SES busca em laboratório de Goiás solução para reaver a realização de transplantes no Estado

Laboratorio
Foto: Valentin Manieri

Somente em agosto, 23 órgãos deixaram de ser captados pela falta dos exames biomoleculares

Após o projeto licitatório emergencial aberto pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), uma equipe técnica foi enviada para Goiás para conhecer a proposta de um laboratório local e também para conhecer como o processo acontece em outros estados, e após essa visita ao laboratório goiano, o secretário de Estado de Saúde, Flávio Britto, se reuniu com a equipe técnica da secretaria na tarde de ontem (31), quando oficiou a viabilidade da realização de logística para fazer os exames na unidade de Goiás após a negativa do município de continuar realizando o serviço por meio do laboratório Biomolecular.

Com isso, o impasse para a contratação do novo laboratório a fim de realizar os exames para transplantes parece estar perto de chegar ao fim. Vale lembrar que a SES abriu um processo licitatório para que ocorresse a contratação de um novo local, após o contrato da Sesau (Secretária Municipal de Saúde), com o laboratório Biomolecular, ser encerrado no dia 7 de agosto de 2022. A unidade prestava serviço há mais de 15 anos e desde então os transplantes foram completamente paralisados na Santa Casa de Campo Grande.

Como já noticiado anteriormente por O Estado, a SES havia afirmado que a execução da prestação de serviço laboratorial de histocompatibilidade para transplantes de órgãos sólidos e a tipificação HLA de doadores voluntários de medula óssea é de competência do município de Campo Grande, conforme consta na Portaria de Consolidação nº 004/2017, justamente por ser gestão plena da saúde.

Mas, de acordo com o secretário de Estado de Saúde, Flávio Britto, perante o que está ocorrendo após a paralisação e os riscos que os pacientes que necessitam de transplantes estão correndo, o Estado não poderia ser omisso e imediatamente tentou entrar em contato para assumir com o valor de uma tabela SUS o laboratório, mas a oferta foi recusada.

“Como o município desistiu subitamente de gerir o laboratório e o mesmo optou por não aceitar a oferta por parte do Estado, nós precisamos abrir emergencialmente o processo licitatório que todos os laboratórios inscritos no Ministério da Saúde podem participar, inclusive o Biomolecular dizendo nesta situação o valor que ele necessita. Fomos também entrar em contato com outros estados para entender como era feito e a questão dos valores pagos, com isso descobrimos o laboratório em Goiás e após um estudo e a visita da equipe, identificamos ser viável e começaremos os trâmites”, afirmou o secretário.

Ele afirmou ainda que, caso o laboratório Biomolecular volte atrás e aceite o valor oferecido inicialmente pelo Estado, ou realize a venda a um novo dono sem dúvidas, será realizada a contratação desse laboratório. Informações divulgadas pela Santa Casa, ontem (31), explicam a gravidade da situação, pois de acordo com dados levantados pela OPO (Organização de Procura de Órgãos), da unidade no mês de agosto, as doações neste período zeraram.

Somente em agosto 23 órgãos foram deixados de ser ofertados, e entre eles estão dez rins, cinco fígados, quatro pâncreas e quatro corações, que estavam aptos e poderiam salvar inúmeras vidas aqui e fora do Estado.

A alternativa da SES, diante dessa situação, é a de que esses exames sejam feitos em outros estados, sendo que o laboratório com menor tempo de entrega desse resultado tem um tempo estimado de até dois dias.
O reflexo dessa situação difícil é sentido especialmente pelos 79 pacientes da Santa Casa que estão em tratamento de diálise crônica, sendo que, destes, 36 estão listados, ou em estudo, para entrarem na fila por um rim. Um grande desafio para quem vive diariamente em contato com as famílias dos potenciais doadores à espera pela autorização do processo.

Por Camila Farias – Jornal O Estado

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