Por Méri Oliveira
Mato Grosso do Sul tem talentos em diversas áreas das artes, e uma delas é a das HQs (histórias em quadrinhos), onde Fábio Quill, autor de “Onírica”, “Amálgama” e “A Casa Baís”, entre outras, se destaca e, agora, leva o nome do Estado à CCXP (Comic Con Experience), que será realizada de 1 a 4 de dezembro, no São Paulo Expo, na capital paulistana. A reportagem do jornal O Estado conversou com o quadrinista; confira.
Embora tenha se radicado em MS, Fábio nasceu e cresceu na periferia de São Paulo, em um bairro chamado São Mateus. “Apesar de todos os problemas, a leitura e a invenção de histórias foram importantes para suportar a realidade imposta em locais como aquele. Em outro momento, uma Posse de Hip-Hop chamada D.R.R. também gerou senso de pertencimento e abertura da consciência para possibilidades que não estavam até então ao nosso alcance”, relembra o artista.
Ele continua, nos contando como foi que a arte entrou em sua vida. “Foi pelo graffiti, lá em 1993. Um ano depois tive oportunidade de participar da II Mostra Paulista de Graffiti no MIS-SP (Museu da Imagem e do Som de São Paulo). Foi só em 2011 que voltei a pensar na minha paixão de infância que era os quadrinhos, fui cursar ‘Quadrinhos de Autor’ com o Lourenço Mutarelli e dessa experiência saíram dois contos que publiquei em formato de fanzine.”
Quill conta que em 2014 deu sequência ao trabalho, com mais lançamentos. “Em 2014 lancei a narrativa gráfica ‘Janela da Alma’ seguida de ‘Onírica’ em 2017, ‘Amálgama’ em 2019 e ‘A Casa Baís’ em 2021. Também me dediquei a ministrar cursos e oficinas, sendo em 2020 selecionado pelo Rumos Itaú Cultural com o projeto GIBI MS que selecionou autores do MS para participarem de uma mentoria e que serão publicados em uma coletânea no fim do ano.”
Além disso, indicações para premiações também chegaram ao artista, além de participações em eventos importantes. “Fui indicado ao Prêmio HQ Mix como desenhista revelação e montei a exposição A Casa Baís com originais e todo o processo criativo no Festival América do Sul Pantanal, no Muphan (Museu de História do Pantanal) em Corumbá. Também iniciei um projeto de podcast onde conversamos com artistas visuais sobre seus trabalhos e a vida, gravamos sete episódios que podem ser vistos no canal Risco do YouTube.”
Inspiração
A inspiração para as criações não tem uma fórmula ou uma “receita de bolo”, é tudo muito variável. “É um processo de elaboração, às vezes começa com uma frase, outras com um motivo, um personagem, enfim, é algo que aparece em anotações e reflexões e que vão ganhando corpo à medida que vou trabalhando naquelas ideias. Estou sempre trabalhando ideias, e em algum momento essas ideias podem se tornar algo maior e por consequência virar uma história ou uma pintura”, afirma Fábio.
Sobre seu segmento em Campo Grande e no Estado, o quadrinista afirma que a cena está “em processo de imersão. Existem ótimos criadores que ainda não tiveram a oportunidade de publicar ou que já publicaram e que estão trabalhando para levar seus livros para mais pessoas. Um dos motivos de ter criado o projeto que citei acima, o GIBI MS, para compartilhar o que aprendi até aqui e fortalecer esse cenário que começa a despontar”.
Pandemia
A pandemia afetou também o trabalho de Fábio e, apesar dos altos e baixos, houve bastante produção. “Afetou a todos nós, particularmente eu produzi bastante, mas não deixei de ter meus momentos de desânimo, medo, ansiedade e tensão. A parte financeira também foi abalada, felizmente tivemos a Lei Aldir Blanc que trouxe um pouco de alívio nas perdas financeiras além de terem surgido projetos culturais incríveis por meio desse incentivo.”
CCXP 2022
A CCXP é bastante conhecida e, justamente por isso, concorrida, tanto para os nerds e geeks de plantão como para criadores de conteúdo para este público – geralmente fiel – que precisam passar por um processo de seleção. “A CCXP abre inscrições para artistas todos os anos, a concorrência é grande e é sempre bom estar entre os selecionados, afinal esse é o maior evento de cultura pop da América Latina e uma marca mundial de eventos voltados às áreas de quadrinhos, cinema, literatura e games. Essa é a quarta edição que participo e acho importantíssimo aumentar o público que tem contato com nossas obras”, afirma Quill.
Para o evento, o quadrinista vai levar suas publicações anteriores, “Onírica” e “A Casa Baís”, além de artes originais e pôsteres. “Estamos planejando finalizar a coletânea de autores do MS que mencionei com o apoio do Rumos Itaú Cultural a tempo para disponibilizar para a venda no evento também, além do livro que estou produzido no momento, ‘A Ausente Ordem das Coisas’, projeto incentivado pelo FIC-MS (Fundo de Investimentos Culturais).”
Planos
Fábio tem como plano montar uma exposição na Capital, entre outras coisas. “Quero trazer a exposição A Casa Baís para Campo Grande, lançar os livros que estão em produção e ano que vem ver se ponho um outro projeto para andar que é o ‘HQ MURAL’, onde retrato uma HQ de ‘uma página’ em um muro, unindo o graffiti e história em quadrinhos, já pintei dois murais desse projeto em Campo Grande, um deles incentivado pela Lei Aldir Blanc”, adianta. Além disso, ele ainda pretende gravar a segunda temporada de Risco Podcast, no YouTube, que já está sendo preparada.
Fábio ainda convida a quem quiser acompanhar seus processos a segui-lo no Instagram, onde ele posta todas as etapas. O artista visual pode ser encontrado no Instagram como @fabioquill, e o Risco Podcast pode ser encontrado no YouTube por meio do link: https:// youtube.com/channel/UCLX49sAylZsTOCDqcnb6wIA.
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