A postura sempre foi um problema no cotidiano das pessoas. Com o uso ininterrupto de celular, são mais de 230 milhões de celulares no Brasil, o crescimento de smartphones e dor crônica aumenta por má postura ao mexer nos aparelhos. Casos graves podem precisar de procedimento cirúrgico.
São mais dispositivos digitais do que brasileiros, uma média de dois smartphones, notebooks, computadores ou tablets por habitante, de acordo com a 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em relação aos celulares ativos é crescimento de 10 milhões em comparação com 2018.
Juntamente com esse aumento, crescem também os casos de dores provocadas pela inclinação do pescoço para baixo, o que aumenta o peso da cabeça de 5 kg para 27 kg. “A postura irregular por tempo prolongado pode acarretar mudanças no sistema de músculo esquelético. Ao contrário do que se pensa, esse é um sistema dinâmico, que se adapta e se modifica de acordo com as condições, porém há limites. No caso do celular, a Postura de Antero Flexão leva a um quadro de tensionamento dos músculos posteriores da coluna cervical e pode provocar sobrecarga dos discos cervicais e envelhecimento precoce”, explica o neurocirurgião da NeuroAnchieta, Dr. Marcus Vinícius Mendonça.
Além disso, a má postura ao manusear o celular pode gerar dor crônica e uma possível corcunda. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já considera os problemas causados pelo uso excessivo dos dispositivos como uma epidemia global. No Brasil, 37% da população, cerca de 60 milhões de pessoas, convivem com a dor de forma crônica, número superior à média mundial de 35%.
Segundo o especialista, soluções simples podem ser adotadas para evitar a dor. “Dependendo da queixa e da evolução do paciente, mudanças posturais e orientações sobre atividade física, podem resolver. A fisioterapia e RPG são aliados importantes. Já medidas caseiras, como compressas de água morna podem ajudar a relaxar a musculatura e, se for um caso pontual o repouso também auxilia. Caso a dor se torne recorrente deve-se procurar um especialista, que após diagnóstico recomendará um tratamento, em casos mais graves pode ser necessário procedimento cirúrgico”, conta o neurocirurgião.
Outra observação sentida por quem fica muito tempo com a cabeça inclinada para baixo são os estalos no pescoço. “Algumas pessoas têm uma articulação mais flexível que as outras e ao fazer o movimento gera um ruído, como estalo, mas ficar fazendo esses movimentos não é recomendado. Esses ruídos devem acontecer de forma natural para não danificar a articulação. É preciso evitar a frequência do movimento de estalar o pescoço. Adotar uma boa postura faz a diferença e previne problemas futuros”, afirma Dr. Marcus Vinícius Mendonça.
Exames utilizados para diagnóstico de lesão na Cervical
Para avaliação da coluna cervical pode-se utilizar diferentes métodos de imagem. “Nos três exames o médico radiologista avalia as alterações presentes ou não, correlacionando com os dados clínicos informados pelo médico solicitante ou pelo próprio paciente, e fornece uma descrição detalhada dos achados de imagem que poderão nortear o tratamento e manejo clínico e/ou cirúrgico do paciente”, explica o responsável técnico do Anchieta Diagnósticos, Dr. Anderson Benine Belezia.
– Exame 1: Radiografia simples da coluna cervical. Este é um exame de baixa complexidade onde é possível avaliar as estruturas ósseas como as vértebras cervicais, além de prover alguns sinais indiretos que podem sugerir uma patologia do disco intervertebral (disco presente entre um corpo vertebral e outro);
– Exame 2: Tomografia computadorizada, exame que dentre os três citados é o que tem a maior capacidade de avaliação das estruturas ósseas. Consegue também avaliar eventuais patologias dos discos interverterias, porém de forma menos acurada que o exame de Ressonância magnética.
– Exame 3: Estudo por Ressonância magnética que, atualmente, é a escolha na maioria dos pacientes com suspeita de doença e degeneração da coluna cervical por ter melhor capacidade de avaliação de patologias dos discos interverterias (hérnias principalmente), podendo, inclusive, avaliar eventuais compressões nervosas e da medula com maior precisão que os demais métodos acima descritos.
Passo a passo de cada exame
– A radiografia da coluna cervical é realizado de forma simples e rápida no aparelho de Raio-X. É bastante rápido e de fácil acesso;
– No estudo tomográfico da coluna cervical o paciente deita na maca do aparelho e em poucos segundos sua coluna é escaneada pelo aparelho;
– O estudo por Ressonância Magnética leva um pouco mais de tempo que os demais. Nele, o paciente deita na maca do aparelho, é levado para o interior do “Gantry” e em alguns minutos (entre 10 e 15 minutos a depender do protocolo do exame e do equipamento utilizado) a coluna no paciente é “escaneada”.
Como evitar a dor
– Não fique muito tempo com a cabeça inclinada para baixo e tente levantar o celular de forma que o maxilar fique em um ângulo de 90° graus;
– Faça repousou com um suporte confortável para o pescoço;
– Utilize travesseiros confortáveis que beneficiem a anatomia do corpo, isso pode influir no envelhecimento precoce;
– Faça alongamentos de duas a três vezes por dia, com movimentos de olhar para o teto, retornar a um ângulo de 90° graus com o pescoço;
– Exercite-se e fortaleça os ombros, com músculos mais fortes as chances de ter dor e problemas de postura são menores;
– Por último, deixe o celular um pouco de lado e se dedique a outras atividades.
(Rafael Belo com assessoria)
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