Rombo financeiro nas Lojas Americanas coloca em risco empregos e falta de estoque na Capital

Americanas
Foto: Marcos Maluf

Economistas fazem análise e apontam situação delicada para a rede varejista em todo o Brasil

A descoberta de um rombo bilionário nas Lojas Americanas, anunciado na última quarta-feira (11), tem dado o que falar. No mercado, o pânico tem se instalado, gerando dúvidas sobre a capacidade da empresa. Em Campo Grande, o sentimento não é diferente, trazendo o receio para o comércio e varejo de que pode resultar em demissões, falta de estoque e até fechamento de lojas. Na Capital são cinco lojas, uma no Shopping Campo Grande e Norte Sul, uma na Avenida Júlio de Castilho e duas no Centro.

De acordo com análise de especialistas em economia, o cenário é delicado já que a empresa terá de trabalhar para cobrir o grande prejuízo que tem nas mãos. “Essa sensação de quebra/falência contaminou o mercado, colocando em dúvida as empresas do varejo em geral. Nesta situação, as lojas em Campo Grande estão em risco de redução de estoques que já é claro para os frequentadores, além de possíveis cortes de gastos com funcionários”, aponta o economista Eugênio Pavão.

Na visão do profissional, a contaminação do risco está no ar, sendo necessárias ações contundentes e fortes da empresa com ajustes sobre os custos, como, por exemplo, funcionários, e assim gerar economia para enfrentar a situação adversa na Capital e em todo o Brasil. “Caberá ao tempo dizer quais serão as lojas físicas sacrificadas e como será o ajuste necessário. Com certeza o impacto das perdas na bolsa pode afetar outras empresas varejistas.”

Concluindo, o economista ainda traz a hipótese de ocorrer a substituição do físico pelo virtual, o que acarretaria danos para o setor.

Para o cientista em economia Enrique Duarte Romero, as lojas de Campo Grande devem ser afetadas. “A empresa precisará fazer caixa, e com isso poderá até fechar algumas lojas ou demitir colaboradores. Recuperar-se de uma perda de credibilidade não é uma tarefa fácil”, ressalta. Quando questionado sobre tais impactos para Campo Grande, Duarte explica que o momento será de economizar e enxugar. “Existe uma preocupação, sim, mesmo que a Capital do Estado seja um mercado promissor e está consolidada, terá um impacto negativo na imagem. Os principais acionistas são grandes empresários e que têm participação em diversos setores da economia, seja em produtos como em serviços”, complementa.

Histórico

Com histórico de credibilidade, as Lojas Americanas foram por décadas livres do varejo no Brasil, com unidades em várias capitais e cidades importantes economicamente no país, atendendo com a venda de variados produtos. Com o advento das vendas on-line, a empresa foi uma das pioneiras no setor, na vanguarda do varejo nacional. Com 3,8 mil lojas e 3 e-commerce, junto com a Inbev, GP investimentos, América Latina Logística, tem o controle de três sócios.
Pavão detalha que, com o aumento do comércio virtual (americanas.com, submarino e shoptime) B2B de negócios entre empresas, o varejo tradicional ficou em 2º plano para o grupo. “Com os investimentos se transferindo para o comércio virtual, com a descapitalização das lojas físicas, vendas de faturamento futuro para bancos, pagamentos do principal e juros que não foram computados com dívidas, a empresa ‘maquiou’ os balanços e trouxe desconfiança do mercado ao divulgar um rombo inicial de R$ 20 bilhões, atualizado para R$ 40 bilhões na terça-feira.”

A descoberta do rombo veio após a empresa identificar inconsistências em lançamentos contábeis no balanço. O prejuízo aconteceu por meio da operação conhecida como “risco sacado”. Nessa ação, a companhia utiliza o serviço de um banco para realizar pagamentos das despesas de seus fornecedores, que libera o montante por meio de um acordo.

Dessa forma, a instituição quita a dívida com os fornecedores e passa a pagar os valores ao banco, que contarão com taxas de juros e correções.

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