Um dos maiores temores do governo Bolsonaro pode se materializar em breve. Os caminhoneiros voltaram a pressionar o Planalto com a ameaça de uma nova greve da categoria. Desta vez, a paralisação viria com o apoio de servidores públicos e de petroleiros, indicando uma convergência entre sindicatos petistas e alguns grupos de caminhoneiros.
Não há consenso dentro da categoria, porém, de que esse é o melhor momento para interromper o fluxo nas estradas brasileiras. O Ministério da Infraestrutura receberá lideranças dos profissionais de transporte na quinta-feira (28) para ouvirem as demandas dos caminhoneiros. O encontro será coordenado pela Frente Permanente dos Transportes, órgão subordinado ao ministro Tarcísio Gomes de Freitas.
A pressão será grande e as reivindicações não são muito diferentes das feitas anteriormente. O piso da tabela do frete calculada pela Escola de Agronomia da USP (Esalq), diz Cadore, está entre 25% e 30% abaixo do custo mínimo. Os empréstimos de 30 mil reais oferecidos pelo BNDES aos transportadores não chega aos autônomos, garante o líder caminhoneiro.
Para outros líderes, o preço do diesel, sem o subsídio dado pelo ex-presidente Temer, voltou aos mesmos patamares observados à época da greve, na última semana de maio do ano passado, o que também é um problema.
Alguns efeitos práticos já podem ser aventados. O primeiro seria a perda do parco crescimento econômico previsto para este ano — menos de 1%. O PIB pode estagnar ou até mesmo retrair a depender do tamanho da paralisação. Além do segundo ser o aumento da pressão inflacionária causada pela escassez de produtos nas grandes metrópoles. E, por fim, o ato serviria de palanque político para Lula. (João Fernandes com VEJA)