Investigação contra corrupção apura o desvio de R$ 23 milhões dos cofres públicos do município de Maracaju
Conforme já divulgado pelo jornal O Estado, a Operação Dark Money – Fase “Mensalinho” deflagrada no dia 7 de dezembro, investiga o desvio de R$ 23 milhões dos cofres públicos da cidade de Maracaju. Oito dos 11 vereadores do município foram afastados por receberem propina, até o momento estimada em mais de R$ 1,3 milhão. Dentre eles, o vereador Jeferson Lopes (Patriota), quem em 2020 alegou ter como bens apenas uma loja de móveis usados avaliada em R$ 20 mil.
Segundo os dados disponibilizados pelo site de “Divulgação de candidaturas e contas eleitoras” do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), os oito vereadores afastados teriam declarado em 2020 possuir bens com valores que variam de R$ 20 mil a R$ 1,8 milhão.
O ex-presidente da Câmara, Joãozinho Rocha (MDB) declarou ter R$ 49.724,37 em bens; o vereador Hélio Albarello (MDB) possuía R$ 1.899.855,90; Vereador Jeferson Lopes (Patriota) R$ 20 mil; vereador Antônio João Marçal de Souza, o “Nenê da Vista Alegre” (MDB) R$ 273.000,00; vereador Ludimar Portela, o “Nego do Povo” (MDB) R$ 584.000,00; vereador Robert Ziemann (PSDB) R$ 297.066,17; vereador Ilson Portela, o “Catito” (União Brasil) R$ 530.470,25; e Laudo Sorrilha (PSDB) com R$ 318.819,74 em bens.
Outros três ex-vereadores foram denunciados e mesmo estando na condição de suplentes não poderão assumir o mandato. O vereador Vergílio da Banca declarou possuir R$ 150.782,52 em bens; Toton Pradence R$ 200.000,00 e Adriano da Silva Rodrigues, o Professor Dadá que não declarou nenhum bem.
De acordo com a Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), os valores recebidos por cada vereador variavam conforme a influência e participação de cada um na gestão.
Por exemplo, o exercício da função da presidência, justificava um recebimento de um valor maior do que os outros recebiam de acordo com o que foi apurado. Em apenas um ano, os pagamentos identificados aos vereadores chegam às cifras de R$ 1.374.000,00.
Cabe destacar que a vida de luxo dos vereadores chamou a atenção da equipe de investigação. Um deles teria viajado recentemente para Ilhas Maldivas e Dubai, o que pelas pesquisas custou mais de 100 mil reais. Quanto às medidas patrimoniais, 13 veículos foram apreendidos, além de elevada quantia de dinheiro em espécie, em moeda nacional e estrangeira, além de valores em cheques. Apenas com um dos vereadores, foi encontrado quase R$100.000,00 em espécie, além de mais de R$1.000.000,00 em cheques.
Durante o cumprimento dos 22 mandados de busca, na quarta-feira (7), dois vereadores foram autuados em flagrante por posse irregular de arma de fogo, sendo liberados após o pagamento de fiança. No total, foram apreendidos quatro revólveres, duas pistolas e duas espingardas, sendo outras duas pessoas autuadas em flagrante pela posse irregular das armas de fogo. Na tarde de ontem (8), a delegada Ana Cláudia Medina responsável pelas investigações, informou que os fatos seguem sendo apurados e que a equipe estava realizando a análise do material arrecadado para posteriores deliberações.
Vale destacar, que também foi deferida a suspensão dos mandatos dos investigados que estão em exercício do mandato eletivo na Câmara Municipal. Os vereadores foram intimados e tomaram ciência da decisão judicial, já estando, assim, com seus mandatos suspensos e impedidos de exercer suas funções. Além disso, também foram determinadas medidas de sequestro e indisponibilidade dos bens dos investigados como estratégia crucial no combate à corrupção.
A operação contou com a participação de mais de 100 policiais civis das Delegacias afetas ao Departamento de Polícia da Capital, Departamento de Polícia Especializada e Departamento de Polícia do Interior, além das equipes policiais especializadas do DRACCO. Dentre as equipes que participaram da diligência: Derf, Deleagro, DEAM, DP de Rio Negro, DP de Água clara, DP de Mundo Novo, SIG de Bataguassu, DP de Fátima do Sul, DP Vicentina, DEFRON, 2ª DP Dourados, DP Bela Vista, SIG de Nova Andradina, DP Bandeirantes, 6ª DP de Campo Grande, 5 DP de Campo Grande, 4 DP de Campo Grande, 3 DP de Campo Grande, 2 DP de Campo Grande, 1 DP de Campo Grande, DEPAC, GOI.
Dark Money
A Operação Dark Money – Fase “Mensalinho” – é deflagrada em semana crucial para o combate à corrupção, em nível mundial. No próximo dia 9 de dezembro, comemora-se o Dia internacional de Combate à Corrupção. Por conta disso, são realizados em nível nacional, diversos eventos, congressos, que debatem e visam aprimorar cada vez mais o efetivo combate à corrupção.
A operação “Mensalinho” comandada por policiais do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) na terceira fase de Operação Dark Money apura envolvimento do ex-prefeito de Maracaju, Dr. Maurílio Azambuja (MDB), ex-secretário de Fazenda, Lenilso Carvalho, e agora suspende oito vereadores que foram reeleitos em 2020, e que são acusados de fazer parte do esquema de corrupção. A Justiça decidiu que eles devem ser substituídos pelos suplentes. Mas isso não significa uma cassação.
Em 22 setembro de 2021, foi deflagrada a 1ª fase da operação, que culminou com a prisão temporária de servidores e ex-servidores, incluindo ex-secretário municipal e o ex-prefeito da cidade de Maracaju. Já na 2ª fase, ainda no ano de 2021, as prisões temporárias foram convertidas em preventiva, bem como outros investigados acabaram sendo presos, envolvidos no esquema de corrupção que lesaram os cofres de Maracaju. O ex-prefeito dr. Maurílio foi beneficiado com prisão domiciliar por ter mais de 70 anos e estar em tratamento médico.
Por Suelen Morales – Jornal O Estado de MS.
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