Representando além da cultura de seu povo, através da música o indígena Fernando Margarejo apresenta quem é, uma mistura do sertanejo (por si raiz) com as raízes de sua aldeia. No Festival América do Sul, o cantor – que hoje mora em Campo Grande – conversou com o caderno de Artes&Lazer sobre música, vida e arte.
Inserido no mundo musical através do Pai, que ensinou o violão, Fernando conta brincando que: “ele não me ensinou tudo, que o mestre não ensina tudo. Eu tinha uma dupla no começo do ano, por três meses nós fomos e fizemos algo legal, daí ele me abandonou e pensei que era hora de começar sozinho, porquê é menos custo, até nas tomadas de decisões fica mais simples”, revela.
“Sei que é necessário uma segunda voz, mas foi a necessidade que em fez pensar assim. Que se jogar em um porta-malas, eu e o violão, a gente vai embora para onde for. Em dupla fica mais complicado”, aponta o músico, que apresenta ainda em português e guarani a “canção do índio”.
“Profissional eu comecei a pegar lanchonete com 15 anos. Dessa versão da canção do índio, que foi um pastor que traduziu, ela que me ajudou e através da minha rede social alcançou R$6 mil visualizações. Pelo apoio da fundação de cultura eu consegui ir para o festival de Bonito, vir para Corumbá”, explica Fernando.
Em Campo Grande, Fernando Margarejo toca pelos bares da Capital e, através da Fundação de Cultura, tem conseguido apresentar seu trabalho para diferentes povos. “Desde abril estando solo já estive pelo Festival de Bonito; a maioria dos bares de Campo Grande, região Central; fomos para Nioaque. Quero estar inserido na cena e vou trabalhando estrategicamente. Existem alguns lugares por exemplo onde eu não cobro, como quando uns amigos do curso de matemática da Universidade Federal fizeram o convite para tocar na feira de ciências deles. Daí assim, com eles gostando, de lá já conseguimos outro evento”, revela
“Que não é fácil, para um indígena existe aquela ideia do racismo, do bullying, da indiferença… e por você ser reforçado através da Secretaria, com políticas públicas, que é uma porta do governo, aliado ao seu esforço pessoal que você vai conseguir um apoio e não vai caminhar sozinho”, pontua ainda.
Tocando antes pelas nove aldeias da região de Aquidauana, do interior da aldeia a música levou Fernando para Campo Grande e, segundo o artista: “quando eu fui para a Capital me falaram: ‘como tu é do interior aproveita e manda um modão’. E eu achei que seria o contrário, que teria que me adaptar à uma evolução musical, e em cada lugar que eu ia, pediam os modões da cidade de Aquidauana”, revela.
“A tecnologia tem ajudado muito, sabe? Que ela é usada também para estar reforçando toda essa uma identidade cultural, que a gente vem tentando mostrar através da música. E isso me dá força. Isso, para mim, tem se dado devido ao apoio de Governo, através da subsecretaria que tem dado espaço, se não eu não estaria aqui”, finaliza.
Você encontra o trabalho do músico através da rede social, no facebook como Fernando Margarejo.
(Texto: Léo Ribeiro)