O alcance de um acordo comercial entre Estados Unidos e China é algo positivo para o Brasil independentemente da perspectiva de maiores compras pelo gigante asiático de produtos agrícolas norte-americanos, avaliou o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo.
“O Brasil está trocando as telhas da sua casa macroeconômica, então é muito melhor você fazer isso num momento de sol brilhando lá fora, de estabilidade econômica, do que num momento de trovoadas e chuva pesada”, avaliou ele à Reuters, nesta sexta-feira.
Troyjo frisou que o cenário global segue marcado por ampla liquidez, com estoque de poupança represada. A lógica é que, com as tensões comerciais amainadas, o apetite ao risco aumenta, guiando investimentos para destinos como o Brasil.
“Uma diminuição do nível de incerteza da economia global é algo que favorece muitos dos objetivos do Brasil de equilíbrio macroeconômico, de capitais disponíveis para investimento em infraestrutura, privatizações e concessões”, afirmou o secretário.
Mais cedo na sexta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e as autoridades chinesas disseram que concordaram com a fase um do acordo comercial, que inclui o corte de tarifas dos EUA sobre produtos chineses.
Segundo o representante comercial norte-americano, Robert Lighthizer, a China concordou em comprar 32 bilhões de dólares em produtos agrícolas adicionais dos Estados Unidos ao longo de dois anos como parte do pacto comercial sendo negociado há meses por ambos os países.
Reagindo aos anúncios, os contratos futuros da soja em Chicago tocaram máxima de três semanas nesta sexta. A commodity é o principal produto que o Brasil exporta para a China, com o volume de vendas tendo se beneficiado em 2018 da imposição de restrições pela China à compra da soja dos Estados Unidos, em meio à guerra comercial.
Neste ano, contudo, as exportações brasileiras de soja à China caíram, movimento que teve como pano de fundo a peste suína africana que varreu os rebanhos de porcos na China, diminuindo a demanda pelos grãos, que são chave na alimentação animal.
Para Troyjo, as relações comerciais entre China e Brasil seguirão sua toada. Ele lembrou também que o país conviveu nos últimos vinte anos com os EUA sendo também fornecedor de soja para a China, o que não impediu o desenvolvimento do agronegócio brasileiro.
“(A relação) tem uma dinâmica própria, o mercado chinês é gigantesco, nós estamos com boas relações com Pequim. O que a gente tem que fazer, que é mais uma lição de casa brasileira do que qualquer outra coisa, é agregar valor ao produto exportado e diversificar, aumentar o número total que a gente exporta pra China”, disse. (Reuters)