de que as forças de seguranças de MS terão um bom relacionamento. Conforme ele, a segurança pública do Estado exerce um papel fundamental para o Estado democrático de Direito, devido à localização de MS e à fronteira com o Paraguai e a Bolivia. “As apreensões de drogas e produtos contrabandeados que são feitas no MS teriam como destino todas as unidades da federação e até outros países. Um trabalho integrado entre as forças de segurança, incluindo até as forças de segurança de países e Estados vizinhos é fundamental para o combate à criminalidade”, finalizou.
O Estado: Como avalia o trabalho executado pelas forças de segurança na operação realizada no carnaval?
Coronel Garnes: O trabalho desenvolvido pela Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, durante o período carnavalesco, foi muito exitoso. Cumprindo nossa missão constitucional, a PM buscou agir de modo preventivo, garantindo a segurança das pessoas presentes nos locais onde houve festejos de carnaval, o que se refletiu numa quantidade muito pequena de ocorrências policiais registradas. Estivemos presentes nos principais locais de concentração de pessoas, como a Esplanada Ferroviária, em Campo Grande, e no carnaval de Corumbá. Foram quase 300 policiais militares destinados exclusivamente para esses locais, o que se refletiu na baixíssima quantidade de ocorrências. Na Esplanada Ferroviária, por exemplo, tivemos apenas oito ocorrências registradas, nos cinco dias de festa.
O Estado: Durante o carnaval, não houve registro de violência doméstica. É estatística de ser comemorada?
Coronel Garnes: Os casos de violência doméstica, infelizmente, respondem por grande parte dos atendimentos prestados pela polícia militar e, em razão do excessivo consumo de bebidas alcoólicas no período de carnaval, esses casos acabam até aumentando. Incentivamos para que a mulher, vítima de violência doméstica, denuncie o agressor. Há uma rede criada para atendê-la e dar suporte.
A PMMS, por meio do Promuse possui policiais militares devidamente capacitados, que realizam policiamento orientado, com objetivo de promover o enfrentamento à violência doméstica contra mulheres.
Para o carnaval, a PMMS lançou a campanha “Não é não e ponto final!”, visando coibir os casos de importunação sexual que ocorrem e muitas vezes não são interpretados como crime. Fizemos a campanha no intuito de incentivar a população a denunciar essa prática e o resultado obtido nos dias de carnaval mostrou que a mensagem foi compreendida, o que nos mostra que a prevenção é sempre o melhor caminho.
O Estado: Vimos nas festividades de fim do ano, em 2022, que a polícia mudou a forma de atuação, usando integração entre as forças de segurança e uso de tecnologia, como videomonitoramento. É possível, no futuro, termos menos policiais nas ruas e maior monitoramento da população?
Coronel Garnes: Não acredito que isso vá ocorrer. O videomonitoramento é uma ferramenta utilizada no policiamento, que pode auxiliar na identificação de autores de ilícitos ou de pessoas em atitude suspeita, mas a presença física da polícia militar é uma demanda que só tende a crescer, dado a aumento da população e o crescimento geográfico das cidades, com novos bairros sendo criados a todo momento.
Segurança pública é uma demanda crescente e trabalha com valores essenciais para nossa sociedade, como a vida, liberdade e a preservação do patrimônio. O que temos que buscar o é integrar essas novas tecnologias ao nosso trabalho diário e isso vem sendo feito.
Um bom exemplo é o sistema CADG, que propicia que as viaturas de radiopatrulhamento sejam monitoradas por GPS, em tempo real, o que propicia um melhor tempo- -resposta nos acionamentos feitos pelo 190.
O Estado: A população tem procurado, cada vez mais, pelo uso de câmeras residenciais, travas, alarmes e outros equipamentos de segurança. Isso têm contribuído para a queda na criminalidade?
