O Janeiro Branco é um movimento social dedicado à construção de uma cultura da saúde mental na humanidade. Inclusive, é, também, o nome do instituto que coordena esse movimento que está na 10ª edição. O tema desde ano é: “A vida pede equilíbrio!”, e diversas ações estão sendo promovidas no Brasil e no exterior.
O objetivo do movimento é chamar a atenção dos indivíduos, das instituições, das sociedades e das autoridades para as necessidades relacionadas à saúde mental dos seres humanos. Conforme a entidade, “janeiro é o mês das revisões pessoais e do (re)planejamento de vida. É no começo de cada ano novo que as pessoas sentem-se inspiradas a refletir sobre o passado, o presente e o futuro das suas vidas e das suas relações. E é neste período de reavaliação que, desde 2014, acontece a campanha Janeiro Branco, iniciativa social criada pelo psicólogo e palestrante mineiro Leonardo Abrahão”.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde publicados em 2022, quase um bilhão de pessoas, incluindo 14% dos adolescentes do mundo, vivem com algum transtorno mental, situação agravada pela pandemia da COVID-19 e por antigos tabus, preconceitos e desconhecimentos a respeito dos múltiplos universos da saúde mental.
“Ir a um profissional da saúde mental é tão essencial como beber água”, diz psicóloga.
Psicóloga do Programa Viver Bem, da Unimed Campo Grande, Talita Vanessa Akamine Silva Moreira tem 28 anos, há cinco dedica-se à área e hoje é mestranda em Psicologia pela UFMS. Segundo ela, falar sobre uma temática tão necessária como esta ganha ainda mais força logo que o novo ano chega, com o Janeiro Branco, um tempo de conhecimento e valorização da saúde.
“Saúde mental está além de uma Classificação Internacional de Doenças (CID) ou de plenitude. Saúde mental é um todo, acredito na integração: biológico, mental e social”, complementa Talita.
A relevância de a mente precisar ser pauta frequente ganha mais um motivo de peso: estamos constantemente à beira de perdê-la. “A sociedade nos avisa o tempo todo da nossa baixa produção, de não estarmos 100% no padrão estético, além dos nossos traumas, dores, medos e anseios”, diz.
Não só abordar o assunto, manter em dia a mente, tendo o acompanhamento de um profissional, inclusive, é tão importante quanto funções básicas do dia a dia. Para a psicóloga, isso é primordial, ainda mais diante do mundo globalizado, com ritmos intensos de trabalho, sedentarismo, alimentação inadequada, consumo de álcool exacerbado, abuso das redes sociais e tantos outros gatilhos.
Por isso ir a um profissional que cuide da saúde mental tem a mesma necessidade como a de beber água. “O mundo está doente, precisamos de alguma forma nos aliviar, nos blindar. No processo psicológico se aprende a amar, aceitar o amor, a se frustrar, lidar com tudo, entender o sentido da vida e encaixar as emoções nos melhores lugares possíveis. Fazer psicoterapia é entender que a dor não é só aquela que paralisa, é também a que cura”, finaliza Talita.
Cuidado com as crianças
Além dos adultos é preciso se atentar à saúde mental das crianças também. Segundo a psicóloga e docente do Curso de Psicologia da Estácio Ana Carolina H. Ermisdorff, as crianças também têm necessidades emocionais e é importante o cuidado para garantir que elas tenham um desenvolvimento mais saudável, segundo a profissional.
“Dentro das necessidades que a gente considera mais relevantes, pontuamos os vínculos com as pessoas. As crianças precisam de estabilidade, aceitação, um lar que promova segurança para elas, além de atender as necessidades físicas de alimentação, moradia, segurança física até. Ela tem uma necessidade tanto física quanto emocional”, explica.
De acordo com a psicóloga, a criança precisa sentir segurança dentro do lar para que tenha um desenvolvimento emocional satisfatório. Além disso, a criança precisa ter autonomia dentro do ambiente familiar. Ações simples, como permitir que a criança se vista sozinha, já contribuem para que as crianças desenvolvam a autonomia.
“Os responsáveis pela criança devem identificar, dentro das condições da idade dela, quais são as atividades que ela consegue fazer sozinha. Não é deixar que ela faça tudo o que quer na hora que quiser, mas ajudar mesmo a desenvolver autonomia”, afirma Ana Carolina.
Outro ponto de atenção é a espontaneidade, permitir que a criança se expresse. Mas, ao mesmo tempo, a criança precisa ter limites realistas. “Elas não podem fazer tudo o que querem. É importante que elas tenham limites dentro daquilo que é importante. Às vezes, é necessário dizer não. Estamos em uma sociedade regida por valores, regras. Estamos preparando a criança para situações vindouras. Ela precisa entender que tem limites e vai se frustrar em certas situações, mas isso é importante para a convivência em sociedade”, explica a professora da Estácio.
A psicóloga explica ainda que as crianças precisam ter liberdade para expressar suas necessidades emocionais, as emoções. “É importante que a criança possa chorar, sentir raiva, tristeza, alegria. Sabemos que as emoções são importantes para as nossas vidas. Não somos seres emocionais à toa. As emoções têm o objetivo de nos proteger das situações. É importante validar as emoções que as crianças sentem, deixar que as sintam. Ao adulto, cabe observar a intensidade dessas emoções”, orienta.
Por Rafaela Alves – Jornal O Estado do MS.
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