Que o câncer é uma das doenças mais terríveis para qualquer ser humano enfrentar não é novidade nenhuma. Quando o mal acomete crianças e adolescentes, é preciso de uma rede de apoio bem estruturada para vencer a luta. Em Mato Grosso do Sul, de janeiro a novembro 68 casos foram diagnosticados na faixa etária entre 0 e 19 anos. Nos últimos sete anos, 621 pacientes passaram por tratamento com quimioterapias, radioterapias e cirurgias.
Segundo a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), a chance de cura da doença em crianças e adolescentes é consideravelmente maior que em outras faixas, porém o grande problema enfrentado hoje é o diagnóstico tardio. Após análise dos dados das Secretarias Estaduais de Saúde ao Painel de Monitoramento do Tratamento Oncológico do Ministério da Saúde, a SBP identificou que mais de 41 mil crianças e adolescentes receberam resultados positivos de exames para identificar neoplasias entre 2013 e novembro deste ano.
Os dados mostram ainda que, no período, as variações mais recorrentes do câncer foram: leucemia linfoide (7.838), neoplasia maligna do encéfalo (3.336), doença de Hodgkin (2.724) e leucemia mielóide (2.632). A modalidade terapêutica mais indicada foi a quimioterapia (26.564), seguida de cirurgia (5.458).
Luz no olhar de centenas de pais e mães, o médico cancerologista pediátrico da Unimed Campo Grande, Dr. Atalla Mnayarji, explica como é possível identificar sinais do câncer nos pequenos, mas adianta que a tarefa pode ser complicada, já que o câncer não tem sintomas específicos.
“Qualquer criança pode apresentar como, por exemplo, febre de origem indeterminada, palidez cutânea, sangramentos, manchas roxas, aumento do volume abdominal. Cada sintoma pode indicar vários tipos de doença, mas quando você junta todos estes sinais têm que sempre lembrar que pode ser câncer infantil e é preciso encaminhar para médicos especialistas para se fazer o diagnóstico precoce”, afirma.
Mnayarji ressalta que após o diagnóstico e tratamento, o paciente precisa cumprir uma rigorosa rotina até ser considerado curado. “Após o término do tratamento, o paciente tem que retornar no começo mensalmente para fazer exames. Nos primeiros seis meses, tem que retornar de dois em dois meses e a gente acompanha até cinco anos após a última quimioterapia para considerar o paciente curado. A gente restringe algumas coisas como piscina e vacina nos primeiros seis meses, mas depois o paciente é liberado para vida normal”.
Criança não reclama atoa
Para a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, é fundamental que os pais estejam atentos a qualquer alteração no comportamento e fisionomia das crianças. Para isso, é preciso manter o acompanhamento regular com pediatra. “Nas crianças, geralmente as doenças se apresentam com sintomas inespecíficos, semelhantes aos de transtornos comuns da infância. Isso pode levar a retardo no diagnóstico de câncer. Infelizmente, baseado nos dados dos registros consolidados, muitos pacientes no Brasil ainda são encaminhados aos centros de tratamento com a doença em estágio avançado”, finaliza.
(Texto: Marcus Moura)