Coronel Garnes: Sim, contribuem para uma maior sensação de segurança da população. O infrator da lei atua por meio das oportunidades que lhe pareçam mais vulneráveis. Ao encontrar barreiras físicas que dificultem sua ação, seu ímpeto criminoso é dissuadido. É importante frisar que a PM executa diariamente a condução de infratores da lei às autoridades policiais, no entanto, é preciso que existam leis mais rigorosas para os crimes que afligem a sociedade. Por vezes, a polícia militar executa a condução de infratores às autoridades por crimes cometidos em flagrante e logo em seguida esse mesmo infrator está nas ruas, cometendo os mesmos crimes e trazendo transtornos à sociedade.
O Estado: Os crimes mais comuns em MS continuam sendo os mesmos?
Coronel Garnes: Os crimes mais comuns em nosso Estado estão ligados ao fato de sermos um Estado que faz fronteira com dois países, por isso acabamos sendo rota para a passagem de drogas e produtos contrabandeados. Em razão disso, as apreensões realizadas pelas forças de segurança são muito volumosas e praticamente cotidianas. Nos centros urbanos, grande parte das ocorrências é relativa à perturbação do sossego alheio com a utilização de equipamentos sonoros, com volume em desacordo com a legislação, furtos praticados por usuários de drogas e, como mencionados, os casos de violência doméstica.
O Estado: Em relação ao efetivo, qual o déficit? A corporação, para ser completa, deveria ser formada por quantos policiais?
Coronel Garnes: A PMMS, devido ao comprometimento de seus policiais militares, realiza suas atividades com excelência. A inclusão de novos policiais militares de maneira contínua é algo natural, pois, na outra ponta, temos policiais militares que cumpriram sua missão e agora têm o direito ao seu merecido descanso. Temos, em andamento, um processo seletivo que incluirá nas fileiras da PMMS mais de 500 policiais militares, entre soldados e oficiais e, com o suporte dado pelo governo do Estado, teremos inclusões contínuas, com o propósito de continuarmos oferecendo um serviço de qualidade à população.
O Estado: Ainda no mês de fevereiro, foram convocados os 520 aprovados na primeira fase do concurso. Foram ofertadas 520 vagas para os cargos de soldado e oficial. Após a formação, eles devem ir para o interior do Estado ou permanecer na Capital?
Coronel Garnes: Serão lotados no interior e na Capital. O policial militar, ao ingressar na corporação, sabe que está a serviço do Estado e não apenas de uma cidade, portanto, mesmo depois de se formar pode ser movimentado para qualquer cidade do nosso Estado, de acordo com a necessidade da corporação.
O Estado: O uso de câmeras nos uniformes da PM não é apoiado pelas autoridades em MS. Por quê?
Coronel Garnes: O uso de câmeras nos uniformes dos militares é um assunto que merece discussão aprofundada. Recentemente, em nível nacional, foi tratado o uso de câmeras nos uniformes dos policiais. E, quando se fala em policiais, estamos falando da polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia civil e polícia militar.
Neste contexto, se faz necessário a aquisição de equipamentos de qualidade que possam, também, atender não só a gravação momentânea, como também o armazenamento destes dados.
Portanto, se houver atas de equipamentos que atenderão aos órgãos federais de segurança, com preços acessíveis, e que o Estado possa aderir, a polícia militar, após regulamentação, usaria, sem problemas. Porém, em alguns Estados que iniciaram o uso, está em estudo ainda a viabilidade do equipamento.
O Estado: O senhor esteve reunido com então senador Flavio Dino, atual ministro da Segurança. Acredita que as forças de segurança terão um bom relacionamento com o novo governo?
Coronel Garnes: Não tenho dúvidas disso. As forças de segurança exercem um papel fundamental para o Estado democrático de Direito. Mato Grosso do Sul tem uma localização estratégica.
As apreensões de drogas e produtos contrabandeados que são feitas em nosso Estado teriam como destino todas as unidades da federação e até outros países. Um trabalho integrado entre as forças de segurança, incluindo até as de países e Estados vizinhos é fundamental no combate à criminalidade.
Por Rafaela Alves – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul
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